Capítulo 7

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Eu já estava no limite da irritação, andando de um lado para o outro no meio da sala. O relógio marcava seis e quinze, e Penelope e Eloise ainda não haviam aparecido. Não havia nada que me incomodava mais do que esperar, especialmente quando eu estava pronto, contando cada segundo passar. O silêncio da casa, interrompido apenas pelo som de meus passos, só fazia a impaciência crescer. Mais cinco minutos se passaram, cada um deles pesando sobre meus ombros, quando finalmente ouvi o som familiar das risadas delas ecoando pela escada.

Com um suspiro de alívio — e talvez um pouco de frustração — me dirigi até a porta, preparado para lançar um comentário sarcástico sobre a pontualidade delas. Mas quando me virei, toda a irritação que eu sentia evaporou. Eloise falava algo, a voz ainda carregada de diversão, mas eu mal conseguia escutá-la.

Meu olhar se prendeu em Penelope, e, por um momento, perdi completamente a capacidade de raciocinar ou de articular palavras.

Nada, absolutamente nada, me preparou para vê-la daquele jeito. Ela definitivamente não era mais a garotinha tímida e irritantemente fofa que eu conhecia. O cabelo, parcialmente preso por um laço delicado, caía em ondas suaves que moldavam seu rosto, enquanto a franja, dividida ao meio, emoldurava sua testa com elegância, conferindo-lhe uma aparência ao mesmo tempo delicada e confiante. A maquiagem, sutil e bem aplicada, realçava sua beleza natural; uma camada de rímel destacava seus olhos de um azul límpido, profundos e hipnotizantes, os mesmos olhos que, por tantos anos, me transportaram para um lugar de conforto e familiaridade. Seus lábios, cheios e convidativos, estavam tingidos com um tom de rosa quase nude, sugerindo uma fragilidade que contrastava com a força que emanava dela.

Eu a observei, sem a menor intenção de disfarçar. Meu olhar desceu por seu corpo, como se eu quisesse memorizar algo inalcançável. Cada curva, cada detalhe, me desestabilizou de uma maneira que eu não esperava. O suéter de tricô grosso em um amarelo mostarda era uma escolha improvável, mas de algum modo combinava perfeitamente com ela. No entanto, o que realmente me desarmou foi a saia godê preta. Apesar de estar usando uma meia-calça peluciada, o comprimento da saia — apenas dois dedos acima do joelho — era perturbador. Não era vulgar, mas o suficiente para que o vislumbre das suas pernas grossas me atingisse em cheio, provocando uma mistura de admiração e desejo.

A combinação com as botas chelsea tratoradas dava a ela um ar incrivelmente sexy, uma imagem que me deixava sem palavras. Naquele instante, percebi que a Penelope que eu conhecia havia se transformado em uma mulher que exalava confiança e sensualidade.

Preto definitivamente é a cor dela, pensei, amaldiçoando-me internamente por não conseguir ignorar o efeito hipnotizante que ela tinha sobre mim. O amarelo do suéter contrastava perfeitamente com as peças pretas, destacando seu visual de uma forma incrível que me mantinha preso àquela cena. Eu não conseguia desviar os olhos, como se cada detalhe dela estivesse pintado em um quadro, esperando para ser admirado.

— Acho melhor pegar um babador — Eloise debochou, rindo alto e quebrando o encantamento, trazendo-me de volta à realidade.

A resposta que eu planejava dar ficou presa na garganta, sufocada pela confusão de sentimentos que se aglomeravam dentro de mim. O que eu poderia dizer a Penelope? O quanto eu realmente havia sentido sua falta? Talvez eu devesse, mas em vez disso, decidi agir da maneira mais idiota possível.

— Pela demora, achei que se esforçariam um pouco mais — provoquei, tentando esconder a vulnerabilidade por trás da ironia.

Eloise adotou uma expressão indignada, sua sobrancelha levantada em uma mistura de surpresa e reprovação, enquanto as bochechas de Penelope adquiriram um tom vermelho intenso, visivelmente constrangida.

Game Changer: Love Edition • PolinOnde histórias criam vida. Descubra agora