DEVOÇÃO • Agathario

Um novo começo

Oioi, demorei mas voltei.
Tô pensando em começar outra fic mas não se preocupem, só vou iniciar ela quando essa aqui acabar(e isso tá mais próximo do que vocês imaginam).

Boa leitura!

...

O sol já estava alto no céu quando Ágatha se sentou na sala principal, a mesa à sua frente coberta de pastas e documentos que Rio havia lhe dado no dia anterior. O silêncio era quebrado apenas pelo som suave das páginas sendo folheadas, enquanto Harkness analisava cada detalhe meticulosamente. As anotações, as fotos, os relatórios... tudo revelava o funcionamento interno da facção que ela havia começado a investigar tempos atrás, antes de ser sequestrada. Agora, finalmente, ela tinha as peças que faltavam.

Estar envolvida diretamente naquele caso, de uma maneira tão profunda, trazia uma sensação de propósito que Ágatha não sentia há algum tempo. Apesar de toda a confusão emocional que a presença de Rio causava, seu lado profissional estava mais ativo do que nunca. Pela primeira vez desde que fora trazida para aquela ilha, ela não se sentia uma prisioneira. Pelo contrário, ela agora estava envolvida, estava dentro da trama. E, usando sua experiência como detetive, sabia que poderia fazer a diferença.

Seus dedos deslizavam sobre um dos arquivos mais recentes, uma série de relatórios de portos clandestinos usados pela facção para transportar as vítimas. O padrão estava claro. Havia um ciclo, um movimento repetido de mercadorias e pessoas. Seu olhar se estreitou, traçando mentalmente as rotas. Se ela estivesse certa, poderiam antecipar o próximo embarque, talvez até interceptá-lo.

Ela suspirou, passando uma mão pelos cabelos enquanto se recostava na cadeira. O tempo na faculdade, os anos de trabalho na delegacia, tudo aquilo agora tinha um novo significado. O peso da responsabilidade era imenso, mas Ágatha estava acostumada com a pressão. Era como se, de repente, todas as peças da sua vida tivessem se encaixado.

Rio havia saído cedo, como de costume, e estava na cabana onde a operação principal acontecia. Ágatha sabia que Vidal confiava plenamente na sua equipe, mas estar envolvida diretamente naquele esquema de vigilância a fazia sentir que, pela primeira vez, estavam realmente trabalhando juntas. Ela podia ajudar a resolver aquilo, a desmontar a facção de uma vez por todas. Isso também a aproximava de Rio de uma maneira inesperada — como se ambas fossem partes de uma missão maior, uma luta comum que transcendia o caos de suas vidas pessoais.

Ainda assim, uma pergunta continuava a ecoar em sua mente: até onde iria sua lealdade a Rio?

Harkness balançou a cabeça, afastando aqueles pensamentos. Não era hora para dúvidas. Ela se concentrou novamente nos documentos, seu olhar atento captando detalhes que talvez outras pessoas não perceberiam. Números em certas faturas de carga não batiam, um código estranho aparecia repetidamente em diferentes relatórios. Era uma pista. Ela fez uma anotação mental, já planejando o que dizer a Rio quando a visse mais tarde.

As horas se passaram rapidamente enquanto ela mergulhava mais fundo nos arquivos. Cada página virada revelava uma nova camada da operação sombria da facção. Aquele símbolo — o círculo com a serpente — aparecia com mais frequência do que ela gostaria. Agora, com o conhecimento dos portos e as rotas de transporte, Ágatha sentia que estava mais perto de uma verdade desconfortável.

O som suave da porta da frente se abrindo a tirou de seus pensamentos. Ela ergueu os olhos, esperando que fosse Vidal, mas era um dos seguranças da ilha, um homem alto e sério. Ele se aproximou devagar, claramente respeitando a concentração de aggie.

— Senhora Harkness, a senhorita Vidal pediu que lhe avisasse que estará ocupada na cabana até o final da tarde. Se precisar de algo, estarei por perto — disse ele, com um leve aceno de cabeça.