2 - Primeiras Impressões

150 22 1
                                    


"Ela parece tão fofa quando tenta disfarçar..."

O sol de Bangkok já entrava pelas cortinas quando Yoko acordou, esticando-se na cama preguiçosamente. A ansiedade pelo primeiro dia de aula se misturava ao cansaço. Ela se sentou na cama, olhando em volta do quarto, ainda meio grogue. Marissa e Ice já estavam acordadas — ela podia ouvir risadas vindas da cozinha.

Depois de se arrumar rapidamente, Yoko desceu as escadas, encontrando as duas amigas sentadas à mesa. Ice mexia no celular, enquanto Marissa passava manteiga em uma torrada.

— Finalmente, a dorminhoca aparece — disse Marissa, rindo enquanto tomava um gole de café.

— Deve ter sonhado com a Faye, não é? — Ice provocou, sem tirar os olhos do celular.

Yoko pegou uma torrada e mordeu, tentando não dar muita atenção. Elas estavam pegando no pé dela desde o encontro no café, onde Marissa fez questão de notar como Yoko e Faye ficaram trocando olhares o tempo todo.

— Vocês precisam de novos passatempos, disse Yoko, revirando os olhos.

Marissa balançou a cabeça, rindo ainda mais.

— Ah, para com isso. Você estava praticamente babando nela, Yoko.

Yoko jogou um olhar para a amiga, mas por dentro sentia aquele frio na barriga que sempre surgia quando pensava em Faye. Desde que a conhecera, algo nela a deixava desconcertada. O jeito tímido, mas ao mesmo tempo cativante, e a forma como os olhos de Faye brilhavam quando falava... Yoko tentava não pensar muito, mas era difícil.

— Eu só acho ela interessante, tá bom? Não é nada demais.

Ice arqueou a sobrancelha, sorrindo.

— Interessante? Tá bom, né? Vamos ver como vai ser hoje, então.

Com o café da manhã terminado e as provocações ainda ecoando na mente, Yoko pegou sua mochila e saiu de casa com Marissa, caminhando juntas até a faculdade. Chegando lá, cada uma seguiu para sua respectiva sala, mas Yoko não pôde deixar de sentir um nervosismo crescente ao pensar que veria Faye de novo.

Ao entrar na sala de aula, notou que quase todas as amigas tinham caído em outras turmas. Exceto Faye. Ela estava lá, sentada no fundo da sala, mexendo distraidamente no celular. Yoko sentiu o coração bater mais rápido, mas se forçou a andar com calma até o fundo da sala e sentar-se ao lado dela.

— Oi, disse, tentando soar despreocupada.

Faye levantou os olhos, um pouco surpresa, e sorriu.

— Oi... você caiu nessa sala também?

— Parece que sim, respondeu Yoko, observando como Faye ajeitava o cabelo, ainda meio tímida.

Faye parecia mais à vontade do que no dia anterior, mas Yoko notou que ela ainda estava um pouco nervosa. Talvez fosse o ambiente novo, talvez fosse apenas o jeito dela. Elas ficaram em silêncio por alguns minutos enquanto a aula começava, mas Yoko quebrou o gelo logo em seguida.

— Tá achando a matéria complicada? — perguntou, inclinando-se um pouco para perto.

— Um pouco, mas acho que consigo acompanhar... e você? — Faye respondeu, olhando para Yoko com curiosidade.

— Eu tô de boa. Se precisar de ajuda, pode contar comigo.

Faye sorriu, visivelmente aliviada.

A aula seguiu e, aos poucos, as duas começaram a conversar mais, trocando impressões sobre os professores, o curso, e comentando sobre o encontro no café no dia anterior. O jeito de Faye se soltando deixava Yoko mais confortável, e as duas estavam claramente criando uma conexão. Quando o professor anunciou um trabalho em dupla, o agito na sala começou. Todo mundo parecia formar suas parcerias rapidamente, e Faye e Yoko se entreolharam, percebendo que eram as únicas que sobraram.

— Acho que a gente vai ter que fazer juntas, disse Yoko, rindo.

Faye sorriu de volta.

— Parece que sim... você se importa?

— Claro que não, vai ser divertido.

Com o trabalho decidido, elas passaram o restante da aula discutindo o tema. Após uma breve troca de ideias, escolheram fazer sobre cultura tailandesa e arte contemporânea. Faye parecia mais relaxada, e Yoko gostou de ver essa versão mais solta dela.

— Então, onde a gente vai fazer o trabalho? perguntou Yoko, guardando os livros.

— Pode ser lá em casa, se você quiser, sugeriu Faye, um pouco hesitante.

— Fechado. Me manda o endereço depois, respondeu Yoko, satisfeita com a decisão.

Quando o sinal tocou, indicando o intervalo, Yoko e Faye saíram da sala juntas. No pátio, elas encontraram Marissa e Ice, que estavam rindo e conversando com Charlote. Yoko sentiu o olhar provocador de Marissa assim que elas se aproximaram.

— E aí, como foi o trabalho em dupla? — Marissa perguntou, com um sorrisinho de quem já sabia a resposta.

Yoko tentou não dar muita atenção, mas Ice e Charlote já estavam com os olhares prontos para zoar.

— Aposto que vai ser o trabalho mais "intenso" que a Yoko já fez — disse Charlote, fazendo aspas no ar com os dedos.

Yoko bufou, revirando os olhos.

— Vocês duas, sério, precisam arranjar um hobby novo. A gente só vai fazer um trabalho, nada demais.

Faye, ao lado, parecia mais tímida, não sabendo muito bem como reagir às brincadeiras, mas sorriu, claramente sem jeito.

Marissa riu.

— Claro, claro... a gente acredita.

Enquanto o grupo conversava, Yoko percebeu que Faye se afastava um pouco, talvez para dar espaço à amizade já formada entre as outras meninas. Ela sentiu uma pontada de culpa, mas não queria forçar Faye a entrar nesse clima de zoação tão cedo.

— Ei, Faye, não liga pra elas, disse Yoko, dando uma leve batida no ombro da amiga.

Faye sorriu de volta, ainda tímida, mas grata pela consideração.

No final do intervalo, Yoko sentia que o dia estava sendo melhor do que esperava. As provocações das amigas eram de praxe, mas ela notou algo diferente em si mesma. O jeito que Faye interagia, tão discreto, tão sensível, mexia com ela mais do que gostaria de admitir.

Quando as aulas terminaram e elas voltavam para casa, Yoko mandou uma mensagem para Marissa, que já tinha saído mais cedo.

— Ok, talvez eu tenha me impressionado com a Faye. Só um pouquinho.

Ela riu consigo mesma ao enviar a mensagem, sabendo que Marissa a provocaria ainda mais quando visse aquilo. Mas, no fundo, Yoko sabia que estava começando a gostar mais de Faye do que imaginava.

E isso a assustava mais do que ela gostaria de admitir.

---


Amor Proibido Onde histórias criam vida. Descubra agora