Aquele demônio novamente está se aproximando de mim com seu terno cinza, abotoaduras de diamante, e como sempre segurando aquele colar dourado com um pingente de rubi em formato de uma rosa.
Eu não deveria ter medo, porque apesar de meu nome remeter a seres celestiais, não poderia ser tão diferente. Alguns dizem, que sou o próprio Satã, mal eles sabem que um demoniozinho me dá tantos calafrios.
- Fique longe de mim! - eu vocifero. Mas de nada adianta, porque a cada vez ele chega mais perto. Até que sinto o seu hálito com cheiro do próprio enxofre do inferno perto do meu rosto.
Acordo mais uma vez em meu quarto, com meu coração descompassado e os lençóis caros totalmente encharcados com meu suor. Desde que me lembro da minha existência, tenho o mesmo sonho, nunca entendi o motivo, mas todas as noites é com esse mesmo demônio que eu sonho. Talvez algum dia eu descubra o que esse bendito pesadelo significa.
Levanto-me e me direciono ao meu banheiro, tomo um banho, visto as minhas roupas pretas como sempre, e não posso deixar de colocar a jaqueta de couro preta também. Meu guarda-roupas e todo meu quarto são compostos basicamente por tonalidades de preto. Afinal, já que eles me chamam de Satã, tenho que entrar no personagem. E que outra cor o diabo poderia usar?
Recebo uma mensagem de meu irmão gêmeo Alessandro, que é mais velho por alguns minutos, avisando que me deixou um presentinho em meu galpão de tortura particular. Nesse mesmo instante meus lábios se curvam em um sorriso diabólico, pois, sei que hoje o dia será, no mínimo, divertido.
Saio do meu quarto, passo pela cozinha apenas para pegar um sanduíche que a governanta Melissa, deixa preparado todas as manhãs. Vou até à garagem, pego minha Harley-Davidson, coloco o capacete e pego o trajeto que vai até meu galpão particular, que fica nos limites do lado norte de Nova York.
Ao chegar lá, Antônio, meu irmão mais novo, está na porta me esperando. Apesar de não sermos irmãos de sangue, eu, ele e Alessandro nos amamos da mesma forma e morreríamos um pelos outros. Antônio me dá um aceno de cabeça e me entrega uma pasta, nela está todo o dossiê sobre o homem, que Alessandro me deixou de presente. Ao adentrar o galpão, vejo que ele está sentado no centro do recinto em uma cadeira e amarrado. Sorrio já com minha cabeça trabalhando em como posso testar novas ideias de tortura.
- Ele era um dos nossos soldados, e estava passando informações sobre o carregamento das armas para uma gangue que faz parte da máfia do sul. Espero que você se divirta bastante com ele. - Antônio expressa.
- Você sabe que aqui é meu playground particular, e não posso deixar de ter o máximo proveito dos meus brinquedinhos. - Sorrio como uma criança que acabou de chegar em seu porquinho favorito.
- Vou te deixar com ele e continuar o carregamento das armas, te vejo mais tarde no jantar. - e assim Antônio sai.
Para a máfia, a cidade de Nova York é dividida em duas partes: o lado sul e o lado norte. O lado sul é comandado pela Família Esposito e pelos membros de seu conselho. Na verdade a família Esposito é composta mesmo apenas por Fillipo Esposito, este é só um viúvo e sem herdeiros que possa assumir sua posição algum dia. Talvez seja por esse motivo, que de alguma forma sinto certa empatia por ele. Chega até a ser piada para alguém como eu.
Filippo tem uma postura que demonstra muita imponência, e é sempre notável onde chega. Mas, apesar disso, nunca vi outra expressão no rosto sem ser tristeza ou raiva.
E o lado norte é comandado pelo meu pai adotivo, Vincenzo Bianchi. Com sua postura que também é imponente, mas que ao invés de tristeza e raiva, demonstra crueldade fazendo com que ninguém além de seu inimigo lhe enfrente.
Ele é casado com Sara Bianchi, uma das mulheres mais gentis e fortes que já conheci. Sara é minha mãe adotiva, mas sempre tratou eu e meu irmão gêmeo Alessandro como seus filhos de sangue.
Vincenzo possui 3 herdeiros, e junto com nosso pai, cuidamos da máfia do norte. Eu, Ângelo Bianchi, tenho 26 anos, cuido da parte de comandar os soldados treiná-los e o que eu mais gosto, da tortura. Posso dizer que sou um mestre nesse último quesito, e como um bom mestre, sempre procuro novas formas de ser criativo na minha forma de arte favorita.
Meu irmão gêmeo Alessandro, é alguns minutos mais velho que eu. Apesar de gêmeos, temos algumas diferenças físicas e na personalidade também. Eu possuo 1,97 de altura, cabelos negros e maiores, olhos verdes e mais músculos que ele, e na personalidade, eu gosto de usar sempre tons de preto, jaquetas, calca jeans e coturnos.
Além disso, meu humor é mais diabólico, com piadas muitas vezes ácidas e de mau tom. Já meu irmão mais velho, possui 1,89 de altura, cabelos negros também, mas mais curtos, que estão sempre penteados e em seu devido lugar. Ele também possui olhos azuis, e um pouco menos de músculos.
Seu guarda-roupa é feito basicamente de ternos bem alinhados em tons de cinza e branco. Sua personalidade é de alguém sério, que nunca perde o controle ou se exalta. Ele tem que ser assim, pois um dia irá assumir a cadeira de nosso pai, como líder da máfia do Norte de Nova York. Entretanto, enquanto ele não assume esse posto, trabalha na organização e administração da máfia.
Nosso irmão mais novo, Antônio Bianchi, tem 25 anos, possui cabelos e os olhos da cor do mel, tem 1,90 de altura, seu porte físico é parecido com o de Alessandro, mas as semelhanças param por aí. Antônio sempre foi o brincalhão e bem-humorado da família, talvez se deva pelo fato de ser o filho mais novo e por ter reivindicado a posição de assumir o lugar de nosso pai para Alessandro.
Olhando para o convidado no meio do galpão, me direciono até a mesa que deixo minhas ferramentas especiais, e vejo que o homem me olha com pavor, isso me faz sorrir mais ainda. - Hora nos entretermos! - digo por fim, antes de começar o show.
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Entre a Máfia e os Segredos
Short StoryPara minha mãe eu seria uma freira, mas onde já se viu uma freira tendo o temperamento explosivo de uma colombiana e com tanto fogo embaixo do hábito. Com 7 anos, minha mãe disse que iria me mandar para o convento para que eu me tornasse freira, poi...