Capítulo 5 - Alessandro Bianchi

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Minha cabeça parece prestes a explodir. De alguma forma, meu pai descobriu que o lado sul estava a um passo de roubar nossas cargas. Ele como o grande Vincenzo, que não aceita menos que a perfeição, já passou pelo meu escritório fazendo questão de jogar na minha cara aos berros que nada igual a isso chegou pelo menos perto de acontecer com ele e sua gestão, e que não me acha suficiente para ocupar sua cadeira um dia.

Isso sempre foi evidente nas entrelinhas, meu pai nunca quis que eu ou Ângelo assumíssemos seu lugar. Para ele Antônio, nosso irmão mais novo estaria nesta posição. Mas para sua frustração, Antônio desde o início deixou bem claro que ele não iria assumir este papel, que o direito é todo meu, por ser o irmão mais velho. Mesmo que eu e Ângelo não tenhamos o mesmo sangue que Antônio, ele nunca nos considerou menos que irmãos, e entre nós há o máximo respeito. Pena que nosso pai não pense da mesma forma.

Eu e Ângelo fomos adotados por Vincenzo e Sara Bianchi quando tínhamos 5 anos. Não me lembro de quase nada daquela época, mas de acordo com minha mãe adotiva, éramos filhos de um casal de soldados pessoais de meu pai adotivo. Eles adoeceram e pediram para Vincenzo nos cuidar. Isso porque, não tínhamos outros parentes vivos. Vincenzo aceitou o fardo e nos trouxe para a mansão Bianchi. Aqui Sara sempre nos tratou e amou como uma verdadeira mãe, e com Antônio, já nos demos bem logo de cara. Já com Vincenzo, a relação conosco sempre foi um tanto conflituosa.

Após o encontro nada amistoso com meu pai em meu escritório, olhei no relógio e já se passavam de cinco da tarde. Decidi descer até a cozinha e pegar algo para comer, já que depois do esporro acabei não descendo para almoçar. Ao chegar na porta da cozinha, encontro uma mulher de cabelos longos, ondulados e negros como a noite sentada a mesa de costas para mim. Imaginei que não notaria minha presença tão fácil, já que ando sempre de forma silenciosa e sorrateira. Como futuro líder da máfia do norte, tenho que sempre ter o elemento surpresa ao meu lado.

Mas, assim que dou o primeiro passo para dentro da cozinha ela se vira, e não de uma forma como um susto ou surpresa, mas sim com algo parecido com tranquilidade e curiosidade, talvez. Entretanto, não tinha certeza se esses eram de fato os sentimentos da garota. Sempre fui muito bom em ler as pessoas assim que colocava os olhos nelas. Até agora, por algum motivo não consigo decifrá-la, isso me desperta certo interesse.

Decidi quebrar aquele silêncio estranho que se instaurou no recinto e me apresentei:

- Olá, boa tarde, muito prazer, sou Alessandro Bianchi. - Estendi minha mão para apertar a sua em um cumprimento. Ela estendeu a sua, se unindo com a minha e respondeu:

- Oi, boa tarde, prazer. Sou Diana Espinosa, a nova cozinheira.

Não pude deixar de notar, que apesar de seu rosto apresentar traços delicados, seu corpo era bem desenhado, com pernas torneadas. Ao segurar suas mãos, percebi que haviam alguns calos., o que poderiam demonstrar que talvez ela não fosse tão delicada assim. Saindo de meus pensamentos, soltei a mão da garota, prossegui com a conversa, tentando colher mais informações sobre Diana.

- Espinosa? Você por acaso tinha algum parentesco com Dora e Oscar Espinosa? - indaguei.

Neste instante, notei certa tristeza em seu olhar, me respondendo apenas com uma frase: - Eram meus pais.

- Sinto muito. - apresentei minhas condolências e continuei. - Não sabia que eles tinham filhos.

- Filha, apenas eu. Com 7 anos minha mãe me mandou para um convento. Retornei apenas agora, devido ao falecimento deles. - ela me respondeu esclarecendo, mas por algum motivo essa explicação me pareceu estranha.

- Entendo. Mas de qualquer forma, seja bem-vinda a mansão e se sinta à vontade para andar por aí e conhecer melhor o terreno. Acredito que ainda não tenha percorrido todo o espaço. - digo

- Melissa me apresentou alguns lugares, mas acho que não vi nem metade ainda. Em meus horários vagos, vou aproveitar para conhecer tudo. - Diana fala.

- Agora preciso me retirar, pois tenho negócios a resolver. Passei apenas para pegar algo para comer, mas foi um prazer te conhecer. Até mais. - Me despeço enquanto pego um sanduíche na geladeira.

- Até. - Ela se despede. Me retiro da cozinha. Não posso deixar de admitir que algo em Diana me despertou interesse, que geralmente não tinha com outras pessoas. Não só pelo fato de sua beleza, que é estonteante, mas algo em seu jeito me fez despertar curiosidade.

Entre a Máfia e os SegredosOnde histórias criam vida. Descubra agora