Capítulo 4 - Diana Espinosa

3 0 0
                                    

Chego à frente da mansão Bianchi logo após a hora do almoço. Há poucas horas, houve o velório dos meus pais, e lá mesmo no cemitério, conheci a senhora Melissa que é a governanta da mansão. Ela se demonstrou uma mulher gentil, e apesar de aparentar ter mais de 50 anos, é muito bonita, com os cabelos ruivos, já apresentando alguns fios grisalhos e olhos azuis.

Conversei com ela sobre meus pais, onde ela me relatou que gostava muito deles e que sentia muito pela morte de ambos, eu agradeci as condolências e disse que gostaria de assumir o cargo que minha mãe ocupava anteriormente, porque assim eu poderia me sentir mais próxima deles, vivendo no lugar em que eles moraram por dezessete anos, já que fiquei tantos anos longe deles.

A verdade é que eu teria que esconder que sou treinada para ser um soldado e me disfarçar como cozinheira para que caso eu precisasse agir ou me defender. Teria o fator surpresa ao meu favor já que apenas meu pai e minha tia sabiam que eu não estava realmente em um convento.

Quando fui para casa de Ramona, até completar dezoito anos, continuei treinando apenas com minha tia, mas já estava a par de tudo que acontecia na máfia, e percebi que precisava de mais. Por isso, comecei a frequentar um clube que sabia que pertencia a uma gangue do lado norte de Nova York, onde eu poderia aprimorar minhas técnicas de luta. Lá conheci Tyler, já que era o líder do lugar e depois de um tempo, nos envolvemos.

Comecei a prestar serviços para gangue executando inimigos, mas depois, fiquei apenas pequenas coisas como, piloto para fugas. Vez ou outra entrávamos em embates com inimigos e eu podia realmente entrar em ação, em trocas de tiros ou, raramente, em lutas corporais. Entrar para gangue só fez com que eu melhorasse meus métodos como assassina.

Melissa, como ela me pediu que a chamasse, disse que me ajudaria em tudo que eu precisasse e que conversaria com seu patrão para que eu ocupasse o cargo que antes era de minha mãe. Agora aqui, na entrada da residência acompanhada da governanta, analiso a mansão, ela é o que se espera de uma residência de um homem com tanto poder quanto Vincenzo Bianchi.

É uma casa que segue o estilo neoclássico, com pé direito alto, de cor bege clara e com colunas bem trabalhadas. Demoro alguns segundos parada no mesmo lugar e hipnotizada com a construção, quando a voz de Melissa me tira do devaneio:

- Vamos Diana, tenho que conversar com o Sr. Vincenzo, antes do horário do café da tarde.

- Estou indo. - respondo me apressando para acompanhar a governanta.

Ao adentrar a mansão, passamos pelo hall de entrada, sala de estar e jantar, prosseguindo, ao chegar na cozinha Melissa indica para que eu me sentasse à mesa, me servindo uma xícara de chá de hortelã. Após isso, ela me pede para aguardar ali, pois iria conversar com o Sr. Bianchi, para me apresentar e me indicar uma vaga de emprego na casa.

Continuo sentada, no mesmo lugar, como a governanta havia me pedido e começo a refletir sobre todo esse tempo que fiquei longe dos meus pais. Em que conversávamos apenas por ligações duas vezes na semana, e o sofrimento do luto começa a pairar sobre mim. Rapidamente faço esses pensamentos desaparecem, porque sei que não tenho tempo para isso. Pois o prazo que eu estaria deitada em posição fetal em algum canto, sofrendo pelo luto, posso melhor aproveitar esse tempo e descobrir o que aconteceu com minha família.

Depois de alguns minutos a governanta retorna com um sorriso de compaixão no rosto e informa que eu devo me dirigir até o escritório de seu patrão, que já me espera. Ela me acompanha até a porta do escritório que está fechada, acenando com a cabeça com um aviso silencioso que está se retirando. Bato a porta e ouço uma voz de um homem de meia idade me mandando entrar.

Ao adentrar o escritório me deparo com um homem que deve ter por volta de 50 anos sentado à cadeira. Ele possui os cabelos escuros, olhos dourados e deve ter por volta de 1,90 de altura. Ao olhar para ele, tenho a sensação que estou sendo acuada e me encolho na cadeira em que ele me indica para se sentar.

Antes que eu diga boa tarde, ou qualquer outra saudação, ele toma a frente e diz:

- Então você é a filha dos Espinosa. Isso é interessante, seus pais já haviam comentado que tinham uma filha que estava no convento, mas não que era tão bonita. -

Na mesma hora em que ele fecha a boca, meu estômago revira com sua fala nojenta, e eu me limito a dizer de forma seca e dura. - Sim, sou a filha de Dora e Oscar Espinosa. Vim até aqui para conseguir um emprego como cozinheira, mas caso não tenha a vaga vou me retirar.

No mesmo instante ele abre um sorriso perverso e ao mesmo tempo sarcástico no rosto e responde: - Tudo bem, não precisa ficar arisca. Como bem sabe sua mãe era a cozinheira e como o cargo dela está vago, você pode ocupá-lo. Já que você é filha de Dora, espero que tenha herdado seus dotes culinários, por isso não pedirei referências. A questão da estadia, você pode morar na casa em que seus pais moravam que há aqui no terreno mesmo. E sobre o salário, posso pagar o mesmo que sua mãe recebia, acho que você apreciará o valor.

Engulo toda a raiva que sinto nesse momento, após esse homem falar tantas coisas insensíveis e nojentas, pois tenho que manter meu foco nos meus pais. Digo por fim:

- Quando posso começar?

- Pode começar agora mesmo. Você pode ir acompanhada de meu motorista até onde você está hospedada para buscar suas coisas. Após que estiver acomodada, Melissa irá repassar para você suas funções, informações e horários da casa. - ele conclui.

- Agradeço a oportunidade. Vou me retirar para buscar minhas coisas e começar a organizá-las. - digo a contragosto, pois o que realmente gostaria de lhe dizer não é nada educado. Saio do escritório e encontro o motorista, que agora sei que se chama Peter. E o mesmo me acompanha até o hotel que estou hospedada, durante o trajeto só consigo pensar em meus pais e como eu queria que eles ainda estivessem aqui comigo.

Entre a Máfia e os SegredosOnde histórias criam vida. Descubra agora