Capítulo 2 - Conexão

69 10 17
                                    




O carro deixou o estacionamento e ela continuou calada, parecendo se resignar com sua atitude arrogante e dominadora.

— Preciso do seu endereço. — Bill falou saindo da rua do clube e se misturando ao tráfego da autoestrada.

Mel lhe passou o endereço e fechou os olhos, se aconchegando dentro de sua jaqueta de um jeito muito sensual e íntimo, o que o fazia imaginar que a tocava de alguma maneira. Porém, logo ficou muito quieta, o que não era bom.

Bill estendeu uma mão e a tocou levemente no ombro, lhe sacudindo com delicadeza. Ela o olhou, mas não afastou sua mão, ou recuou seu toque.

— Você não pode dormir. — ele avisou.

— Não estava dormindo. — ela retrucou em sua adorável teimosia, erguendo a mão e tocando na nuca. — Acho que bati a cabeça quando caí. — falou mais para si mesma.

— Você está sangrando? — Bill perguntou quando ela retirou a mão e verificou os próprios dedos.

— Não. É só um galo.

— Posso te levar ao hospital. — ele se ofereceu.

— Não gosto de hospitais. — ela respondeu olhando para o lado de fora.

Ela ficou muito quieta, mas dessa vez não se preocupou, pois podia perceber que estava bem desperta.

Pelas roupas, unhas e cabelos bem cuidados, pele sedosa e perfeita, devia ser uma mulher vaidosa. Seria algo natural, mesmo que não fosse tão bonita. Mesmo assim, nenhuma vez tentou verificar qual aparência tinha com aquele olho já arroxeando.

E isso lhe intrigou.

— Não sei seu nome. — disse para quebrar o silêncio.

— Mel. — ela falou se virando pra ele.

O cabelo cobria parte de seu olho machucado. A pouca luz no veículo se tornava difícil perceber que estava ferida, o que destacava o lado bom, em especial, seus olhos intensamente verdes escuros, como uma joia jade.

— Bill. — ele se apresentou.

— Eu sei. — ela deixou escapar lhe encarando. Bill sentiu que ela lhe olhava profundamente e com uma certa familiaridade.

— Já nos conhecemos? — ele perguntou.

Ela riu baixinho, não com humor, mas para si mesma, nada parecendo com a mulher assustada que ajudou no estacionamento. O som de seu riso parecia uma carícia e o atingiu bem entre as pernas. Ele agradeceu que estivesse com o corpo nas sombras do carro, e ela não percebesse sua ereção dando um alô.

— Essa cantada é velha. — Mel soltou encostando a cabeça no banco, observando a estrada. — Já deve ter me visto no club, acredito. Estou ali há algum tempo, portanto já nos conhecemos de alguma maneira, Sr. Kaulitz. — falou com um pouco de sarcasmo na voz, lamentando que ele não a tinha notado antes.

Bill achou estranho, porque verdadeiramente não se lembrava dela no club.

"Não teria deixado de perceber uma mulher como ela, ou teria?", pensou...E a sombra do reconhecimento persistiu, com a sensação de algo antigo, borrado e impreciso. Não era como se ele realmente a conhecesse, mas desconfiava que já se esbarraram em algum ponto nebuloso do passado.

— Não falo do club. — ele murmurou.

Bill estreitou os olhos, pois a ideia de que a conhecia de algum lugar, parecia muito certa. Ele demonstrava o esforço que fazia para se lembrar de onde, ou melhor, quando.

— Acho que não. — ela falou despreocupada.

Depois girou em sua direção, alcançando com a mão o retrovisor e virando pra ela, um pouco mais próxima a ele. Bill conseguia sentir seu calor e a fragrância floral sutil de seu perfume, muito consciente dela fisicamente, para que continuasse a pensar no assunto sobre conhecê-la ou não.

RISCOS DA PAIXÃO | BILL KAULITZOnde histórias criam vida. Descubra agora