cp2 enfrentando a tempestade

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Akira saiu da banheira, o corpo ainda encharcado e a mente turva. A água fria não conseguia afastar o peso que se acumulava em seu peito. Cada gota que escorria de sua pele parecia carregar com ela uma parte de sua dor. Ao se olhar no espelho, viu uma expressão de desespero e confusão. A imagem refletida era de uma mulher que ainda não conseguia aceitar o que havia perdido.

Sentou-se na cama, envolta em um silêncio ensurdecedor. O som do mundo lá fora parecia distante, como se estivesse vivendo em uma bolha. Lembranças de momentos felizes invadiam sua mente, mas eram rapidamente seguidas por flashes da traição e da separação. As risadas se tornaram ecos de um tempo que parecia tão distante.

Akira sabia que não poderia escapar da realidade. Em vez disso, decidiu confrontá-la de frente. Pegou seu diário, um lugar onde sempre registrara seus pensamentos mais profundos. Com a caneta na mão, começou a escrever sobre a dor que a consumia — cada lágrima derramada, cada noite sem dormir, cada sentimento de traição. Escrever era sua forma de libertação, mesmo que temporária.

À medida que as palavras fluíam no papel, Akira sentiu um misto de alívio e tristeza. Ela estava expondo suas feridas mais profundas, mas também reconhecendo que precisava lidar com elas para seguir em frente. Não havia jardim florido ou promessas de felicidade imediata; havia apenas a crueza da verdade e a necessidade de enfrentar seu próprio coração.

Depois de algumas horas escrevendo, exausta emocionalmente, Akira decidiu sair para o ar fresco. O céu estava cinzento e carregado, refletindo seu estado interior. Caminhou pelas ruas sem destino certo, sentindo a brisa fria no rosto como um lembrete de que ela ainda estava viva.

Cada passo parecia pesado, mas havia uma determinação crescente dentro dela — não para ser feliz imediatamente, mas para simplesmente existir e sentir tudo o que precisava sentir. Ela passou por lugares familiares que agora pareciam estranhos e distantes. As memórias surgiam como fantasmas: risadas em cafés, passeios à beira do rio... tudo agora envolto em uma névoa de tristeza.

Akira parou em frente a um café onde costumava ir com seu ex-parceiro. A visão do lugar fez seu coração apertar, mas ela respirou fundo e decidiu entrar. Assim que atravessou a porta, o cheiro do café fresco e o murmúrio das conversas ao redor trouxeram uma sensação estranha — não era felicidade, mas uma conexão com o mundo real.

Sentou-se sozinha em uma mesa no canto e pediu um café preto. Enquanto aguardava, observou as pessoas ao seu redor: casais rindo, amigos conversando animadamente… A vida continuava para todos ali, menos para ela.

Mas naquele momento silencioso e introspectivo, Akira percebeu algo importante: ela não precisava da aprovação ou da felicidade dos outros para viver sua verdade. A dor fazia parte dela agora, mas também era uma oportunidade para redescobrir quem realmente era.

Quando seu café chegou, Akira segurou a xícara quente entre as mãos e fez um pacto silencioso consigo mesma: ela enfrentaria suas emoções sem fugir delas. Não seria fácil e não haveria garantias de felicidade imediata — mas era hora de começar a jornada de volta para si mesma.

Me afogando no passado Onde histórias criam vida. Descubra agora