"Ah, eu vou chorar. (silêncio)
São as flores favoritas da minha avó... Viu? Fico emocionada só de lembrar dela..."
A voz que, muitas das vezes ecoa em tom de soberba e arrogância, naquele momento mostrava a falta que uma pessoa importante fazia na vida da tão famosa Cíntia Chagas, Professora de Português e Digital Influencie, muito conhecida por não ter medo de ninguém, falar o que pensa e magoar se necessário.
Mas naquele momento, enquanto seus olhos castanhos encontram o brilho da tela do próprio celular, onde centenas de mensagens passavam aos montes, uma única palavra, acompanhada por emojis de flores, lhe fez segurar a emoção e não mostrar fraqueza perante a lente, mas em sua mente a saudade da mulher que lhe criou e que deve a sua vida, não parava de passar.
Cíntia Chagas, que usava uma elegante calça de alfaiataria, camisa semitransparente e uma camiseta por baixo, lia os inúmeros elogios direcionados a ela enquanto via o valor de sua perspicácia transformando-se em real, que chegava em muitas notificações na barra de seu celular, impedindo-a de ver quantas pessoas lhe assistiam em uma live de mais de 1 hora.
O cansaço batia em seu corpo, os pés doídos do salto, as pernas cansadas de tantas horas de pé falando para uma plateia lotada, às horas viajando de uma cidade à outra e mais horas de pé, para ensinar seus mais de 6 milhões de seguidores a saber como se portar diante do público, só lhe faziam esquecer os dias difíceis que estava passando com o fim do próprio casamento.
Ela falou mais algumas palavras, leu o quanto seu sorriso era lindo e que ela precisava ir. Então se despediu das mais de 10 mil pessoas que continuaram ali, apenas para saber se ela estava bem, desligando a live segundos depois e voltando a ficar sozinha em um imenso apartamento, ouvindo o próprio coração e respiração, porque era tão bom não ter medo de saber o que poderia ou não acontecer enquanto dormia.
Cíntia sorriu, deixando o salto de lado enquanto levava as mãos aos próprios cabelos cobertos por gel e que seria uma de muitas das lutas a ser travadas durante o banho, mas isso não a afastou o ânimo, porque enquanto caminhava e sentia o piso frio, ela sorria e colocava seu fiel companheiro dentro de uma taça de cristal, levando o vinho até os lábios, tomando e sentindo a doçura descer por sua garganta e lhe trazer o alívio que precisava.
- Você está viva, Cíntia. É isso que importa.
A professora sorriu, olhando para o teto e dando poucos passos até o imenso sofá de cor clara existente em um ambiente claro e aconchegante, sentando-se e tomando seu vinho sem medo do amanhã, porque ela já sabia o que lhe esperaria no dia seguinte e com quem.
- Você conseguiu! - sorri vitoriosa - Você conseguiu!
O coração acelerado por conseguir bater sua própria meta, mudou as batidas quando as lágrimas tomaram conta de seus olhos e de forma inesperada, porque ela estava tendo tantos picos de emoções, e tudo ao mesmo tempo, que a tão arrogante professora de português, naquele momento e naquele mesmo sofá vazio, ergueu as pernas para abraçar a si mesma, repousando no estofado e chorando por não ter sua avó, a mulher que lhe criou, ali para lhe abraçar e dizer o que ela deveria fazer depois.
Cíntia chorava o que ninguém jamais saberia e jamais veria. Ela preferia estar sozinha e sofrendo sozinha, do que expor seus sentimentos e ver sua reputação se resumir em apenas uma mulher sensível e chorona, ao invés da imparável e forte . E isso só não foi impedido, porque tudo sobre o seu casamento estava exposto em todos os sites e jornais por dias e mais dias, mas ver as flores que a mulher que lhe criou tanto amava, lhe fez sentir saudades do abraço que jamais terá, dos conselhos que manterá vivo em seus pensamentos e das risadas de sua avó.
- Que saudades que eu estou da senhora, mãe.
A noite chegava ainda mais quente do lado de fora, mas o ar gelado causado pelo vento frio do ar-condicionado, abraçava Cíntia enquanto ela continuava encolhida do sofá, criando forças para continuar seguindo, mesmo que não fosse tão fácil quanto sua personagem demonstrava ser.
Não era apenas erguer a cabeça, colocar sua melhor roupa e continuar trabalhando, muito pelo contrário. Cíntia precisava pensar muito antes mesmo de levantar da cama, porque em muita das vezes, sua ansiedade, pânico e trauma causados pelo casamento, lhe faziam querer ficar catatonia na cama e não levantar para nada, nem se alimentar. Porém, ela não poderia desistir, e não desistia. Ela erguia a cabeça, colocava sua melhor roupa e sentia a segurança de sua avó ao pisar fora de casa.
Os olhos vermelhos e inchados, eram a prova de que Cíntia não estava totalmente bem, mas sua força lhe fez terminar o vinho, pôr a taça sobre a mesa e arrumar a postura, levar as mãos até os olhos e secar suas lágrimas, levantar-se e caminhando em direção ao quarto, abrindo a porta e decidida a terminar aquela noite com uma bela ducha e uma noite de descanso, mais do que necessária para uma mulher que não parou em nenhum momento do dia, nem mesmo para almoçar de uma forma digna e calma com a melhor amiga.
As gotas quentes que saem do chuveiro, tocam em sua pele, fazendo-a relaxar e respirar fundo enquanto o cheiro de sabonete líquido toma conta e as mãos deslizavam para espalhar o máximo que conseguia no próprio corpo, e isso a fazia se sentir leve e um pouco despreocupada com o mundo do lado de fora das paredes de seu luxuoso apartamento.
Os minutos foram passando e aos poucos ela foi finalizando seu tão sagrado banho, sentindo cada fio de seus fios escuros voltando a ter liberdade enquanto todo produto que os faziam ficar impecáveis por horas, iam ralo abaixo e desaparecia no esgoto em algum lugar da Cidade. E não demorou muito para que ela voltasse para o imenso quarto, visse a cama king de lençóis brancos, lhe aguardando para um descanso digno e muito necessário naquele dia.
O roupão cobria o corpo nu, e ela apenas caminhou em direção a cama, esquecendo de pedir sua comida, apenas para conseguir dormir.
- Boa noite, vó.
Essa é a minha primeira vez escrevendo uma história sobre a Cíntia Chagas.
Espero que gostem e mil perdões pelos erros <3
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Buscando a Felicidade
No FicciónCíntia Chagas, uma profissional determinada, sente-se empenhada em mudar seu passado com seu trabalho. Durante uma palestra inspiradora, ela divide o palco com a jornalista Priscilla Castro, uma mulher radiante e optimista. A conexão instantânea ent...