Capítulo 3

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O sol batia forte nas janelas do quarto, mostrando para todos que mais um dia havia começado para quem precisava trabalhar. E deitada de forma calma e serena, coberta por um edredom, fios espalhados lindamente no travesseiro e rosto levemente inchado, estava Cíntia Chagas, sentindo a quentura do clima ainda mais perceptível com o passar das horas.

Os olhos castanhos e sonolentos, brigavam entre continuarem fechados ou se abrirem para que ela se levantasse, mas era uma luta complicada, pois a mulher de 42 anos, ainda se sentia bastante cansada do dia anterior, com um leve dor de cabeça e nas costas, fazendo-a cobriu o próprio rosto com o edredom, desistindo de lutar contra a necessidade de levantar ao ouvir o simples bip do celular ecoando ao seu lado, fazendo ela ter a certeza de que precisava sair daquela situação que se encontrava.

- Ok!!

A preguiça e a imensa vontade de esticar os braços para despertar, só aconteceu depois que ela sentou-se na cama, esticando os braços para cima da própria cabeça e sentindo os músculos despertando e ela se sentindo mais disposta a pisar para fora do móvel e tomar banho. Sendo exatamente isso feito, com a diferença que ela sentiu um arrepio contaminar todo o seu corpo com o simples toque da sola de seu pé com o chão extremamente gelado devido ao ar.

- Caramba!!

As horas passavam, e olhando atentamente para o próprio celular, depois de um banho demorado e uma escolha para a roupa que usaria, ela resolvia trabalho e mais trabalho, problemas e mais problemas, e tudo diante de seu café da manhã, que havia mal sido tocado por ela.

Porém, uma mensagem em particular lhe encheu os olhos de alegria, porque era o que ela mais amava fazer: Ensinar.

O convite para mais uma palestra em Belém-PA, chegou.

O que você me diz?

Cíntia sabia que o mês estava acabando e ela necessitava descansar e ter cuidado, mas ela se sentia tão bem abraçada por onde passava, que era exatamente isso que precisava naquele momento. E essa sensação lhe fez lembrar da primeira vez que esteve no Estado, também para uma palestra com recorde de público no espaço que palestrou. Então ela não iria pensar duas vezes em aceitar o convite, nem que para isso precisasse reorganizar sua agenda, já lotada.

Avise que irei. Preciso apenas organizar minha agenda para o dia.

Tudo bem! E você está bem?

Sim! Obrigada por perguntar.

Precisando de um ombro amigo, sabe que pode me chamar, não sabe?

Sei! E fico feliz de ter uma equipe tão eficaz e amiga, como você.

Beijos e qualquer coisa é só chamar.

O sorriso nos lábios da professora, não era porque ela sabia que existiam pessoas com quem ela poderia contar, mas por saber que, mesmo depois do que aconteceu com o fim de seu casamento e o sofrimento que isso estava lhe causando, ela continuava sendo a renomada e implacável, Cíntia Chagas.

Longe dali e a quilômetros de distância, um carro cheio de pessoas sorridentes e alegres voltava por uma estrada, rumo a Cidade de Belém. A paisagem que cada pessoa via pela janela, era uma das razões de se sentirem honrados de serem paraenses.

O verde das pastagens, os animais se destacando no passar dos metros, os igarapés na beira da estrada, faziam com o que a lente do celular de uma bela e sorridente morena, rosto com traços marcantes, voz grave e beleza única, trabalhasse mais do que já havia trabalhado por uma semana.

Priscilla Castro, jornalista paraense de 45 anos e uma das profissionais escolhidas para representar o estado do Pará na bancada do Jornal Nacional, estava, naquele momento, fotografando sua passagem pela estrada de acesso à BR-316, após longos dias de descanso, mais do que merecidos.

A mulher que, por muitas das vezes é vista como a Celebridade do Estado do Pará, não passava de uma mulher sorridente, carinhosa e que sempre estendia a mão para quem precisava, amava estar com sua família e amigos, cuidar da própria saúde e trabalhar. Ah, como ela amava trabalhar.

Priscilla Castro, além de jornalista, é uma professora de oratória muito respeitada em seu estado, tendo o Momento Destrave como sua forma de mostrar para quem precisa, que uma excelente comunicação pode abrir portas, assim como Cíntia Chagas pensa.

No primeiro dia em que a professora Chagas esteve na cidade para sua palestra, Priscilla se encontrava sentada na primeira fileira, vendo uma mulher elegante e impoderada falando como a mestra da língua portuguesa, e isso lhe fez aprender ainda mais e transformar aquele dia de aprendizado inesquecível, além de lhe dar forças para mudar e criar A Chave, uma hibernação no mundo da oratória para aquelas pessoas que já participaram de sua aula.

Priscilla via o carro fazendo curvas e mais curvas, até chegar a um local que ela conhecia muito bem, BR-316. E nisso ela entrou no Instagram para passar o tempo e ver como estava o avanço de mais uma divulgação, porém a notificação que menos esperava, subiu na barra em uma mensagem:

FIEPA mandou uma mensagem para você.

O lado profissional nunca deixou a jornalista de lado, muito pelo contrário. Quando tinha tempo, ela verificava sua agenda, muita das vezes cheia, para ver no que ela poderia mudar e acrescentar mais algum compromisso. E naquele momento era um convite para palestrar sobre oratória, um dia depois das eleições e para um público muito maior do que já havia falado antes, sendo um baita desafio que ela iria amar sentir.

A jornalista mantinha o contato e confirmava sua presença, sem saber quem estaria ao seu lado no mesmo palco, e segundos depois voltou ao mundo real, ouvindo de seu namorado que eles haviam passado em frente a casa de um amigo, mas a mulher não percebeu por estar olhando para o celular. Ela se desculpou, mas disse que estava ocupada e que iria sair assim que chegasse em casa.

Marcelo, namorado de Priscilla, fechou a expressão no momento em que ouviu a jornalista dizer que iria sair quando chegasse, e ela percebeu, mas não iria deixar de fazer o que precisava por uma expressão de negação.

Olhando para a tela do celular, Cíntia Chagas confirmava sua presença em mais uma de suas tão aguardadas palestras para a FIEPA. E assim como Priscilla, ela não sabia que iria dividir a atenção no palco com uma mulher que nem conhecia e tão pouco sabia que se tratava de uma jornalista muito respeitada em Belém. Então arrumou seu conteúdo com antecipação, mesmo sabendo que ainda faltavam mais de 5 dias para que subisse em um palco.

Chagas estava sentada no banco de trás de seu carro blindado e acompanhada por seguranças, seguindo para mais um compromisso inadiável, mesmo com tudo que estava acontecendo em sua vida.

Buscando a FelicidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora