Encontro

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O escritório estava calmo e vazio, apenas um silêncio ocasional interrompido pelos sons de cliques de teclados de Agatha ou Rio. A hora era tardia e as duas dividiam o escritório da chefe enquanto trabalhavam no caso.

— Olhe só isso. — Rio se aproximou da mesa e empurrou a tela do notebook em direção a Agatha. Inclinou-se levemente ao lado da chefe, seu cabelo tocando levemente no rosto da mulher. — O que acha? Encontrei no Instagram de um dos amigos dele.

Agatha deu uma olhada em uma foto do ex-marido de Sarah Proctor com o braço ao redor de uma mulher desconhecida, os olhos estreitando com interesse. Rio olhava para ela expectante, como se esperasse que a chefe tirasse conclusões.

— Você acha que ele tem uma namorada?

— Se ele tem e não mencionou no processo, é uma falha que você pode explorar. — Rio deu um pequeno sorriso orgulhosa, como se tivesse solucionado o problema. — Todos os envolvidos na vida da criança devem ser mencionados no processo e ouvidos pelo juiz. Se ele tem uma namorada e não trouxe isso à tona, apenas a menção pode fazer Sarah ganhar a guarda.

Agatha pegou uma mecha do cabelo de Rio e colocou atrás da orelha, atraindo o olhar da mais nova para o seu. Ao notar a proximidade entre as duas, Rio se afastou novamente e voltou a se sentar do outro lado da mesa.

— Talvez você tenha razão, mas vamos precisa provar isso. — Agatha agarrou o celular e mandou uma rápida mensagem que Rio não conseguiu bisbilhotar o conteúdo. — Eu conheço uma ótima detetive particular, Jessica Jones, ela vai conseguir o que nós precisamos.

Rio ignorar o calor que ainda subia em seu rosto após a proximidade inesperada. Encarou a tela do computador, fingindo uma concentração intensa nas informações sobre o processo. No entanto, seu coração ainda martelava nas costelas, um reflexo involuntário da intensidade do toque de Agatha.

— E essa detetive particular é confiável? — Ela perguntou, tentando manter sua voz firme.

Agatha deixou escapar um sorriso sarcástico.

— Pelo preço certo, sim. — Agatha levantou-se silenciosamente até o outro lado da mesa e se encostou na beirada, ficando de frente para Rio. Seu olhar suavizando cada vez que se aproximava da mulher. — Você tem um talento natural, por que nunca se tornou advogada?

A proximidade de Agatha fez o coração de Rio bater mais rápido. Ela rapidamente desviou o olhar, focando novamente nos papéis à sua frente. Lembranças do seu tempo de faculdade vieram à tona e ela limpou a garganta para falar.

— Eu comecei na faculdade de advocacia, — Rio brincava nervosamente com as mãos. O ambiente silencioso e a proximidade de Agatha, juntamente com o perfume inebriante da mulher, estavam contribuindo para deixar Rio cada vez mais apreensiva — mas não tive um sistema de apoio na época. Com o passar o tempo e o acumulo de matérias, eu comecei a falhar, minhas notas pioraram. Então decidi trocar para um curso mais fácil.

Agatha observava Rio com um misto de curiosidade e empatia à medida que ela compartilhava um pedaço vulnerável de sua história. Deu um passo à frente, os joelhos delicadamente tocando os de Rio. Levou a ponta dos dedos até o queixo da mulher e levantou sua cabeça, fazendo-a a encarar.

— Eu acho que você seria uma ótima advogada.

Rio não conseguiu pensar direito em suas ações, sua cabeça era um emaranhado de sensações, seu estomago revirou de nervoso e outro arrepio percorreu sua coluna. Ela levou as mãos instintivamente até a cintura de Agatha, e levantou-se lentamente para encarar a mulher. Era alguns centímetros mais alta, porém não podia deixar de se sentir completamente fora de controle.

Querida Agatha • AgatharioOnde histórias criam vida. Descubra agora