Quando o Destino Insiste - Magi

Capítulo 6 - Pintura Nua

Capítulo 6 - Pintura Nua

O começo desse capítulo é inspirado na fanfic "velha infância" da autora @ElizaDickinson

Maya narrando on

Estava concentrada ouvindo música enquanto eu colocava mais tinta azul no meu pote e encarava o céu ensolarado daquela manhã de domingo. Não sei se comentei, mas mamãe me colocou para fazer curso de pintura aos oito anos, logo depois que eu ganhei aquele kit profissional do meu pai. Ela sabia que aquilo era minha paixão e o quanto eu amava fazer aquilo.

A voz do cantor saia do rádio antigo do meu pai o qual estava estrategicamente posicionado ao meu no chão. Domingo era o meu dia de pintar, o dia que eu me forçava a acordar bem cedo, pegar minha aquarela e sentar no quintal para pintar a primeira coisa que vinha em minha mente. Dessa vez a escolhida havia sido as cortinas azuis da minha vizinha.

Levantei o rosto mais uma vez para olhar a janela e, só então reparei uma coisa. Era Domingo, mais especificamente nove horas de uma manhã de Domingo, por que a janela do quarto da Giovanna estava aberta?

Conheço Giovanna tempo suficiente para saber que depois dos quatroze anos, seu corpo desenvolveu algum tipo de mecanismo que deixa ela completamente incapacitada de levantar antes de uma da tarde nos finais de semana.

Não pude ficar muito tempo pensando nas maravilhas da evolução humana, já que uma voz animada que vinha da minha direita disse:

- Esse rádio ainda funciona? Uau.

Olhei rapidamente na direção e encontrei Giovanna apoiada no muro que separava nossas casas, o rosto apoiado na mão e os olhos animados quando percebeu que eu a olhava. Giovanna sorriu.

Dei de ombros e ergui a sobrancelha.

- Já sei que não veio pedir ele emprestado.

Giovanna debruçou os braços sobre o muro e continuou me encarando, por um segundo achei que ela não diria mais nada porém, logo sua voz preencheu o ambiente.

- Eu nem ao menos sei mexer em um rádio.

Era só tocar nos botões, literalmente só tocar. Eu ri do que ela havia dito e respondi em um tom icônico.

- Ah para, você não é tão nova assim!

- O suficiente para usar o Spotify!

Eu revirei os olhos, mas no fundo achando engraçado. Eu e Giovanna tínhamos algum tipo de dinâmica estranha e incrivelmente boa. Desde que eu me entendia por gente, sou fascinada por coisas antigas, meu quarto é cheio de pôsteres de atores de Hollywood dos anos 50, tenho uma vitrola e meus jogos preferidos são os de tabuleiro. Enquanto Giovanna sempre estava com seus fones de ouvidos novos, jogando o último lançamento no xbox.

- Está pintando a minha janela?

Giovanna levantou um pouco o pescoço para tentar ver o que eu estava pintando do meu lado do quintal. Achei engraçado o jeito como ela fazia força para espiar o que estava por trás da tela.

- Acertou!

Ela franziu a testa e respondeu em um tom engraçado:

- Você sabe que isso soa meio psicopata, não é?

Eu também sorri, mas no fundo comecei a me perguntar se deveria contar que aquela não era a primeira pintura que eu fazia de sua janela.

- Vai me processar por direitos autorais por ter feito isso?

Giovanna me deu língua e fez uma cara de quem tinha tido uma ótima ideia, antes que eu pudesse pensar qualquer coisa, seu corpo já estava dando impulso no muro e pulando no meu quintal.