O ar pesado e gelado do porão do manicômio Jambo pressionava os pulmões de Mariana, Eduarda e Carvalho, enquanto eles tentavam assimilar a terrível descoberta. As paredes úmidas pareciam vibrar, como se um frio sobrenatural antecedesse o verdadeiro horror que espreitava nas sombras.
Eduarda tentava focar o feixe da lanterna na figura em movimento, parcialmente oculta na penumbra. Carvalho, paralisado de medo, mantinha os olhos fixos na criatura de pele flácida que pendia sobre ossos, movendo-se como se o próprio corpo estivesse em agonia.
— Do... Do... Doutora... Eduarda... — A voz de Carvalho saiu quase em um sussurro desesperado, enquanto ele tentava chamar a atenção das duas mulheres. — Pessoal? — Chamou de novo.
— O que foi, Carvalho? — perguntou Eduarda, sua voz carregada de firmeza.
— Tem... tem alguma coisa aqui. — Carvalho mal conseguiu responder, apontando a lanterna trêmula na direção que se emergia na escuridão.
As duas mulheres olharam em direção ao que o policial indicava, o que viram as fizeram engolir em seco. A tinha uma aparência aterrorizante, difícil de descrever sem evocar calafrios. Sua altura era um pouco descomunal, não muito maior que a de um humano, com um corpo esquelético e alongado que parecia mais ossos revestidos de pele do que carne. A pele, pálida e translúcida, estava esticada firmemente.
O rosto da criatura era uma máscara de horror: os olhos eram dois abismos negros, sem pupilas, que pareciam sugar toda a luz ao redor, deixando apenas escuridão. Onde deveria estar a boca, havia apenas uma abertura, como se a sua pele fosse puxada e rasgada profundamente até o fim do corpo. Porém, quando a pele ao redor de sua boca abria, emitia um som, um rosnado.
— O que... o que é isso? — Sussurrou Mariana, sua voz mal saindo de sua garganta.
Eduarda deu um passo à frente, puxando a arma com rapidez, apontando para a figura. Seus dedos tremiam ligeiramente.
— Não sei, mas com certeza não é humano. — Respondeu ela, com os olhos fixos na criatura. — Ricardo, esteja pronto para atirar se isso se mover.
Carvalho engoliu um seco e assentiu, firmando seus dedos entorno da pistola. Por um breve momento, o tempo pareceu parar. A criatura ficou imóvel, e o único som que podia ser ouvido era o pingo constante da chuva caindo do lado de fora. De repente, o monstro se moveu com uma velocidade inesperada, seu corpo deformado torcendo-se de maneira grotesca enquanto avançava em direção ao policial. O movimento foi tão rápido que ninguém teve tempo de reagir.
Com um grito gutural, a criatura ergueu uma de suas garras e atingiu o policial que foi lançado para o outro lado do porão como uma boneca de pano, seu corpo colidindo violentamente contra a parede de concreto. Carvalho caiu no chão com um gemido abafado, a lanterna rolando de sua mão.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Culto de Nhanderu
HorrorQuando corpos decompostos são descobertos em um antigo cemitério de Teresópolis, a renomada antropóloga Dra. Mariana Vasconcelos é chamada para ajudar na investigação sombria, ao lado da determinada policial Eduarda Oliveira. O que começa como uma b...