Capítulo 3

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Naquele mesmo dia nublado em Teresópolis, com nuvens pesadas pairando sobre a cidade, Mariana estava diante de uma cadeira aconchegante e vazia, em uma mesa pequena, no canto do restaurante. Os pratos servidos sobre a mesa de madeira rústica apresentavam carne à brasa, cozinhando em um fogo tímido, quase intocável.

A mulher de cabelos longos mantinha os olhos fixos, observando as gotas de chuva que começavam a deslizar pelo vidro, em contraste com a paisagem de montanhas envoltas em névoa. Enquanto isso, sua companheira estava a alguns metros de distância, perto da entrada do restaurante, com o telefone pressionado ao ouvido. De tempos em tempos, ela olhava na direção de Mariana, que seguia distraída.

O garçom se aproximou, segurando uma jarra de suco amarelo brilhante, coberta de gelo, que ele colocou sobre a mesa. Com um leve sorriso, Mariana aceitou com um breve aceno de cabeça, soltando um longo suspiro que se misturou ao som do líquido escorrendo suavemente pela taça.

— Com licença — Disse o garçom, com uma voz suave, vestindo uma camisa branca e um avental preto. — A senhora é turista?

A antropóloga levantou o olhar rapidamente, esboçando um sorriso gentil enquanto observava o homem de cabelos curtos e bem penteados.

— Sim. — Assentiu, sorrindo timidamente. — É tão notável assim?

— A sua roupa. — Respondeu, fitando seu blazer comprido por cima camisa branca de botão. — E nessa época do ano, a cidade atrai muitos amantes da gastronomia e da natureza, especialmente quem gosta de acampar ou fazer montanhismo — Ele fez uma pausa e acrescentou com um sorriso galante. — Mas devo dizer, nenhum deles é tão atraente quanto você.

Mariana corou ligeiramente, surpresa pelo flerte inesperado. Ela riu suavemente, cruzando os olhares com os dele, que eram escuros e intensos.

— Quem sabe — Respondeu, brincando, enquanto erguia a taça levemente em direção a ele. — Teresópolis parece ser uma cidade cheia de mistérios, e mistérios me atraem.

Perto da porta de entrada do restaurante, a mulher de cabelos curtos, levemente jogados para o lado, observou a interação com uma sobrancelha levantada conforme caminhava de volta até a mesa, guardando o celular no bolso da calça jeans.

— Bom, espero que aproveite seu tempo aqui — Disse o garçom, endireitando-se e oferecendo um último sorriso antes de se afastar. — Se precisar de qualquer coisa, estarei por perto.

A antropóloga virou sutilmente o rosto, observando pelo canto dos olhos o garçom se afastar enquanto soltava uma leve risada, divertida. Quando virou o rosto para frente, seus olhos escuros se encontraram com os de Eduarda, que a fitava em silêncio.

— Parece que alguém fez uma nova amizade — Comentou ela.

— Cala a boca!

Eduarda deu uma leve risada, o que fez Mariana revirar os olhos mais uma vez, mas não conseguiu evitar um sorriso. No breve momento de descontração, seus olhares se cruzaram novamente. Antes que o silêncio desconfortável pudesse preencher a mesa, Mariana perguntou:

O Culto de NhanderuOnde histórias criam vida. Descubra agora