Capítulo 7.

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Michael tentava dormir durante as aulas que se arrastavam lentamente. Sua mente, no entanto, não parava de vagar pelo momento que ele teve com Jeremy no intervalo. Jeremy dissera que não precisavam apressar as coisas, e Michael também não queria que tudo fosse rápido demais. Mas, com o tempo, ele achava que poderiam oficializar a relação. Mesmo que isso o assustasse um pouco ainda.

Agora que ele não precisava mais esconder seus sentimentos por Jeremy - pelo menos entre eles - uma ideia começou a borbulhar em sua mente. Ele nunca tinha ido à casa nova de Jeremy, apesar de o loiro já ter dormido na sua. Claro, eles costumavam frequentar as casas um do outro quando eram crianças, mas Jeremy não morava mais na mesma casa de antes.

Inquieto, Michael cutucou o ombro de Jeremy, que se virou para encará-lo. O moreno sorriu, quase imperceptível. A visão de Jeremy tão perto o fez lembrar o quanto ele achava o loiro incrivelmente bonito.

"Vou pra sua casa depois da aula," Michael disse, sua voz firme, soando mais como uma ordem do que um convite. O tom ríspido era típico dele, mesmo que ele ainda mantesse um sorriso de lado enquanto falava.

Jeremy piscou, surpreso, mas logo soltou um riso baixo. "Ok," murmurou, se virando de volta para a frente, com um sorriso discreto no rosto.

Michael observou o loiro por mais um instante, sentindo uma satisfação silenciosa. Deitou-se novamente sobre os braços cruzados na carteira, tentando pegar no sono, mas sua mente continuava a flutuar sobre o rosto de Jeremy, seus lábios macios e o cabelo loiro.

O som estridente do sinal ecoou pelos corredores da escola, declarando o fim das aulas. Michael estava, como de costume, deitado sobre a carteira, em um sono leve. Foi quando Mark, com seu jeito desajeitado e barulhento, se aproximou, começando a sacudi-lo e gritar em seu ouvido.

"ACORDA VIADÃO!", Mark quase berrava, com um sorriso travesso no rosto.

Michael, pego de surpresa, acordou com um sobressalto, o coração batendo forte de susto. Ele se virou com uma expressão de desprezo para o amigo, "Viado é você, seu filha da puta." Xingou o outro e pegou suas coisas desleixadamente, ainda visivelmente com sono.

"Eu tava brincando! Relaxa, cara." Falou em meio de risos.

O grupo saiu para fora da sala, rindo e conversando. Aos poucos, eles se despediram, cada um indo para seu caminho. Jeremy e Michael, no entanto, seguiram juntos, como de costume, pois moravam na mesma direção.

O silêncio entre eles era confortável, mas carregado de uma tensão nova. Desde que começaram a se aproximar mais, Michael parecia sempre estar lutando contra suas próprias barreiras, enquanto Jeremy, mais calmo, apenas esperava pacientemente que o moreno baixasse a guarda.

Quando chegaram na bifurcação que separava o caminho das outras casas, Michael, sem dizer uma palavra, tomou uma atitude inesperada: pegou a mão de Jeremy. Seus dedos se entrelaçaram de maneira hesitante, como se Michael estivesse testando o terreno, buscando alguma confirmação silenciosa. O coração de Jeremy deu um salto, surpreso pela iniciativa, mas ele apertou de volta, aceitando o gesto com um sorriso tímido.

Caminharam assim por vários minutos, o som dos passos ecoando na calçada enquanto o céu nublado tingia o final de tarde com uma luz suave. Eles não precisavam falar. O toque bastava.

Ao chegarem à porta da casa de Jeremy, o loiro puxou as chaves do bolso, destrancando a porta com um leve rangido. Eles entraram e Michael fitava o ambiente em silêncio. "Pode deixar suas coisas aí no chão mesmo." disse Jeremy, jogando a própria mochila ao lado da porta. Michael o imitou, ainda calado, mas observador.

"Minha mãe só vai chegar à noite," continuou Jeremy, indo direto ao ponto. Ele abriu um sorriso discreto ao notar o comportamento mais retraído de Michael. "Tá com fome? Tá todo quieto."

Reunion of the heartOnde histórias criam vida. Descubra agora