Capítulo 1

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Paula

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Paula

DIAS ATUAIS...

"128ª DP DO RIO DE JANEIRO".

É o que está escrito na placa enorme em frente à delegacia da polícia civil. As letras douradas brilham sob a luz do sol, contrastando com o cinza sóbrio do prédio. A fachada é imponente, feita de tijolos escuros que absorvem o calor do clima quente do Rio de Janeiro. Já as janelas são mais discretas, pequenas e parecem quase como olhos vigilantes, observando todos que se aproximam. Há uma câmera de segurança no canto superior direito, e as cortinas pesadas no interior não revelam nada do que está acontecendo lá dentro. O que me deixa ainda mais nervosa, afinal, não faço ideia do porquê eu, uma garota de programa de uma esquina qualquer, ter sido convocada para vir nesse lugar com tanta urgência.

Cheguei aqui já faz uns dez minutos e ainda estou parada na calçada na mesma posição, sendo corroída pela dúvida cruel sobre se devo entrar ou fugir para bem longe dessa delegacia. Os sons da cidade estão ao meu redor, me confundindo ainda mais. Carros passam, buzinam e freiam, criando um constante zumbido de tráfego. As pessoas conversam em vozes baixas, ocasionalmente se tornando mais estridentes quando se animam em uma discussão por algum motivo banal. Um policial uniformizado passa por mim, falando em seu rádio de maneira rápida e ininteligível, porém, seus olhos gulosos deslizam pela parte desnuda das minhas pernas bem torneadas.

E hoje nem estou usando um dos meus looks ousados do "trabalho", coloquei um vestidinho preto sem graça e não pesei muito a mão na maquiagem como de costume. Queria parecer mais séria; em outras palavras, com menos cara de puta.

— Como se isso fosse possível... – penso em voz alta depois de cuspir no chão o chiclete de menta que estava na minha boca, mastigar alguma coisa sempre me acalma, pena que dessa vez não fez nenhum efeito.

As minhas mãos segurando a alça da bolsa pendurada no meu ombro não param de tremer, tento ignorar o frio na barriga, mas é quase impossível. Nunca me senti tão ansiosa como estou desde ontem à noite, quando recebi uma ligação estranha. Eu estava atendendo um cliente que sempre me paga muito bem por um boquete ali mesmo no calçadão, no seu carro, quando o meu celular tocou dentro do meu decote entre os seios.

Fui obrigada a parar o serviço e atender o celular enquanto o meu cliente resmungava ao meu lado no banco do motorista com o pau duro; ninguém costuma me ligar nesse horário e pensei que podia ser a babá da minha filha com alguma emergência. Só que não era a dona Elza, mas, sim, um senhor que se apresentou como investigador da polícia civil, com o nome de Licanor Siqueira. Sua voz é tão dura e seca quanto as poucas palavras que proferiu, ordenando que eu viesse na delegacia hoje nesse horário. Não gostei do jeito mandão dele, mas fiquei muito preocupada, afinal, não é todo dia que se recebe uma ligação da polícia.

E se tem uma coisa que aprendi trabalhando como garota de programa é que nunca se bate de frente com um peixe grande. E esse tal investigador Siqueira tinha o tipo de ser um tubarão, daqueles que te engole inteiro só com uma mordida.

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