Pedro
— Porra! Ficou maluca, mulher? – Levo um susto quando a onça brava salta de trás do contêiner de lixo e joga spray de pimenta nos meus olhos, me cegando completamente.
A ardência é imediata e brutal. Meus olhos queimam como se tivessem sido enfiados em fogo. Mesmo assim tento abri-los e ver o rosto da mulher, mas a dor é insuportável. Tudo que consigo ver são manchas embaçadas de luz e escuridão.
— Isso é por todas as mulheres inocentes que você matou! – Me dá um chute no saco, caio de joelhos sentindo uma dor do caralho.
Maldita hora que eu decidi seguir essa doida varrida!
Depois de várias tentativas falhas de pegar o depoimento de pelo menos uma garota de programa, decidi ir embora e descansar depois do dia longo que tive. Estava a caminho de casa, passando em frente ao calçadão de Ipanema, quando eu a vi...
Uau!
Foi a única palavra que consegui formular quando vi uma morena linda com um corpão de tirar o fôlego, o cabelo negro como a noite, liso, abaixo da cintura fina. Ela estava em meio a outras prostitutas que não tinham um terço da sua beleza, andando de um lado para o outro pelo calçadão com seu salto fino e um vestido branco transparente curto e sexy, tão justo que parecia uma segunda camada de pele, moldando as suas curvas generosas e acentuadas. Não consegui ver o seu rosto direito por causa da distância, mas imaginei que deveria ser tão bonito quanto o resto do corpo. Atravessei a rua passando em meio aos carros indo na direção da bela mulher, parecia hipnotizado.
Um caminhão quase me atropelou e eu me distraí com a buzina. Quando olhei para o calçadão a bela morena não estava mais lá. Comecei procurá-la feito um louco, a encontrei indo pela minha esquerda andando rápido, parecia assustada e isso chamou mais a minha atenção. Estaria ela em perigo? Fiquei preocupado, então fui atrás dela. Mas, ao passar por uma esquina deserta, a luz do poste apagou e a mulher parecia que havia visto um monstro e saiu correndo desesperada, deixando um rastro do seu perfume delicioso para trás.
Aumentei o passo atrás da garota de programa tentando falar com ela, precisava saber do que a moça estava com tanto medo. Do assassino de prostitutas, talvez? Foi o que pensei, e estava certo. O problema é que ela pensa que eu sou esse psicopata e por isso me atacou, cegando-me com spray de pimenta nos olhos, e possivelmente castrado também, com um chute bem dado nas partes intimas.
— Eu acho que você quebrou o meu pau, porra! – Seguro o meu amigão lá embaixo, gemendo de dor.
— O chute foi pelas mulheres que você matou, seu desgraçado, mas isso é por mim. – A maluca ainda não tinha terminado, ela enfia uma arma de choque no meu pescoço.
Caio no chão me contorcendo igual a uma minhoca no asfalto quente enquanto escuto o som do salto da mulher cada vez mais distante fugindo, acabo apagando ali no chão de uma rua escura não sei por quanto tempo. Quando acordo o meu pau ainda dói muito e os olhos queimam como se pegassem fogo. Com dificuldade, consigo me arrastar e me sentar com as costas apoiadas no contêiner.
— Não acredito que eu, um homem com quase dois metros de altura, levou uma surra de uma mulher! – Puxo o celular do bolso, demoro para conseguir entrar na lista de contatos, não consigo enxergar quase nada. Ligo para o primeiro número que encontro, torcendo que seja alguém que possa me ajudar.
— E aí, mano, beleza? – meu irmão caçula diz alegre do outro lado da linha.
Com tantas pessoas, eu fui ligar logo para o abusado do Vinicius. Ele vai me zoar pelo resto da minha vida por conta disso.
Que maravilha!
Oi, Vini. – Minha voz está rouca e tento limpar a garganta. — Preciso que você me busque. Agora!
— Não posso, cara, estou no meio de um date com uma gata que conheci no trabalho e pretendo levá-la para a cama essa noite. – Dá uma risadinha maliciosa.
— Agora, Vinicius Alcântara! Eu estou em uma situação complicada, preciso da sua ajuda.
— Pedro? O que aconteceu? Você tá bem? – A voz de Vini soa preocupada, mas também cheia de curiosidade.
— Não, não estou bem. Uma prostituta maluca me cegou com spray de pimenta, chutou o meu saco e enfiou uma arma de choque no meu pescoço, okay? – conto logo de uma vez, piscando para tentar clarear a visão enquanto escuto meu irmão rindo do outro lado da linha.
— Sério mesmo? Você, o grande promotor Pedro Alcântara, apanhou de uma prostituta? – Gargalha mais alto ainda.
— Larga de ser abusado e vem logo, Vini – peço, frustrado, depois envio a minha localização em tempo real.
Nunca imaginei que a minha noite terminaria dessa forma, comigo todo fodido pedindo ajuda para o meu irmão caçula para ir para casa. Fora que ainda teria que pedir para buscarem o meu carro depois, isso se eu lembrar o local onde o deixei estacionado.
— Já estou indo, seu empata-foda – resmunga, aposto que revirando os olhos.
Trinta minutos depois, vejo as luzes do carro de Vini se aproximando pela rua escura. Ele estaciona ao meu lado e agradeço a Deus por isso.
— Caramba, irmão! O que você estava fazendo com essa moça nesse lugar escuro? Essa história está muito mal contada. – Vini me ajuda a entrar no seu carro ainda rindo da minha cara, sinto o alívio imediato do ar-condicionado no meu rosto. — Você parece que saiu de uma briga com uma onça furiosa.
— E foi isso mesmo, mano! – Acabo rindo também. — E com um perfume delicioso. – Sorrio, com o cheiro dela grudado na minha mente.
— Pelo menos ela era gostosa? Sempre tive fantasia sexual com uma prostituta.
— Tinha um corpaço, mas infelizmente não consegui ver o rosto dela – lamento em um suspiro. — Quando tentei me aproximar para fazer algumas perguntas sobre um caso que estou trabalhando, ela se assustou pensando que era o assassino de prostitutas e me atacou.
— O Romeu está certo, cara, essa sua investigação sobre esse assassino em série ainda vai acabar te matando. – Me ajuda com o cinto de segurança.
Pensando melhor, ainda bem que eu liguei para o Vini e não para o chato do nosso irmão mais velho Romeu, porque ele iria fazer uma cena por conta disso e até colocaria os nossos pais no meio.
— Se você contar para ele, Vini, nunca mais falo contigo.
— Eu não vou contar para o Romeu, mas vou tirar uma foto por garantia caso eu precise te chantagear algum dia. – Quase termina de me cegar de vez com um flash na minha cara, esse moleque não tem jeito mesmo.
— Agora já chega, Vinicius! Só me leva para casa.
— Está bem, promotor, mas fique sabendo que eu não sou seu motorista particular, ok?
— Só dirige, criatura!
— Como quiser, senhor chute no saco. – Vini continua rindo de mim durante todo o caminho para casa, mas deixo passar.
Minha mente está longe, pensando em toda a coragem daquela mulher selvagem, que enfrentou um homem do meu tamanho mesmo pensando que eu era um assassino perigoso.
Porra!
Acho que estou fascinado por ela, pena que nunca mais a verei novamente.
***
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PROMOTOR PEDRO ALCÂNTARA - Série Homens da Lei - Livro 4
Storie d'amoreO promotor Pedro Alcântara está em uma caçada implacável atrás de um perigoso assassino em série de prostitutas quando seu caminho cruza com o de Paula Souza, uma garota de programa de personalidade forte que não consegue confiar nos homens. Marcada...