𝙵𝚒𝚛𝚜𝚝 𝚌𝚘𝚗𝚝𝚊𝚌𝚝

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Eu estava realmente preocupada com Agatha

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Eu estava realmente preocupada com Agatha. Ela sempre foi dedicada ao trabalho, mas nesse caso havia algo... diferente. Era como se estivesse consumida, cada vez mais focada e, ao mesmo tempo, distante. Desde que se tornou detetive, raramente a via chegar cedo, mas hoje já estava ali antes mesmo de eu aparecer. Já passava das duas da tarde, e tudo o que havia comido era um donut esquecido na mesa, ao lado de pilhas de documentos.

Decidi que era hora de fazer algo por ela, mesmo que fosse pequeno. Peguei minha bolsa e saí para buscar um café e um almoço decente. Ao chegar à lanchonete, fui direto ao balcão.

- Com licença, que marmitas vocês têm? - perguntei à moça que atendia.

Ela mal levantou os olhos da comanda.

- Temos frango, carne e strogonoff.

Parei por um segundo, tentando adivinhar o que Agatha preferiria. Ela quase nunca comentava sobre suas preferências, mas frango parecia uma escolha segura. Afinal, eu deveria conhecê-la bem, certo?

- Frango, por favor. E um café com leite - murmurei, quase para mim mesma.

A atendente finalmente olhou para mim, um pequeno sorriso surgindo no canto dos lábios.

- É pra Agatha, a detetive?

Aquilo me pegou desprevenida. Eu sabia que Agatha era uma presença marcante, mas não imaginava que fosse conhecida no bairro.

- Sim, você conhece ela? - perguntei, tentando esconder o tom de surpresa.

- Conheço, sim. Ela vem aqui quase todos os dias, pega o almoço e um café. É difícil esquecer uma cliente como ela - disse a atendente, agora com um sorriso enigmático, quase como se guardasse um segredo.

Senti um misto de curiosidade e desconforto. Eu achava que conhecia bem a Agatha, mas essa atendente parecia saber de detalhes que eu nunca havia notado.

- Ela tem uma personalidade única, né? - comentei, meio rindo. Afinal, Agatha era mesmo um tipo raro, com suas maneiras diretas e, muitas vezes, rudes.

A atendente balançou a cabeça com uma risada contida.

- Eu diria que sim, mas... ela não fala muito. Pelo que vi, ela prefere carne ao invés de frango. E o café, puro. Todo dia é a mesma coisa.

Observei-a enquanto trocava o pedido, pedindo ao cozinheiro que preparasse carne e começava a mexer no café com precisão. Soltei uma risada surpresa.

- Nossa, parece que você conhece ela melhor que eu! E eu trabalho com ela há mais de três anos.

A atendente deu de ombros, sorrindo de leve, quase orgulhosa por conhecer essas peculiaridades de Agatha. Quando o pedido ficou pronto, saí com o café e a marmita nas mãos, perdida em pensamentos. Por que eu, sua parceira e amiga, nunca tinha reparado nesses detalhes?

Entre SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora