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Minha chefe fica furiosa quando Hope avisa que vou acompanhá-la em sua viagem às sucursais. Miguel se sente aliviado por não ser ele. Minha chefe tenta convencer Hope de mil maneiras a não me levar junto com ela. Argumenta, por exemplo, que não tenho experiência e estou há pouco tempo na empresa, mas acaba desistindo. Hope é quem manda, e ela tem de acatar. Bem feito!

Ligo para meu pai na quarta-feira e explico que vou adiar minhas férias por causa da viagem. Ele aceita numa boa e me incentiva a fazer um bom trabalho. Se ele soubesse o que está por trás dessa história, me trancaria bem trancada para me impedir de sair. Minha irmã, ao contrário, fica irritada comigo. Para ela, estar longe de Madri por várias semanas é uma falta de consideração da minha parte. Com quem ela vai desabafar?

Na quinta-feira, Hope passa para me buscar com seu motorista às seis da manhã.
Viajamos em seu jatinho particular, e eu fico chocada com tanto luxo. Acho que acabamos de sair da cidade. Olho para tudo com tanta curiosidade que tenho a impressão de que Hope está se esforçando para não rir.
Quando chegamos a Barcelona, um carro nos pega no aeroporto de Prat e nos leva ao hotel Arts. Que vida dura! É só o melhor da cidade! Nos hospedamos no último andar em duas suítes. Ela cumpriu sua promessa: quartos separados. Quando a porta se fecha atrás de mim e eu me vejo no meio daquele cômodo imenso, olho a meu redor. Tudo é grande, espaçoso. E o melhor de tudo: há uns janelões que me permitem apreciar o mar.

Animada com o luxo que me cerca, largo minha mala e me aproximo da janela.
Incrível! Após curtir a paisagem por alguns minutos, começo a bisbilhotar e a mexer nas coisas. Abro o frigobar e vejo chocolate. Devoro alguns. Quando descubro a parte do quarto onde fica a cama, não contenho meu espanto. É maravilhosa!
Janelões que dão para o mar, e roupa de cama violeta combinando com um divã lindo. A cama é enorme e eu me jogo nela. Como é macia! O banheiro é outra maravilha. Madeira clara e uma banheira rodeada de espelhos. Uau!

Quando saio do banheiro, o telefone toca. É Hope.

— E aí, gostou da suíte?

— Adorei. Enorme. Cinco vezes maior que a minha casa — brinco.

Escuto sua risada do outro lado da linha.

— Em meia hora te espero na recepção — avisa. — Não esquece os documentos.

Chego à recepção pontualmente e vejo Hope conversando com uma mulher. Alta, glamorosa e loura. Louríssima. Quando ela me vê, faz sinal para que me junte a elas e nos apresenta uma à outra:

— Amanda, esta é minha secretária, a senhorita Saltzman.

A tal Amanda me olha de cima a baixo e isso me deixa intrigada, mas, num gesto de profissionalismo, apertamos as mãos e Hope acrescenta em alemão:

— Senhorita Saltzman, a senhorita Fisher veio de Berlim. Ela vai passar uns dias conosco. Amanda é a encarregada de verificar se podemos lançar nosso medicamento no Reino Unido.

Sorri enquanto a loura de pernas compridas concorda com a cabeça. Mas percebo algo estranho em seu olhar. Não sei o que é, mas não me agrada. Um homem se aproxima e nos informa que nosso carro nos espera lá fora. Caminhamos as três até uma enorme limusine preta. Hope se senta ao lado da mulher e se esquece de mim. Fico inquieta. Mas o que mais me incomoda é perceber que entre elas houve ou há alguma coisa. Os olhares da loura revelam isso. De qualquer forma, como sou muito profissional, mantenho a compostura enquanto olho pela janela e tento pensar em outra coisa.

Quando chegamos aos escritórios centrais de Barcelona, somos recebidos pelo chefe da sucursal, Xavi Dumas. Assim que me vê, sorri para mim e logo cumprimenta a chefona e Amanda.

Peça me o que quiser - Hosie GPOnde histórias criam vida. Descubra agora