18

91 12 1
                                    

A reunião se estende mais do que o esperado e só saímos do escritório às oito e meia da noite. Hope está com uma cara séria. A tal da Amanda é chata demais para o meu gosto: tudo o que fez foi colocar obstáculos em cada coisa que se discutia.

Entramos na limusine, com Amanda. Durante o trajeto, Hope fica protegido atrás de uma máscara de hostilidade que não me agrada, e me pede vários papéis. Eu lhe entrego. Ela e Amanda leem os documentos e falam sem parar.
Quando chegamos ao hotel, quero correr para o meu quarto e tirar a roupa, como ela pediu. Não consigo parar de pensar nisso. Hope e eu. Hope em cima de mim. Hope me possuindo. Mas ela me joga um balde de água fria quando diz:

— Senhorita Saltzman, quer jantar comigo e com Amanda?

Isso me paralisa. Aquela pergunta, na realidade, deveria ser: "Amanda, quer jantar comigo e com a senhorita Saltzman?"

Sinto a raiva se concentrando no meu estômago. Estou ardendo por dentro. Mas, desta vez, o ardor não tem nada a ver com desejo. Percebo o olhar daquela mulher sobre mim. No fundo, ela fica tão chateada quanto eu por ter que dividir a companhia de Hope com outra pessoa.

— Obrigada pelo convite, senhora Mikaelson — respondo, disposta a não lhe dar o gostinho —, mas já tenho outros planos.

Hope faz cara de surpresa. Por seu olhar, sei que esperava qualquer resposta, menos aquela. Ela se acha! Dou boa-noite e me afasto. Sinto o olhar de Hope nas minhas costas, mas continuo andando. Quando chego ao elevador e as portas se fecham, consigo respirar. E, assim que entro no quarto, grito frustrada.

— Idiota! Você é uma idiota!

Irritada até com o ar que respiro, entro no banheiro. Olho para a banheira, mas por fim resolvo tomar uma chuveirada. Não quero pensar em Hope. Que se dane! Saio do chuveiro. Seco o cabelo e me obrigo a voltar a ser a mulher forte que sempre fui.

Toca o telefone do quarto. Não atendo. Pego rapidamente meu celular. Três chamadas perdidas da minha irmã. Que mala! Decido ligar de volta outra hora e telefono para uma amiga de Barcelona.

Como era de se esperar, fica animada ao saber que estou na cidade, e marcamos de nos encontrar. Desligo o celular. Ninguém
vai estragar minha alegria, muito menos Hope.

Então, ansiosa para sair do quarto o quanto antes sem ser vista, coloco um vestido curto e sandálias de salto alto. Faz um calor infernal e esse vestido superleve me cai como uma luva. Quando estou pronta, pego a bolsa. Abro a porta com cuidado e espio pelo corredor. Não há ninguém e eu saio. Mas sei que Hope está na suíte ao lado e, em vez de esperar o elevador, resolvo ir pela escada. Desço cinco lances e finalmente pego o elevador.

Sorrio pela minha proeza e, quando chego à recepção e atravesso as portas do hotel Arts, quase dou pulos de alegria. Mas minha animação dura pouco. De repente me dou conta de que deixei o caminho livre para essa loba da Amanda, e o mau humor volta a tomar conta de mim.

Pego um táxi e dou o endereço. Minha amiga Miriam está me esperando. Quando chego ao lugar combinado, logo a vejo. Está linda e rapidamente nos abraçamos sinceramente. Eu e Miriam somos amigas de infância. Minha mãe era catalã e até o fim de sua vida íamos todo verão a Hospitalet.

— Nossa, amiga. Como você está gata! — grita ela.

Após uma sucessão de beijos, abraços e elogios mútuos, andamos até o porto.
Miriam sabe que adoro pizza e vamos a um restaurante do qual ela tem certeza de que vou gostar. Como sempre, comemos à beça, tomamos litros de Coca-Cola e fofocamos durante horas. Por volta de duas da manhã, estou cansada e quero voltar ao hotel. Nos despedimos e combinamos de nos ligar no dia seguinte.

Peça me o que quiser - Hosie GPOnde histórias criam vida. Descubra agora