Por que eu morri... - Parte 2

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Despertei sentindo o gosto de ferro preenchendo minha boca. O corpo inteiro latejava de dor  e o que mais desejava era acordar e me dar conta de  que tudo não passou de um pesadelo.
Entretanto, para meu desespero, aquilo era real.  Ao abrir  meus olhos fiquei chocado ao observar   dois homens vestindo um jaleco branco. 
Senti meus pulsos e pernas  presos a cama de um hospital, provavelmente desativado já que tudo ao redor, exceto a sala estava escuro. 
— Quem são vocês ? — perguntei me debatendo em vão sendo ignorado pela dupla. — Por que estou aqui?
Não importava  quantas palavras eu dissesse. Para aqueles homens eu era invisível. Tudo que faziam era analisar meus sinais vitais e espetar agulhas em meu corpo para colher  amostras de sangue. 
— Quem diabos são vocês? Me leve para casa! Quero ver minha avó, ela deve estar preocupada. — rios de lágrimas desciam por minha face, mas nada comovia aqueles robôs de jaleco. Eles permaneciam escrevendo em suas pranchetas como se nada de anormal estivesse acontecendo. Eu sentia que era o fim. Fiquei esquecido naquela cama,com o corpo nu,  por vários minutos até que uma voz familiar ecoou pela sala. Era aquele homem que havia me capturado no meio da noite.
— Desista Jaeger. Sua vovó a esta altura está "comendo capim pela raiz". Duvido que tenha sobrado muita coisa da velha depois que sua linda casa  foi reduzida a cinzas.
— Não... — implorei fechando meus olhos com força. Um choro convulsivo tomando o controle a  seguir. Por isso chorei. Meu choro se espalhou pelo prédio aparentemente vazio.  Choro que se transformou em gritos de desespero à medida que  esperneava desesperadamente. Implorava por piedade, chamava por vovó, por Armin, por Levi...
— Ora cale sua maldita boca, Alex! — falou um dos homens de jaleco. — Veja como o deixou!
O tal Alex pouco se importava com meu estado. Ele apenas sorria enquanto os dois ,que presumir serem médicos, tentavam em vão me acalmar.
Aquela altura Lucca também estava agitado. Meu bebê parecia chorar dentro de meu ventre. Queria acalmá-lo dizendo que estava tudo bem, mas não podia. Eu me sentia tão desesperado, que tudo que queria era morrer ali mesmo. Salvando a mim e a ele deste mundo sujo e covarde.
Em meio ao meu frenesi os médicos optaram por me drogar. Pouco a pouco a consciência foi desaparecendo. Pouco a pouco tudo foi se apagando. Lembro de ter um último vislumbre de consciência pouco antes de murmurar algo inútil. Afinal eu estava sozinho.
— Estou com medo...me ajude, Levi.

~*~

Base Gênesis -  2 anos depois

— Vamos Eren! Mostre-nos do que é capaz! — a voz animada do cientista a minha esquerda chamou minha atenção. — Se conseguir vencer mais este desafio, permitirei que veja seu bebê hoje, mas se não for um bom menino, ficará outro mês sem ver o pequeno Lucca. Ele já está chamando nossa enfermeira de Mama'.
Meus olhos refletiam a mais pura fúria assim, que aquele homem pronunciou aquelas palavras. Sabendo que para meu filho eu faria qualquer coisa ele sorriu e não demorou até que eu cumprisse  o maldito desafio.

Aquela época estava preso em uma base militar e recebendo treinamento pesado desde o nascimento do meu filho. Diversos truques e técnicas de ação militar foram ensinados a mim à medida que ia evoluindo. Naquele dia o treinamento da vez consistia em  passar por centenas de raios  laser sem ser notado. Caso falhasse acabaria morto. Pois acionária é o conjunto de submetralhadoras que compunham o dispositivo. Nada naquele lugar era brincadeira. Se eu falhasse, teria uma morte certa.

Ciente de que não podia morrer até libertar meu bebê. Desviei de cada feixe com maestria. Piruetas e saltos curvando meu corpo das formas mais  bizarras possíveis.
— Isso mesmo! Viram como ele é rápido? Desarmou o dispositivo e escapou dos 197 feixes em menos de trinta segundos. Verificamos que sua agilidade está melhorando à medida que injetamos o soro nele. — falou um dos cientistas chamado Mikael Kalinowski. Um maldito russo que havia entrado em minha vida com o único intuído de destruí-la.
— Hoje pela manhã observei ele lutando com aqueles felinos enormes. O garoto se saiu muito bem e com poucos arranhões. Os poucos ferimentos rapidamente se curaram. — comentou  outro cientista chamado Daoming Lei, enquanto anotava em seu tablet. — Em breve poderemos partir para os próximos testes.  Infelizmente para ele, estes não serão tão fáceis quanto lasers e felinos grandes
— Quero ver meu filho! — gritei interrompendo o diálogo dos dois. — Fiz o que mandaram. Deixe-me ver Lucca.
— Acalme-se Eren. Sabe que você não é a pessoa mais gentil do mundo pouco depois de ter o soro injetado em você. Não vai querer quebrar aquela pequena "merda" ao meio assim que colocar as mãos naquilo.
Rosnei diante da ofensa que proferiram. Aqueles filhos da puta estavam chamando meu maior tesouro de merda. Se não fosse esses malditos vidros blindados eu já os teria matado. Esses monstros que estavam me destruindo pouco a pouco.
— Lucca está bem, Eren. Deixaremos você se encontrar com ele hoje a noite. Até lá tente manter a calma. Ou ficará outro mês longe daquele moleque. Ele, ao contrário de você, não tem serventia para nós, então  não nos teste.
Kalinowski saiu da sala assim que me ameaçou. Permaneci parado olhando para o enorme espelho que ficava aos fundos da sala de testes. Ciente de que não era mais observado, desabei ao chão, minhas unhas cravaram em meu couro cabeludo partindo minha pele. Senti o sangue escorrer brevemente até que sumisse após a rápida cicatrização.
— Você não devia testar eles assim, Eren. — Ouvi a voz de Petra me chamar. Petra era uma das cientistas  do lugar e apesar de parecer loucura, era uma das poucas pessoas que eu  confiava. Ela, assim como eu, era prisioneira ali.
— Eles não  permitem que eu veja o meu bebê. — falei segurando as lágrimas em meus olhos. Era constrangedor chorar. Principalmente porque minhas lágrimas não eram mais normais.
— Eu sei,não consigo ver meu pai a dias. E eu sou uma tola por pensar que ele ainda está vivo. Entretanto sou diferente de ti. Não sou uma arma biológica de valor imensurável. Eles não vão fazer nada com seu bebê. Lucca é o único motivo que o mantém aqui. Por isso se acalme. Apesar do que dissera, eles  não machucariam o menino porque precisam dele para garantir sua obediência.
A ruiva sorriu para mim e me estendeu a mão para me ajudar a ficar de pé.
Sim, Petra estava certa. Eu era uma arma biológica poderosa. Um monstro que estava sendo criado com o único intuito de matar.
— Como está sendo sua adaptação após a Fase Dois. —  Questionou a cientista. Ela se referia à segunda etapa da ingestão do soro Titan. Soro que era capaz de aumentar infinitamente as habilidades de combate de um ser humano, desde que esse fosse portador da Síndrome de Zeus. Síndrome que eu possuía. Graças a este soro eu comecei a ficar mais rápido e com uma força sobre humana. Após a conclusão da fase dois havia conseguido a capacidade de enrijecer meu corpo de tal forma que ele se tornou quase impenetrável. Passei a possuir a capacidade de transformar minha pele em um cristal brilhante enquanto minhas unhas se tornaram navalhas afiadas.
— Dói muito sempre que uso o enrijecimento. A pele queima  para se regenerar em seguida. — expliquei seguindo Petra pelo longo corredor.
— Você é o primeiro a conseguir sobreviver à Fase Dois. Por isso estão tão animados. — Afirmou Petra abrindo minha cela, assim que chegamos ao local que  chamava de quarto nos últimos 24 meses.
— Sobreviverei a todos os testes, Dra. Rall. Preciso estar vivo para tirar meu filho daqui. — falei permitindo que a mulher colocasse eletrodos por meu corpo. Ao que parece ela também faria alguns testes.
— Sabe Eren. Por isso eles te sequestraram. Porque sabiam que após anos de fracasso perdendo inúmeras cobaias que morriam ou simplesmente desistiram de cooperar. Eles te prenderam porque viram que você tinha algo a perder. Tudo mudou quando eles notaram você, o  garoto sorridente que apesar das desgraças ainda sorria pelo bem de seu filho. Eles te prenderam porque sabia que não desistiria de  viver, enquanto Lucca estivesse sendo mantido como refém. — apesar de suas palavras Petra não deixou de olhar para o monitor que exibia  meus sinais vitais.
— Talvez essa seja a única coisa que eles tenham deduzido certo. Mas eu garanto Petra. Vou sobreviver a Fase Três dos testes destruir essa maldita base de pesquisas.  Destruirei a Gênesis, nem que seja minha última ação neste mundo. E permitirei que meu filho seja livre!

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⏰ Última atualização: a day ago ⏰

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