Eu me Lembro

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Eren Krüger

Meus lábios ainda formigavam devido ao beijo intenso trocado em meio aquele beco sujo.
Eu estava em êxtase por poder saborear aquela boca pequena e atrevida, sentir aqueles braços fortes ao redor da minha cintura. Tudo nele remetia a nostalgia e pecado, foi complicado me conter, queria mais que um simples beijo. Desejava tantas coisas, mas não podia, não em um local público.

Ele ainda não sabia, mas era o único capaz de despertar estes instintos em mim. Sensações e necessidades que a muito estavam adormecidas em meu corpo e que foram despertadas na noite em que meus olhos encontraram os dele. .

Levi Ackerman, meu antigo namorado. Alguém que sequer se recordava do quão importante foi em minha vida.

— Quem era aquele homem? — pergunta a voz ao meu lado. Os olhos castanhos analisavam minha expressão e a julgar pelo olhar enigmático, ele estava a me chamar a algum tempo.

Ele, Alfonse Di Paolo, a pessoa para quem eu trabalhava e que comandava quase tudo em minha vida.

— Que homem? — questionei tentando parecer distraído, uma atitude falsa, mas necessária. Sabia a quem ele se referia. Afinal aquele homem havia visto que eu não estava só, quando Levi saiu e me observou entrar no carro.

— O homem que estava com você ? — repetiu, demostrando uma leve impaciência em suas palavras. Típico de quando eu me fazia de desentendido.

— Ah, sim! — falei tentando parecer surpreso. — é um dos clientes que foram presos na noite passada. Parece que ele foi liberado a poucas horas e nos encontramos por acaso, enquanto eu distribuia as roupas para as crianças. Quando o reconheci, me desculpei, já que fui eu quem iniciei a confusão e então vocês chegaram.

O homem me analisava com uma certa desconfiança, como se procurasse respostas que eu não estava disposto a lhe dar.

— Era ele mesmo senhor. Eu o vi também.— Reinner que dirigia a limousine resolveu intervir, fazendo o moreno ao meu lado relaxar um pouco. Ele não era o tipo ciumento, mas sei que algumas pessoas o deixavam preocupado com a intervenção em seus "negócios". E provavelmente Levi era esse tipo de pessoa.

— Menos mal. — falou tocando minha face entre as mãos. Nossos olhos se fixaram por um tempo. Ele me analisava para verificar se havia mais alguma coisa que ele precisava saber. Mantive a postura estóica, postura que eu sempre assumia quando não queria me revelar completamente. Aprendi com um certo baixinho a muitos anos, no Canadá, que às vezes uma expressão entediada evitaria perguntas desnecessárias. Me mantive assim por algum tempo. Cansado de apenas me observar ele me soltou, voltando a atenção para seu celular que havia apitado naquele momento e a julgar por seus olhos algo havia acontecido.

— Está tudo bem? — questionei chamando sua atenção.

— Temos trabalho hoje a tarde. Preciso que esteja pronto Mio caro (meu querido). — ele diz guardando o celular no bolso em seguida

— Eu sempre estou pronto Mio Signore (meu senhor).

Nenhuma palavra foi dita, apenas seguimos para nossos destinos, as lembranças do beijo que havia trocado com o homem que eu havia namorado em minha adolescência, foram substituídas por novas imagens. Imagens que me faziam lembrar o que eu realmente era. O que havia me tornado. Alguém que ele jamais gostaria de ter por perto novamente.

Levi Ackerman

Quando ele se foi eu fiquei a observar o carro desaparecendo na rua. Um sentimento amargo me invadiu, como se algo muito importante estivesse sendo levado de mim, uma dor latente tomou conta da parte superior da minha cabeça. Tentando não piorar o desconforto, afastei meus pensamentos do moreno e percebi como a dor diminuiu.

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