A Rosa

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Las Vegas, Sexta Feira, 25 de janeiro de 2018

Quando cheguei a meu apartamento eram quase nove horas da noite. Eu estava cansado e sujo, dois adjetivos que sempre me deixavam irritado.

Aliás, tudo me irritava, quando se tratava daquele caso envolvendo o Veratrum. Por causa daquela pessoa eu tive que deixar tudo em Washington e vir pra Las Vegas e eu realmente odiava a cidade. As luzes, os cassinos, os profissionais do sexo pulando em meu carro sempre que parava em alguma esquina durante a noite. Tudo em Vegas me irritava, mas eu era um agente especial do FBI, e como tal, era meu dever desvendar casos envolvendo organizações criminosas e assassinos em série, dentre outros malditos crimes. Sendo assim era meu dever estar ali até que o caso fosse solucionado.

O caso envolvendo a Máfia dos Cassinos era o maior caso de todos desde que entrei para a agência. Fui convocado pelo próprio Inspetor Geral do FBI, ele disse que este era o tipo de caso que clamava pelos meus serviços e pelo meu tirocínio policial. O que o maldito velho não me disse era que eu teria que permanecer naquela maldita cidade por mais tempo que eu esperava.

O caso com o passar do tempo se tornou um dos mais ambíguos e desconexos de toda a minha carreira. Tudo que eu sabia era que os maiores cassinos da cidade estavam envolvidos em algo grande, mas não possuía nomes ou detalhes. E então numa noite os homicídios começaram a acontecer, todos os mortos tinham algum relacionamento com os cassinos ou com os outros estabelecimentos de entretenimento.

Por que havia alguém matando velhos ricos pela cidade mais famosa do estado de Nevada?

Eu não fazia a menor ideia à época.

Por isso aceitei o desafio e trouxe meu melhor agente, Jean Kirsten, comigo e juntos passamos a atuar nos casos em que o maldito Veratrum estava envolvido, ou pelo menos fosse um dos suspeitos.

No caso de Middleton, eu ainda não havia conseguido apurar qual seria seu relacionamento. Tudo que sabia era que o velho tinha uma doceria e parentes influentes na área política.

E graças a esses pequenos detalhes os malditos repórteres ficaram na minha cola. Felizmente o chefe do departamento de homicídios da cidade resolveu intervir e disse que a presença do FBI era apenas por que o falecido era parente do prefeito. Não poderia explicar o real motivo da minha presença, pois como detetive eu deveria ser o mais discreto possível.

O cansaço ainda gritava aos meus ouvidos quando por fim me despi e entrei em meu banheiro imaculado e limpo. Ao permitir que a água quente queimasse minha pele, senti que parte da fadiga escorria pelo ralo. Desliguei a minha mente. Eu não queria ter que lidar com homicídios, entrevistas coletivas ou com o fato de como eu odiava aquela cidade. Eu queria apenas relaxar e tomar um bom banho.

Formalmente ainda estava de folga até a próxima segunda. Ciente disso decidi me dar um pouco de diversão. Afinal por mais que eu fosse um agente especial, eu não era de ferro.

Terminei meu banho e vesti uma roupa casual. Calças jeans pretas, uma camisa preta com gola V e minha jaqueta de couro favorita. Borrifei um pouco de perfume e quando percebi que estava apresentável saí do apartamento. O caminho até o elevador não era longo e para minha alegria não encontrei com qualquer vizinho. Odiava ter que socializar. Sinceramente por mim eu viveria em uma bolha no espaço e só desceria a Terra a trabalho.

Quando o elevador chegou ao piso selecionado eu caminhei com passos firmes para meu Mustang preto. Se eu quisesse pegar alguém interessante deveria levar meu carro, ele era um detalhe especial acrescentado ao meu charme. Infelizmente algumas pessoas nos julgam pelo que temos e para tristeza delas eu também era assim. Enquanto eles buscavam riqueza em mim, o que eu buscava era beleza. Para mim tudo que importava era o quão bela seria a pessoa que eu "foderia". Afinal quem gosta de beleza interior é decorador, e aquele não era meu caso.

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