Eu vejo você longe e quero você perto.

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Se veio parar aqui, volta um capítulo. É atualização dupla 🙂

O botão foi pressionado
Nós vamos destruir um ao outro, garoto
Até o velho Satanás ficar impressionado
(As the world caves in - Matt Maltese)

— Ei, se você pudesse ser um filósofo contemporâneo, quem você seria, hum, hum? — Jin perguntou animado, me tirando a paciência às sete da manhã.

— Você pode esperar minha alma voltar pro corpo antes de fazer perguntas? — Resmunguei indiferente, comendo meu cereal.

— Ah, para de ser chato, Namjoonie. Eu sei que você lê muitos livros e com certeza vai saber responder minha pergunta.

Mesmo que Jin fosse insuportavelmente insistente em suas dúvidas, eu sabia que ele estava fazendo aquilo pra me distrair. Eu não era burro, ele não queria que eu pensasse muito sobre a noite anterior e também não queria me fazer achar que ele sentia pena de mim. Jin era tão caridoso, ele fazia de tudo pra me fazer sentir bem e confortável.

Mas eu era um velho chatão que reclamava de tudo.

— Acho que seria Jean-Paul Sartre, pelo menos ele sabia que a vida era uma bagunça. — Respondi, tentando parecer desinteressado, mas Jin já estava com aquele sorriso satisfeito, o tipo de sorriso que aparecia quando ele conseguia me fazer engatar numa conversa.

— Ah, claro, o existencialismo. Mas sabia que isso é meio deprimente? — Ele riu, encolhendo os ombros e se ajeitando no banquinho da cozinha. — Achei que escolheria alguém mais... otimista?

— Sério? Logo eu? — Arqueei a sobrancelha, e ele deu uma risada alta, daquelas que quase me fez esquecer que eu estava exausto.

— Tem razão, quem eu quero enganar? Você já é praticamente o Sartre dois ponto zero — Jin brincou, rolando os olhos dramaticamente.

— E você? Aposto que escolheria alguém cheio de frases bonitas e ensinamentos de amor universal, tipo... sei lá, o Gandhi. — Retruquei, abrindo um leve sorriso que só Jin conseguia arrancar de mim.

Aquele idiota, babaca que me estilhaçou.

— Gandhi, é? — Ele riu, pegando uma colherada do meu cereal sem pedir permissão. — Nah, acho que escolheria ser Confúcio. Faria um monte de frases enigmáticas e deixaria você tentando descobrir o que eu quis dizer.

— O que, pra mim, não seria surpresa alguma. — Revirei os olhos, mas Jin já estava rindo de novo.

Era engraçado como a presença dele realmente me distraía.

— Sabe como eu fazia pra decorar as matérias da escola? — ele arqueou as sobrancelhas, comendo meu cereal novamente.

— Não, como fazia? — Retruquei, dando um tapinha na mão dele quando tentou me roubar de novo. — Tira a mão daqui, seu pilantra!

— Eu fazia associações criativas. — Riu feito um bobão. — Todo mundo sabe que o pai do existencialismo foi Soren Kierkegaard, mas eu nunca decorava esse nome feio que ele tem.

— Tá, e daí? — Eu ri, não entendendo onde ele queria chegar.

— Aí pra eu me lembrar, eu coloquei o nome do bichinho imaginário da Lola. — ele gargalhou alto de novo, me fazendo franzir o cenho.

— Que Lola?

— A daquele desenho, sabe? Charlie e Lola. — ele fungou antes de continuar. — O nome do amigo imaginário dela é Soren Lorensen, aí pra eu me lembrar do filósofo eu imaginava ele.

Tombée - NamjinOnde histórias criam vida. Descubra agora