Newt's point of viewHoje, Newt acordou mais cedo do que o habitual. Ele já tinha o costume de ser o primeiro a despertar, e Alby até brincava: "Você acorda antes mesmo do sol espreguiçar." Mas a verdade era que Newt gostava da tranquilidade das manhãs na Clareira. O céu ia se tingindo de tons alaranjados enquanto o sol nascia, e uma leve neblina cobria o chão, trazendo um silêncio reconfortante. Era o momento favorito dele, o mais aconchegante do dia.
Serviu-se de um copo de leite e sorriu em silêncio, agradecendo internamente pela generosa quantidade que sempre vinha na Caixa. Ao contrário de Minho e Alby, que se afundavam em café, Newt sentia uma pontinha de vergonha por odiar o gosto amargo da bebida. Ele preferia sabores doces e se horrorizava ao ver Alby beber o café puro, sem nem um grão de açúcar. "Depois que você acostuma sem açúcar, não consegue mais tomar com," dizia Alby, mas, para Newt, isso parecia uma habilidade de outro mundo. Ele mal conseguia suportar o gosto, mesmo quando cheio de adoçante.
Enquanto procurava algo para comer, percebeu algo alarmante: os suprimentos estavam escassos. Talvez por não frequentar tanto a área da cozinha, ainda não havia notado a quantidade reduzida de alimentos. E se a Caixa realmente deixasse de mandar comida?
— Sempre madrugando, hein, Newt? — disse Caçarola, entrando na cozinha enquanto bocejava, o rosto ainda com o sono estampado. — Acordou junto com o Minho? Ele já saiu com o novato pro Labirinto.
Minho, geralmente, não acordava tão cedo, mas parecia ter passado um bom tempo conversando com os outros Corredores na noite anterior. Newt sentiu uma leve curiosidade sobre o que poderia estar se passando na cabeça do amigo.
— Não falei com eles. — respondeu ele, tomando o último gole do leite e mantendo o olhar fixo na despensa meio vazia.
— Você sabe que não vai durar muito, não é? — disse Caçarola, pegando o pouco de café restante para preparar para os outros. — Precisamos de uma solução, Newt.
Newt assentiu, concordando silenciosamente. Esse assunto o deixava exausto, mas ele sabia que não podia se dar ao luxo de desanimar hoje. Tinha muitas tarefas para colocar em dia, e as coisas estavam longe de melhorar. De saída, passou pela cabana de Alby e, quase sem pensar, sussurrou:
— Alby, por favor, acorde. Eu não sei o que fazer.
A manhã passou rapidamente. Newt dedicou-se ao trabalho na horta, capinando o solo com cuidado, arrancando as ervas daninhas teimosas e distribuindo as mudas mais resistentes entre as fileiras. A terra ainda estava úmida do orvalho da noite, o que facilitava para ele cavar com mais suavidade.
Depois, encontrou-se com Chuck e Gally para cortar madeira. Chuck tagarelava animadamente enquanto trabalhavam, segurando as tábuas que Newt ia cortando, e sonhando em voz alta com o dia em que veria os pais novamente. Gally, por outro lado, suspirava impaciente a cada palavra, revirando os olhos e lançando olhares a Newt, como se pedisse que ele fizesse Chuck parar. Mas Newt jamais faria isso; naquele momento, o que todos mais precisavam era qualquer resquício de esperança.
De repente, um barulho alto e perturbador ecoou por toda a clareira. O som vinha do labirinto, e não demorou muito para as pessoas se juntarem na entrada, tentando entender o que havia acontecido. Newt ficou em alerta, pois sabia que dois idiotas estavam lá dentro, provavelmente causando problemas.
— O que está acontecendo lá? — perguntou Newt, ao ver os dois em questão saindo do labirinto em disparada.
— O que você fez agora, Thomas? — indagou Gally, com desconfiança.
— Encontramos uma passagem. Uma nova. Achamos que pode ser uma saída — respondeu Thomas, olhando diretamente para Newt e ignorando Gally.
— É verdade — acrescentou Minho. — Abrimos uma porta, uma coisa que nunca tínhamos visto antes. Acho que pode ser onde os Verdugos ficam durante o dia.
