newt's point of view
Escorado no tronco, Newt estava no mesmo lugar onde tinha levado o novato durante a festa. Infelizmente, esse tempo sozinho fez com que ele se lembrasse da maior parte das coisas que tinha feito naquela noite. Céus, ele nunca mais iria beber. Enquanto estava perdido em seus pensamentos e jogava pedrinhas do chão, percebeu que gostava muito daquele lugar; sempre que precisava de um local mais calmo, ia até ali.
A brisa suave balançava as folhas, trazendo um pouco de alívio para sua mente atormentada. Ele fechou os olhos por um momento, tentando afastar as memórias da festa e do que havia acontecido com Ben. Era um lugar onde poderia refletir, longe do caos e das responsabilidades.
— Jogando pedras desse jeito, você vai acabar machucando a árvore — disse uma voz conhecida que se aproximava.
Newt virou-se e encontrou o novato, agora sentado ao seu lado, na mesma posição que estavam na festa.
— Ah, relaxa, novato. Ela aguenta — respondeu Newt, tentando manter o tom leve.
— Por que você ainda me chama de novato? — retrucou Thomas, um sorriso no rosto.
Nesse momento, Newt abriu a boca em um formato de "O". Realmente fazia todo sentido: Thomas era o novato. Ele tinha se esquecido do nome durante a festa, mas agora tudo parecia se encaixar.
— Então, Tommy... — Newt repetiu em um tom de dúvida, quase para si mesmo, como se estivesse se lembrando.
— Tommy não, é Thomas — retrucou o novato, um sorriso no rosto.
Newt fez uma careta e acrescentou:
— Tommy é muito mais você.
— Como assim "mais eu"?— Thomas perguntou, confuso.
— Combina mais, Tommy me lembra o nome de um cachorrinho fofo, igual você — respondeu Newt, um pouco constrangido com a própria comparação. Assim que as palavras saíram, ele percebeu o quão estranhas eram. Normalmente, pensava duas vezes antes de falar algo, mas agora parecia que sua língua estava à frente de seu cérebro.
— Não que você seja fofo, é que você parece um cachorrinho fofo, mas isso não significa que você é necessariamente fofo. É só porque... — Newt se embolava nas palavras, tentando consertar a situação e temendo a reação de Thomas.
Este que, por sua vez, não conseguiu conter a risada, e Newt não pôde deixar de notar que seus olhos castanhos brilhavam enquanto o olhavam. Não importava o quanto suas próprias palavras tivessem sido confusas; Thomas era, de fato, irresistivelmente fofo.
— Então você acha que sou um cachorro? — perguntou Thomas, entre risadas, divertido com a comparação.
— Um cachorro não, um cachorrinho — acentuou Newt, vendo Thomas fazer uma careta que quase formava um biquinho. Meu Deus, era muito fofo. — Daqueles bem chatos que te olham com carinha de coitado querendo alguma coisa o tempo inteiro e só arrumam confusão — completou, rindo também. A leveza da conversa ajudou a dissipar um pouco do peso que sentia em seu peito.
Ver o novato rindo fez com que ele se sentisse um pouco melhor, como se, por um breve momento, eles pudessem deixar de lado o peso das responsabilidades e das perdas. O riso de Thomas trouxe um sopro de ar fresco à atmosfera pesada que os cercava.
— Tudo bem, acho que posso ser um cachorrinho — acrescentou Thomas, se divertindo com a situação.
— É, só não fique latindo por aí, tá... Tommy? — Newt brincou, enfatizando a palavra "Tommy" para deixar claro que, a partir de agora, seria chamado assim. Ele estava decidido a usar aquele nome, e não havia nada que Thomas pudesse fazer a respeito.
