Segundas chances

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>>>>> Capitulo escrito por mim!


Carlisle fechou a porta do quarto, o barulho suave ecoando na quietude da madrugada. Ele se apoiou contra a madeira, os ombros relaxando momentaneamente antes de sentir uma nova onda de tensão percorrer-lhe o corpo. A presença de Vlad, mesmo depois de todos esses anos, era como uma ferida antiga reaberta – um choque entre o passado e o presente que ele não sabia como processar. O rosto severo do pai ainda pairava em sua mente, trazendo lembranças que ele pensava ter deixado para trás há séculos.

Esme estava sentada na cama, observando-o com aquele olhar que parecia atravessar suas incertezas e chegar ao centro de seu coração. Sem dizer uma palavra, ela estendeu a mão para ele. Carlisle cruzou o quarto e segurou os dedos dela, sentindo o conforto e a estabilidade que sua esposa sempre oferecia.

- Como ele está? - a voz dela era suave, mas cheia de uma preocupação genuína.

Carlisle respirou fundo, buscando as palavras. 

- Bem, ao que parece. Não mudou muito desde... daquela época. - Ele pausou, o peso das lembranças se sobrepondo ao alívio inesperado de rever o pai. Os olhos vermelhos, a presença dura e fria, tudo estava sendo demais para ele. - É estranho. Não esperava sentir isso. É como... se uma parte de mim estivesse feliz por vê-lo, por ter uma chance de... resolver coisas. Mas ao mesmo tempo... - Esme acariciou a mão dele com o polegar. 

- Depois de tanto tempo e de tudo o que aconteceu, é normal se sentir dividido, Carlisle. Ele foi o único que restou de sua antiga vida. Isso deixa as coisas... complicadas.

Carlisle assentiu lentamente, como se tentasse dar sentido aos próprios sentimentos. 

- Eu sempre acreditei em segundas chances, mas ele... ele me deixou, Esme. Ele sumiu quando mais precisei. Quando minha mãe... quando tudo desmoronou. Senti como se eu fosse uma sombra para ele. - ele confessou ficando cabisbaixo.

- Você é muito mais do que uma sombra, Carlisle. E se há alguém capaz de enfrentar essas dores e abrir espaço para algo novo, é você. - Esme apertou sua mão com firmeza, trazendo-o de volta ao presente. Ele olhou para ela, o olhar dividido entre gratidão e um cansaço quase palpável. 

- Não sei se estou pronto para isso, Esme. Mas talvez... talvez essa seja a segunda chance dele também. Quem sabe...

Esme sorriu, e naquele sorriso havia uma certeza silenciosa. Carlisle percebeu que, por mais que o peso das antigas feridas fosse imenso, ele não carregava essa carga sozinho.

O peso da noite e das lembranças acumulando-se sobre ele. Esme mantinha a mão na dele, oferecendo uma âncora. Por mais que ele tentasse manter o autocontrole que cultivara ao longo dos séculos, estar ao lado dela trazia à tona sentimentos que ele normalmente deixava enterrados.

- Ele mencionou alguma coisa sobre o que aconteceu... naquela época? - Esme perguntou, escolhendo as palavras com cuidado, conhecendo o impacto que elas poderiam ter.

Carlisle desviou o olhar, fixando-o em um ponto distante da parede. 

- Quase nada. Parecia... hesitante, mas ao mesmo tempo, não parecia arrependido. É como se ele carregasse aquela mesma frieza de sempre, aquele olhar que parece atravessar a pessoa sem realmente vê-la. - ele se queixou, era raro demais ver Carlisle tão inquieto e com certeza a visita do pai dele o deixou desconsertado, sem saber como reagir, e apesar da troca de palavras duras carregadas de rancor quando se viram ainda rondava sobre sua mente.

Esme o estudou por um instante antes de falar, os olhos dela transmitindo uma empatia silenciosa. 

- Ele pode não mostrar, mas voltar aqui deve ter sido uma decisão difícil para ele também. Talvez até seja o jeito dele de reconhecer que... cometeu um erro.

Dissolvendo Esse Sangue ImundoOnde histórias criam vida. Descubra agora