Bendita soneca, Maldita reunião

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>>>>> Capitulo escrito pela Tulipa! 


Esme estava ajoelhada em seu jardim, retirando com calma algumas ervas daninhas que cresciam rápidas entre as flores, quando o som familiar do carro de Carlisle alcançou seus ouvidos. Ela ergueu o rosto, ligeiramente surpresa; não era comum que ele voltasse tão cedo. Costumava chegar pouco antes do jantar, sempre fiel à rotina. Tirando as luvas que protegiam suas unhas recém-pintadas, Esme se levantou e caminhou em direção à garagem, curiosa para descobrir o que o havia trazido para casa antes do previsto.

Carlisle estacionou o carro e desceu segundos antes de seu pai. Esme, que havia se aproximado para cumprimentá-lo, chegou a abrir a boca para comentar sobre a saída repentina de Vlad mais cedo, mas parou ao vê-lo emergir do lado do passageiro. Bastaram alguns instantes para ela entender o motivo da volta antecipada do marido.

— Voltou cedo hoje, querido — disse ela, sorrindo com gentileza enquanto se aproximava. Esme depositou um beijo suave nos lábios de Carlisle antes de voltar o sorriso para o sogro — Tenho certeza de que você está por trás disso, não está? Ninguém mais conseguiria convencer Carlisle a voltar antes do horário.

— Eu sou bom em convencer as pessoas — Pela primeira vez, a voz de Vlad não estava carregada de tensão ou tanta seriedade. Esme sentiu aquilo e Carlisle também, já que uniu as sobrancelhas e ficou olhando o pai por vários segundos — Agora, meu filho, entre, troque essa roupa e faça o que combinamos.

O rosto de Carlisle corou mais uma vez, denunciando o constrangimento que ele tentava disfarçar. Esme, por outro lado, olhou de um para o outro com uma expressão curiosa, ciente de que estava perdendo algo, mas preferiu não perguntar. Não seria o momento de fazer questionamentos, especialmente quando seu marido parecia visivelmente desconfortável com o assunto.

Vlad esperou que Carlisle e Esme entrassem, então os seguiu, os olhos atentos a cada detalhe. Ele observou quando Esme bateu os pés delicadamente sobre o tapete, retirando as botas de borracha e as colocando numa sapateira à parte, num gesto rotineiro e organizado. Carlisle fez o mesmo, deixando os sapatos sociais e calçando um par de chinelos que já estavam à espera. Para Vlad, aquele ritual de conforto e simplicidade parecia quase... doméstico demais, e ele permaneceu parado por um instante, absorvendo aquela cena tão distante de sua própria realidade.

Na tentativa de se habituar aos costumes da casa, Vlad retirou as botas pesadas e as colocou cuidadosamente no canto da parede, evitando ocupar espaço na sapateira organizada. Não usava meias e suas unhas estavam um pouco descuidadas. Observando o gesto hesitante do sogro, Esme esboçou um sorriso discreto. Sem esperar muito, pegou um par de chinelos de Emmett, que sempre deixava algo fora do lugar, e o estendeu para Vlad.

— Use isso. O chão costuma ficar bem gelado durante o inverno — disse Esme com sua típica gentileza, estendendo os chinelos. Vlad observou a mulher de cabelos caramelados, sempre atenta e cuidadosa, um traço que ele já havia notado. Sentiu um calor discreto no peito ao perceber o quanto ela fazia Carlisle feliz; os olhos do filho ganhavam um brilho diferente toda vez que pousavam nela. Para Vlad, aquilo era um alívio — afinal, seu filho havia encontrado o amor. Não apenas um amor, mas também uma companheira amiga, mãe de seus filhos. Aquilo realmente era uma família. Uma bela família.

— Obrigado, Esme — Drácula agradeceu enquanto pegava o calçado e os colocava no pé com cuidado, se sentindo um pouco envergonhado pela situação de suas unhas.

Tudo na casa de seu filho, ele havia notado, era incrivelmente limpo e organizado, quase meticulosamente. Vlad se perguntava como conseguiam manter aquela ordem impecável e estava curioso para entender a rotina que sustentava tal disciplina. Também sentia, discretamente, o desejo de mudar alguns de seus próprios hábitos para se conectar melhor com o filho. Sabia que, embora os vampiros não tivessem odor ou suor como os humanos, ali todos seguiam uma rotina rigorosa de higiene — e ele estava disposto a se adaptar a isso, um pequeno passo para se sentir parte desse lar.

Dissolvendo Esse Sangue ImundoOnde histórias criam vida. Descubra agora