A sala estava agitada. Os alunos trocavam ideias sobre o que aprenderam na última aula, enquanto Pri tentava organizar o grupo para o trabalho prático. Ela olhou para Carol e perguntou:
— "Carol, parceiras?"
Carol hesitou, concordando apenas com um movimento de cabeça. Na verdade, ela não tinha certeza se queria que Pri fizesse várias perguntas pessoais. Pri parecia bem observadora e isso a deixava um pouco nervosa.
— "Ah, perdão, você deveria ser a minha parceira, já que está vendo que eu não tenho outra pessoa do meu lado a não ser você," disse um garoto estranho ao lado delas, com um sorriso forçado.
— "Maiara pode ser parceira dela," sugeriu o garoto frustrado ao lado.
Carol olhou para Maiara, que já estava animadamente conversando com um garoto ao seu lado.
— "Nah, foi mal cara. Eu definitivamente vou sentar aqui e aproveitar para conhecer mais sobre a Carol," disse Pri, olhando para ele com determinação.
O garoto ao lado estava claramente bravo por não conseguir começar a tarefa.
— "Se você quer tanto estar entre as pernas dela, não é tão difícil. Não precisa sentar aqui e querer conhecê-la. Ela vai te dar sem nem chegar nas 15 perguntas," disparou ele irritado.
Ele se levantou, pronto para procurar outro parceiro quando Pri segurou seu braço.
— "Relaxa garoto, essa atividade não vale nota. Agora peça desculpas à Carol," disse Pri, apertando um pouco o braço do garoto.
Carol ficou surpresa ao ver Pri defendê-la.
— "Pra falar a verdade, ele não mentiu e eu não me incomodei com seu comentário. Aprendi a bloquear qualquer irritação desde o primeiro ano quando me chamavam de vagabunda," pensou Carol consigo mesma.
— "Está tudo bem, não se preocupe com isso," disse Carol para Pri, tentando desviar o assunto.
O garoto bufou e murmurou um "desculpe pelo que disse, Carol" antes de ir embora.
— "Obrigada por me defender, mas isso era desnecessário," comentou Carol.
— "Não é legal nenhum garoto falar desse jeito com as garotas. Não me importa se o que ele disse é verdade ou mentira," respondeu Pri firmemente.
— "O que ele disse é verdade. Tenho certeza que já ouviram falar de mim; muitos colegas irão falar da minha reputação aqui," admitiu Carol com um olhar distante.
— "Não me importa qual sua reputação; de qualquer forma a maioria de nós não tem uma boa," disse Pri com um sorriso encorajador. — "Vamos fazer o trabalho agora."
O tempo passou rápido enquanto elas trabalhavam juntas; Pri falava francês fluentemente e Carol começou a se sentir mais à vontade. Durante a conversa, Pri revelou:
— "Eu fui transferida com uma bolsa de 100% e jogava vôlei com minha irmã Clarisse desde o primeiro ano do ensino médio. Mas tive que parar alguns anos para tratar de uns problemas pessoais."
Quando o sinal tocou e todos começaram a sair da sala, Pri segurou a mão de Carol antes que ela fosse embora.
— "Ei, já que somos vizinhas e talvez parceiras de estudo, você deveria ter meu número," disse Pri com um sorriso radiante.
Ela pegou o braço de Carol e anotou seu número ali mesmo. Carol gostou da sensação da mão de Pri em seu braço.
— "Não lave essas mãos até salvar este telefone!" brincou Pri rindo.
— "Obrigada! Depois mando mensagem para salvar o meu," respondeu Carol enquanto olhava para o número anotado por Pri.
Nesse momento, duas meninas apareceram: Dani e Adê.
— "Oi linda! Você deve ser a aluna nova né?" perguntou Adê com um sorriso provocador.
— "Eu e minha amiga vimos você e Carol andando juntas e queríamos dizer algo interessante sobre ela," completou Dani maliciosamente.
Carol sentiu um frio na barriga e queria passar por elas sem ouvir nada do que tinham a dizer.
— "Com pressa, Carol?" indagou Dani sorridente enquanto bloqueava seu caminho.
— "Não diga que eu não avisei," murmurou Carol para Pri antes de tentar sair rapidamente sem esperar por ela.
Pri chamou:
— "Espera, Carol..."
Enquanto caminhava apressada pelo corredor final, Carol só conseguia pensar:
“Elas devem estar dizendo à Pri: ‘fique longe da vagabunda da faculdade’. Espero que ela não fique traumatizada pelas falas das meninas.”
De repente, sentiu um braço em volta dela e reconheceu o cheiro familiar de Felipe.
— "Oi Carol!" ele disse num tom casual.
Carol revirou os olhos:
— "Felipe..." respondeu com uma cara irritada enquanto tentava se desvencilhar daquela situação desconfortável.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Atração de almas
RomanceEm um campus universitário onde a superficialidade reina, Carol se destaca por sua natureza reservada e sua aversão a laços duradouros. Conhecida por todos, mas realmente compreendida por ninguém, ela prefere a solidão a se expor ao julgamento alhei...