Capítulo 10

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"Sem medo de errar, com receio de perder..."

Natália

Ontem foi um dos dias mais tristes da minha vida, só que antigamente era um dos mais felizes. Contraditório, não é? Eu sei...

Bem na calada da noite fiquei deitada na cama da minha filha com sua foto encostada em meu peito.

Sou mulher o suficiente para dizer que chorei pra caralho nessa madrugada.

Nunca irei aceitar o fato de perder Laura daquela maneira, e me dói tanto pensar no acontecido que não tenho forças para sair desse quarto.

Hoje era o aniversário da minha pequena, e meu coração está despedaçado em não a ter aqui comigo.

– Me desculpe, filha. A mamãe te ama e jamais irá te esquecer. – beijei sua foto e novamente caí em prantos.

Eu odiava chorar. Odiava mesmo. Mas não consigo ficar indiferente quanto a isso, e se eu pudesse tê-la de volta prometeria até mesmo sorrir para todo mundo, até mesmo se me agredissem.

Soa meio idiota a frase, mas faria algo até então "impossível" para mim, e não reclamaria em momento algum.

Olhei em meu relógio, e vi que já se passavam das 8h. Fiquei longas horas no quarto dela, e sei que estou um bagaço, só que não me importo.

Há dores que sentimos sozinhos e sei que eu levaria a minha até o túmulo.

A maioria das pessoas não entendem a dor em perder um filho, é algo que não tem explicação.

Naturalmente o filho enterra a mãe, e isso já é doloroso demais, agora a própria mãe enterrar um de seus filhos é...

Não, não há palavras para descrever algum sentimento que se aproxime do que estou dizendo agora.

Perceber que uma pessoa tão jovem não irá ter futuro devido a um erro ou uma hesitação dói lá no fundo, e não consigo sequer imaginar algo que chegue perto.

Saí do quarto e fui ao banheiro. Precisava lavar o meu rosto. Estou uma lástima já que praticamente passei a madrugada chorando.

– Se controle e respire! – falei para o meu eu interior na esperança de me acalmar.

Depois de alguns minutos no banheiro fui para o meu quarto. Precisava dormir. Levaria ela comigo, já que sua foto continuava firme em minhas mãos.

O que eu não previ foi que ao dobrar uma curva para chegar em meu quarto acabaria por avistar um pequeno ser que mais parecia estar perdido.

– Oi, tia.

Tomei um baita susto por ela me abordar perto do meu quarto.

– Olá...

Eu não me recordava do nome da filha de Sofia, e por alguns segundos fiquei sem reação de vê-la nesse local, já que havia colocado nas regras que era proibido vir aqui.

– Eu não sei onde tô. Queria ir no banheiro, mas tô perdida. Aqui é muito grande, tia.

Sorri.

Não era culpa dela, realmente a mansão é enorme, e como ela é muito pequenininha, provavelmente se perdeu.

– Tudo bem. Vou te mostrar onde fica o banheiro.

– Tá bom.

Em um movimento impensado ela me deu a sua mão, e novamente fiquei sem reação. Há quanto tempo eu não pegava na mão de uma criança? Nem lembro mais, já que nem a do meu filho eu pegava.

Tentei não pensar nisso. Eu sou uma mãe falha, entendo e assumo isso.

Enxuguei um pouco meu rosto, que continuava inchado.

Resolvi pegar na sua pequena mão e a fui guiando em direção a um dos banheiros da casa.

– Ayla, não é? – havia lembrado o nome dela depois de certo tempo.

The Lost - StaliaOnde histórias criam vida. Descubra agora