HIPÓTESE: Toda vez que eu minto, as coisas ficam piores por um fator de 743.
– Você... Você ouviu isso? – perguntou ela.
Yoongi correu para tirar suas coisas da mesa e murmurou:
– Eu já estava de saída.
Jennie mal percebeu e ficou olhando para Taehyung enquanto ele puxava a cadeira para se sentar diante dela.
Merda.
– Ouvi – disse ele, sereno e imperturbável.
Jennie sentiu que estava prestes a se desintegrar em um milhão de pedacinhos. Ela queria que ele voltasse atrás. Que dissesse: "Não. Ouvi o quê?" Queria voltar no tempo e alterar todo aquele dia caótico. Não olhar as mensagens no celular, não deixar Jisoo entrar no laboratório e vê-la suspirando pelo namorado de mentira, não abrir o coração para Yoongi no pior lugar possível.
Taehyung não podia saber. Simplesmente não podia. Ele ia pensar que Jennie tinha lhe dado um beijo de propósito e arquitetado toda aquela maluquice, que o tinha manipulado. Ele ia querer terminar tudo antes de conseguir colher os benefícios do acordo. E ia odiá-la.
Aquela possibilidade era terrível, então ela disse a única coisa em que conseguiu pensar:
– Não era sobre você.
A mentira rolou pela sua boca como se fosse um deslizamento de terra: imprevisível, rápido e com grandes chances de fazer um estrago.
– Eu sei.
Ele assentiu e... não parecia surpreso. Era como se nunca tivesse ocorrido a ele que Jennie pudesse estar interessada. Ela quis chorar, um estado de espírito frequente naquela fatídica manhã, mas, em vez disso, vomitou mais uma mentira.
– É que... eu estou a fim... de um cara.
Ele assentiu novamente, dessa vez mais devagar. Seus olhos ficaram mais opacos, o maxilar mexeu de leve, muito rapidamente. Ela piscou, e a expressão no rosto dele era fria novamente.
– É, eu concluí isso.
– Esse cara é...
Ela engoliu em seco. Quem ele era? Pensa rápido, Jennie. Imunologista?
Islandês? Uma girafa? O que ele era?
– Não precisa me explicar se não quiser – disse Taehyung, com a voz levemente diferente, mas também reconfortante. Cansada.
Jennie percebeu que estava retorcendo as mãos, mas, em vez de parar, apenas as escondeu embaixo da mesa.
– Eu... É que...
– Tudo bem.
Ele abriu um sorriso tranquilizador, e Jennie... Ela não conseguia olhar para ele. Por nem mais um segundo. Desviou o olhar, desejando desesperadamente que tivesse algo a dizer. Algo que pudesse consertar tudo. Do lado de fora do café, pela janela, viu um grupo de alunos da graduação reunidos em volta de um notebook, rindo de algo que passava na tela. Uma rajada de vento espalhou alguns papéis, e um garoto correu para recolhê-los. Lá longe, o Dr. Rodrigues vinha andando na direção da Starbucks.
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A Hipótese do Amor - Taennie
FanfictionQuando um relacionamento falso entre cientistas encontra a irresistível força da atração, as teorias de uma mulher sobre o amor, cuidadosamente calculadas, são postas à prova. Jennie Kim Olive, uma estudante de doutoramento em Biologia, não acredita...