Assim que terminamos o jantar, Derek se levantou para ir embora. Ele agradeceu à minha avó pela comida e lançou um último olhar para mim antes de sair pela porta. Havia algo enigmático em seu olhar, um mistério que me deixava curiosa, mas eu só consegui sorrir e me despedir com um aceno.
Assim que ele saiu, a vovó se aproximou com um olhar curioso e me cutucou, como quem queria arrancar uma confissão.
— E então, ele é só seu amigo mesmo? — ela perguntou, com um sorriso de canto.
— Vó! — reclamei, rindo. — Ele só veio me trazer em casa, nada demais.
Ela ergueu as sobrancelhas, claramente desconfiada, mas deixou o assunto de lado.
Depois de ajudar a vovó a arrumar a cozinha, subi para o meu quarto. O silêncio da casa parecia mais denso do que o normal, e cada pequeno ruído me fazia lembrar das histórias que ela tinha contado mais cedo — sobre bruxas e lendas antigas. Me joguei na cama, mas minha mente estava longe de descansar. A voz que ouvi na escola ainda me perturbava, e a presença de Derek, tão próxima e ao mesmo tempo tão distante, me fazia sentir algo que eu não conseguia explicar.
O dia tinha sido longo, e os acontecimentos estavam embaralhados na minha mente. Fechei os olhos, respirando fundo, tentando esquecer o que aconteceu, mas o sono parecia distante. Me revirava, buscava uma posição confortável, mas minha mente insistia em me manter alerta.
Em algum momento, devo ter caído no sono, porque de repente eu estava em uma floresta. Mas essa não era a floresta comum de Beacon Hills; havia algo sombrio, como se uma névoa densa e escura pairasse no ar. As árvores pareciam mais altas, como se se inclinassem sobre mim, e tudo ao redor estava envolto em um silêncio profundo, pesado.
Caminhei por entre as sombras, sentindo o chão frio e úmido sob meus pés descalços. Foi quando ouvi uma voz. Era baixa e sussurrada, mas cada palavra ecoava na minha cabeça com uma clareza assustadora.
— Está chegando a hora, Victoria... — disse a voz, em um tom que era ao mesmo tempo suave e ameaçador. — Você precisa descobrir quem você realmente é.
Olhei ao redor, tentando identificar a origem daquela voz, mas não havia ninguém ali. O som parecia vir de todos os lados, envolvendo-me. Dei um passo para trás, e meu coração começou a bater mais forte.
— Quem é você? — perguntei, minha voz saindo como um eco fraco na escuridão.
— Isso, você mesma terá que descobrir — sussurrou a voz, quase como uma risada distante, que se desvanecia lentamente.
Antes que eu pudesse reagir, uma figura encapuzada surgiu diante de mim, com olhos brilhantes que pareciam penetrar em minha alma. O ar ao meu redor ficou pesado, e eu sentia como se estivesse sendo puxada para algum lugar que não conseguia ver, mas de onde não poderia escapar.
Num piscar de olhos, acordei ofegante, o coração batendo freneticamente. O quarto estava escuro, e eu ainda podia sentir o frio do chão da floresta em meus pés. Passei a mão pelo rosto, tentando acalmar a respiração, enquanto as palavras da voz ecoavam na minha cabeça.
"Você precisa descobrir quem você realmente é."
Eu me levantei, ainda estremecendo, e fui até a janela. Lá fora, a noite estava tranquila, mas algo em mim sabia que aquele sonho não era só um sonho. Ele era um aviso, uma chamada para algo que eu nem imaginava, e que, de alguma forma, estava mais próximo do que eu imaginava.
A manhã chegou rápido demais, e, apesar do cansaço que eu sentia, aquele sonho continuava vívido na minha mente. Cada detalhe ainda estava lá, desde o sussurro que ecoava até a sensação assustadora que parecia prender meus pés ao chão da floresta.
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Entre lendas e Lobos - Derek Hale
FanficTudo o que Victoria queria era uma vida simples e tranquila, como qualquer outra adolescente. Mas isso muda drasticamente quando ela se muda para Bacon Hills, uma pequena cidade no interior da Califórnia, para viver com sua avó após a perda trágica...