O céu estava escuro, carregado de nuvens que prometiam uma tempestade. A cidade de Porto Real estava coberta de luto, e um silêncio fúnebre pairava no ar. No sopé de uma montanha, próximo ao lugar onde os Targaryen realizavam suas cerimônias de despedida, a corte estava reunida para prestar suas últimas homenagens. Entre eles, destacava-se a família Velaryon, especialmente Rhaenys, cujo semblante sério e olhos inchados denunciavam o luto e as lágrimas recentes. Na linha de frente, junto à pira funerária, estavam Rhaenyra, Viserys, e Daemon, de rostos sombrios, encarando os corpos de Aemma e de seu recém-nascido, Baelon.
Rhaenyra, com apenas oito anos, sustentava a dor de uma perda dupla: sua mãe e seu irmão, o único menino que Aemma conseguiu trazer ao mundo após tantas tentativas. Viserys, ao seu lado, estava devastado, e Daemon, mais quieto do que o usual, observava em silêncio a pequena sobrinha, sabendo o peso que ela carregava. O silêncio entre os presentes era absoluto, mortal, cada um respeitando a intensidade daquele momento.
Daemon, percebendo a hesitação de Rhaenyra, deu um passo à frente e sussurrou suavemente:
— É a hora, minha pequena.
Rhaenyra respirou fundo, com o olhar fixo nos corpos da mãe e do irmão. Por um instante, ela desviou os olhos para Rhaenys, que estava em pé logo atrás. Rhaenys deu-lhe um leve aceno de cabeça, encorajando-a.
Com a voz trêmula e marcada pela dor, Rhaenyra deu um passo à frente e finalmente pronunciou:
— Dracarys...
O comando, embora audível, estava carregado de tristeza, falhando no final, como se as palavras fossem uma lâmina atravessando seu coração. Syrax, a jovem dragão de Rhaenyra, hesitou por um instante, como se também sentisse o pesar da sua montadora. Mas logo, obediente, soltou um poderoso jato de fogo sobre a pira funerária, envolvendando os corpos de Aemma e Baelon em chamas douradas que dançavam contra o céu cinzento.
As chamas refletiam nos rostos dos presentes, iluminando seus olhos marejados. Viserys, que tentava segurar as lágrimas, finalmente deixou-as cair, a mão apertando o ombro de Rhaenyra em uma tentativa silenciosa de consolo. Rhaenys observava de cabeça erguida, mas os traços em seu rosto mostravam uma mistura de dor e orgulho pela força de Rhaenyra.
O crepitar das chamas era o único som que rompia o silêncio profundo, e todos ali, em respeito à perda, se mantinham quietos, apenas observando. A dor de Rhaenyra era visível, mas também sua determinação de honrar a memória da mãe e do irmão.
Daemon inclinou-se levemente e murmurou para Rhaenyra:
— Você foi forte hoje, como sua mãe teria desejado.
Rhaenyra assentiu, mas não respondeu. Ela se manteve firme, sentindo o calor das chamas, como se aquele fogo pudesse levar parte de sua dor. E assim, sob o olhar atento e solene dos Targaryen e de seus aliados, Aemma e Baelon foram entregues ao fogo, enquanto o céu carregado começava a liberar as primeiras gotas de uma chuva pesada, como se o próprio céu chorasse pela Rainha que partira e pelo príncipe que mau conheceu a vida.
A manhã amanheceu cinzenta, e uma chuva implacável desabou sobre Porto Real e a Fortaleza Vermelha, como se até mesmo os deuses estivessem lamentando a perda de Aemma e Baelon. A tempestade parecia refletir a tristeza no coração da jovem Rhaenyra, que, desde a cerimônia, havia se refugiado nos braços de Rhaenys. Envolta no abraço consolador da prima, Rhaenyra chorava silenciosamente, o rosto marcado pelas lágrimas e pela dor.
Daemon estava próximo, respeitando o luto de Rhaenyra, mas sempre à disposição, um ombro silencioso que se oferecia para confortá-la. Ele trocou um olhar compreensivo com Rhaenys, ambos compartilhando a mesma determinação de apoiar a pequena princesa naquele momento de fragilidade.
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The Dragon Queen
FanfictionApós cair em batalha defendendo Rhaenyra Targaryen, a Princesa Rhaenys Targaryen desperta em uma dimensão desconhecida, onde é confrontada por suas falhas e arrependimentos. Diante de um espelho que revela o futuro trágico de sua família, ela descob...