Eu estava em casa, com o coração acelerado e respiração ofegante. A luz do entardecer filtrava-se pelas cortinas, mas a sensação de claustrofobia era esmagadora. A porta do apartamento se abriu, e os passos firmes de Sung Hoon ecoaram como um tambor de guerra.
- Você não deveria ter saído, Jungkook – disse Park Sung Hoon com um tom ameaçador, aproximando-se.
- Onde você estava?
Senti meu corpo encolher, o medo tomando conta de mim. Antes que eu pudesse responder, ele avançou e me segurou pelo pulso, forçando-me a olhar em seus olhos sombrios.
- Você sabe o que acontece quando você desobedece? - sua voz era fria, e a pressão em seu punho aumentava.
A lembrança das agressões passadas veio à tona, e meu coração começou a acelerar ainda mais. Eu tentava lembrar dos momentos em que Sung Hoon tinha me agredido, suas mãos pesadas e a sensação de impotência. Cada soco, cada empurrão, ecoava em minha mente.
- Eu... eu só fui ao mercado – consegui gaguejar, a voz trêmula.
Ele então riu, um som cruel que me fez estremecer. Sem aviso, Sung Hoon me empurrou contra parede, e a dor explodiu em meu rosto quando ele me atingiu. Caí no chão, tentando proteger meu rosto com as mãos, mas ele não parou.
- Você é uma desgraça, Jungkook! – gritou ele, seus olhos cheios de raiva.
Senti o sangue escorrendo pelo meu rosto, a visão turva e a dor insuportável como uma onda avassaladora. Tudo que eu conseguia pensar era na urgência de escapar daquele lugar, escapar do meu marido. Com um último esforço, agarrei um cinzeiro de vidro pesado que Sung Hoon tanto amava e, reunindo toda a minha força, acertei sua cabeça. Ele cambaleou, o olhar perdido, antes de desabar, finalmente desacordado.
Quando vi o sangue escorrendo e formando uma poça, o pânico tomou conta de mim. Ajoelhei-me ao seu lado, aterrorizado, convencido de que o havia matado. A mão trêmula hesitava, mas finalmente pressionei os dedos contra o pescoço dele, tentando sentir a pulsação. A cada segundo que passava, minha respiração se tornava mais rápida e irregular, como se o desespero quisesse me engolir.
A ideia de que eu realmente poderia ter tirado a vida dele me aterrorizava. Se ele estivesse morto, quem acreditaria que tudo não passou de legítima defesa? O peso da incerteza me sufocava. A dor e o medo se entrelaçavam dentro de mim, transformando cada batida do meu coração em um eco de desespero.
A situação estava fora de controle, e eu me vi perdido em um mar de dúvidas e angústias. A única certeza que eu tinha era que, se o tivesse ferido, tudo mudaria para sempre. O que eu mais queria era que ele estivesse vivo, que tudo aquilo não tivesse acontecido, e que eu pudesse voltar atrás. Mas num golpe de pavor, senti a mão de Sung Hoon agarrar meu pulso, sua pegada como uma corrente de ferro.
- ME SOLTA, ME SOLTA! – Gritei a voz transbordando desespero. Ele puxou meu corpo para perto e a frieza em seu olhar me fez tremer.
- Você acha que pode escapar de mim Jungkook? - ele sussurrou, a voz baixa e ameaçadora. - Eu vou te matar.
O terror me paralisou, e uma onde de adrenalina percorreu meu corpo. Com uma explosão de força e desespero, consegui me desvencilhar de seu aperto. Corri em direção à porta, sem olhar para trás, meu coração batendo furiosamente no peito. O som de meus passos ecoava no corredor, e a ideia de que ele poderia a qualquer momento me puxar de volta para aquele lugar sombrio me acompanhava.
Apenas a ideia de estar livre me impulsionava, enquanto o medo de ser pego novamente ameaçava me engolir. Ao atravessar a porta de fora do edifício, as luzes do mundo exterior me atingiu como um bálsamo, mas a lembrança do olhar de Sung Hoon e suas palavras ainda queimavam em minha mente, uma sombra que prometia que tudo poderia piorar.
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Atraídos pelo Destino
FanfictionDepois de sobreviver a um passado doloroso, Jungkook só deseja paz e um recomeço. O que ele não esperava era encontrar conforto e um novo sentido ao cruzar o caminho de Taehyung, um médico brilhante, porém aprisionado em um casamento sem amor. À med...