Conforto

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Senti uma mistura de emoções confusas enquanto lia o diário do meu sequestrador.
Horror, medo, raiva e, estranhamente, uma ponta de compaixão.

A história de Henry, o homem que me sequestrou, era terrível. Um pai psicopata, abusos, dor e medo.

Eu não posso imaginar como alguém poderia sobreviver a isso.

Mas, ao mesmo tempo, eu via o quanto Henry estava perturbado. Sua obsessão por mim não era apenas um desejo, era uma necessidade. Ele me via como uma salvação, uma maneira de escapar do seu passado.

Eu sentia uma sensação de tristeza por Henry, por tudo o que ele havia passado. Mas também sentia medo, pois sabia que sua obsessão era perigosa.

"Como posso sentir compaixão por alguém que me sequestrou?"– eu pensei

"Mas, ao mesmo tempo, como posso não sentir?"

Eu estava presa em um ciclo de emoções contraditórias. Queria ser livre, mas também queria entender Henry. Queria odiá-lo, mas também queria ajudá-lo.

"O que é amor?"–me perguntei
"É isso que Henry sente por mim? Ou é apenas uma obsessão doentia?"

Eu não sabia mais o que pensar. Tudo o que sabia era que precisava encontrar uma maneira de escapar, antes que fosse tarde demais.

Mas "O que aconteceria se eu fosse capaz de curar as feridas de Henry? O que aconteceria se eu pudesse mostrá-lo que amor verdadeiro não é possessão, mas liberdade?"

...

Guardo seu diário no mesmo lugar e Sião imediatamente do quarto.

Ele estava prestes a sair do banheiro, para em sua frente como se não soubesse de nada.

Entro passando ao lado do mesmo, que apenas possuía uma toalha branco em seu corpo.

Não pude deixar de olhar seu peitoral musculoso, seus cabelos caídos sobre a testa, deixando cair pingos de água em seu peitoral e em suas costas.

...

Escovo os dentes pensando em algo lógico e racional.

"Ele me tirou tudo o que eu tinha de seguro para ter uma vida que orgulhasse meus pais"

"meu trabalho temporário e minha faculdade, faltava um ano para me formar."

"como ele acha que eu estou me sentindo botando todo o meu futuro a perder? todo o meu esforço foi em vão?"

"Eu preciso conversar com ele"

"mas como?, ele veio de uma família instável no temperamento, e se ele surtar?"

...

O dia estava ensolarado, diferente dos dias anteriores.

– você está bem?– Henry me pergunta

– an? aham, estou– digo saindo dos meus pensamentos

– você está meio.. distraída– ele diz antes de tomar o resto do café em sua xícara

Ele se levanta e anda em direção a pia, colocando todos os pratos, xícaras e talheres que usamos.

– eu preciso conversar com vc– falo de forma direta e séria

Seu corpo é paralisado e direcionado para mim, de uma forma estranha.

– E sobre o que seria essa conversa?– ele me pergunta, virando seu corpo novamente para a pia, começando a lavar o que sujamos

– podemos conversar depois– digo me levantando para ir para meu quarto pensar mais– que você lavar a louça

– é tão sério assim?– ele me pergunta, parando de lavar a louça

– sim, sério para mim. Mas você não precisa parar de lavar a louça por isso.

– não, é sobre você, pode me contar, estou preocupado agora– ele diz se aproximando de mim.

"ele tem noção de espaço?"

Ele estava literalmente em cima de mim.

Henry se aproximou de mim com uma expressão de preocupação, seus olhos escuros buscando os meus me mostraram sua ansiedade pelo o que eu tinha pra falar.

– pode me contar, qualquer coisa– ele diz com uma voz baixa e suave

À medida que ele se aproximava, eu senti meu espaço pessoal sendo invadido.

Henry era alto, muito mais alto do que eu, e sua proximidade fez-me sentir vulnerável.

Joguei minha cabeça para trás, tentando criar distância entre nós, mas mesmo assim, minha cabeça mal alcançava o queixo de Henry.

Senti um arrepio percorrer minha espinha enquanto Henry continuava a se aproximar, sua face agora muito próxima da minha. Eu podia sentir o calor de seu hálito, o cheiro de sua pele. Era como se ele estivesse envolvendo-me com sua presença, me deixando sem fôlego.

"Henry, por favor..."– comecei a dizer, tentando criar espaço, mas minha voz saiu fraca e hesitante.

Henry não pareceu notar meu desconforto. Ele continuou a se aproximar, seus olhos fixos nos meus, buscando respostas.

A diferença de altura entre a gente era marcante, me senti pequena e frágil em comparação com a força e a presença de Henry.

Eu não sabia como reagir, como lidar com a proximidade invasiva dele. Tudo o que sabia era que precisava criar distância, precisava respirar.

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