IV - Memórias

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1680 - Montreux, Suíça.

Rio Vidal, ou, La Muerte, estava esperando sua querida Agatha Harkness despertar. Sabia que lidar com tantas experiências de quase morte não é fácil para ninguém, mesmo para uma bruxa poderosa como Agatha. Porém, ela sabia que ela não voltaria, não até se lembrar de tudo ─ demoraria um tempinho, afinal, eram anos de encontros noturnos que estavam voltando para a memória de Agatha, Rio sabia que não seria fácil, e que possivelmente, Agatha não reagiria bem, mas já havia perdido tempo demais com ela, não cometeria o mesmo erro duas vezes.

Sabia que ao ter sumido por dois anos, havia mudado Agatha, mesmo que ela não lembrasse, tinha um vazio, que Agatha nunca conseguiu entender o que era, mas simplesmente não podia lutar contra, era como se fosse uma parte dela, era justamente a parte que faltava dela, a única pessoa que realmente apoiou e amou Harkness, e com o afastamento, ela sentiu, e muito, só não gostava de demonstrar, até porque, não entendia o que real estava acontecendo, mas agora, iria entender.

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1670 - Salem

A pequena bruxa roxa estava sentada em sua cama, lendo alguns livros sobre ervas e magia da natureza, ela ouvira o rumor que sua querida La Muerte poderia ser ─ na verdade, a Bruxa Verde Original. Fazia sentido, magia verde está ligada ao ciclo da vida, faria sentido A Bruxa Verde cuidar disso.
Agatha lia cada página com muita atenção, como se algo nelas fossem trazer alguma resposta sobre a mulher, sabia que a opção mais fácil era perguntar a mesma sobre, mas por mais que La Muerte mostrasse o seu lado mais amoroso para a Harkness, não significava que podia sair perguntando sobre o seu passado, Agatha podia ter apenas nove anos, mas sabia o básico de limites entre o seu relacionamento com A Morte.

Agatha nem percebeu as horas que ficou lendo, até que a presença fúnebre tirasse a sua atenção dos livros.

Era impressionante como mesmo após anos, as reações ainda eram as mesmas, um sorriso radiante surgia nos lábios de Agatha toda vez que sentia a presença da mulher, e La Muerte sempre a esperava com o seu semblante calmo, coisa que ninguém via, apenas Harkness, além do fato que a pequena sempre corria para os seus braços, não importava onde estivesse, ela sempre acabava nos braços da Morte.

─ Mi Muerte! ─ A pequena exclama animada, correndo em direção a mais velha.

─ Mea Puella! ─ Ela responde colocando Agatha em seu colo. A bruxa sempre dava um jeito de entrelaçar seu corpo no da mulher.

A mais velha vai até a cama, se sentando, mas sem tirar a pequena de seu colo. Devido a falta de espaço, Agatha se senta do lado da mulher. A mesma olha curiosa para o livro.

─ Magia da Terra? O que pretendes fazer com esse conhecimento, bruxinha? ─ Ela brinca, Agatha apenas a olha com um sorriso travesso nos lábios.

─ Gosto de ter um conhecimento amplo sobre a Arte, e bom, não existem muitas bruxas verdes por aí, então meio que a minha única fonte é esse livro. ─ Agatha confessa, A mulher a olha com um brilho nos olhos, não estava pronta para falar abertamente do passado, mas queria contar um pouco de sua história para Agatha.

─ Sabe... Eu já fui A Bruxa Verde. ─ Ela começa e Harkness a olha intrigada. ─ Eu sou A Bruxa Verde Original. Minha Mãe Gaia me criou como uma bruxa da terra na infância.... ─ Confessa com dificuldade, ela sentia um nó em sua garganta.

─ Então é verdade, La Muerte é A Bruxa Verde Original? ─ A pequena pergunta e ela confirma com a cabeça. ─ Pela Deusa! Isso é magnífico! ─ Ela diz animada, a mulher não queria estragar o momento, então não entraria mais no assunto.

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