II - O chamado.

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Salem - 1680

" Mea puella, mea venefica. Cuius oculi caerulei sunt tam profunda quam maris immensitas. Capilli tui, negri sicut mei cordis. Auram mysteriorum cum sola nocte in silva. Vires a multis male intellectae, sed benedictionem. Parvula sed potens purpurea venefica. Cor meum non desinet tibi verberare, nec in novissimo die, quia tecum ero, expectantes te in alteram partem ducere."

A melodia ecoava pela mente de Agatha, ela não lembrava quem havia cantado uma espécie de canção de ninar, sabia que não era a sua mãe, mas, se não fosse, então quem seria? A bruxa sabia que a canção era algo pelo menos estranhamente familiar, afinal, era um verso em Latim, as bruxas em geral sabem o básico do Latim, mas não a ponto de criar uma canção que falava justamente sobre Agatha, e, mesmo se soubessem, sua mãe não perderia seu tempo colocando a bruxa para dormir, ela só o fazia quando a pequena implorava para contar as lendas sobre La Muerte.

Harkness já estava de pé, era cedo, ainda estava de manhã. Para sua felicidade, Evanora não estava em casa, assim, ela poderia ficar em paz. Diferente das outras vezes, a mãe sempre deixava um bilhete, contando para a filha onde ela estava para ter o mínimo de contato possível. E de algum jeito, funcionava. Elas mal se viam durante o dia. Evanora estava sempre ocupada com seu Coven, afinal, era a líder, por sua vez, Agatha, quando não passava o dia na floresta, tentando não socializar mais que o necessário, ela também ficava trancada no quarto, estudando, tentando alcançar uma perfeição que não existia. Porém, agora, sua nova obsessão, não era nada menos que a Morte.

Ela não entendia o motivo, mas sabia que precisava encontrar com a mulher novamente, era uma urgência, algo incontrolável, ia muito além do que Agatha conseguiria entender, por mais que tentasse racionalizar, não conseguia. Por outro lado, estava intrigada com o sentimento. Ela tinha medo, mas, não conseguia evitar de pensar sobre como havia se sentido no Vale das Almas, com a presença da Morte, era como um mix de sensações, não conseguia descrever em palavras, só sabia que era algo forte, inevitável, talvez.

Intrigada com a confusão de seus próprios sentimentos, a bruxa resolve ir atrás de respostas, ou, tentar.

Agatha sai de sua casa e vai atrás de seu Coven. Havia uma grande casa, onde as bruxas ficavam para estudar, ganhar mais conhecimento sobre as Artes, treinar feitiços, poções, magias. Também servia para reuniões das bruxas, Evanora já havia dado diversos discursos sobre como as bruxas devem sobreviver e coisas do gênero.

Ela entra na casa, para a sua felicidade, não tinha quase ninguém. Ao andar pela sala, ela vê justamente quem precisava.
Soraya Lanfear.

A mulher era um pouco mais velha que Agatha, mas possuía um conhecimento sobre as lendas, mitos que as bruxas nasceram ouvindo. Seria definitivamente a melhor pessoa para conseguir informações sobre La Muerte. Com um sorriso no rosto, Agatha chama a atenção da mulher.

─ Soraya! Querida... Está deslumbrante hoje sabia? ─ A morena fala com um sorriso travesso no rosto, a mulher cacheada e ruiva revira os olhos.

─ Não me enganas, Harkness. ─ Soraya responde e Agatha faz um beicinho, parecendo ofendida. ─ O que queres? ─ A mulher pergunta curiosa.

─ Preciso de teus conhecimentos... ─ Ela confessa e a outra inclina a cabeça, intrigada, Agatha se aproxima ainda mais, chegando perto de seu ouvido.

─ O que sabes sobre La Muerte? ─ Harkness pergunta animada, mas em um tom baixo, era quase um sussurro. Soraya se afasta, seus olhares se cruzam, a ruiva sente algo sombrio nos olhos de Agatha, mas, sua curiosidade, não a faria parar. A mulher segura na mão da bruxa roxa e a leva para a biblioteca da casa.

𝐌𝐈 𝐃𝐔𝐋𝐂𝐄 𝐌𝐔𝐄𝐑𝐓𝐄Onde histórias criam vida. Descubra agora