𝐌𝐈 𝐃𝐔𝐋𝐂𝐄 𝐌𝐔𝐄𝐑𝐓𝐄

III - Se entregue.

Salem - 1680

Harkness acorda sozinha em sua cama, mesmo sonolenta, tenta achar algo que explicasse o sumiço de La Muerte, infelizmente, não havia nada. Agatha se levanta, troca suas vestes e vai até a sala, mas se arrepende quando avista Evanora sentada em sua poltrona, apenas esperando Agatha despertar. No tempo que a mais nova estava em alguma floresta com a Morte, sua mãe entrou em seu quarto, surpresa por não ver a jovem, ela procurou algo que explicasse a falta da presença de Agatha no meio da noite, ao olhar para o chão e ver um livro que falava sobre La Muerte, o livro que Evanora uma fez já havia utilizado, ela entende o que estava acontecendo, era inevitável, a profecia havia sido cumprida, Agatha havia tido o encontro com a tão tenebrosa Morte. 

A mulher a olha incrédula, com um desprezo inconfundível. Agatha já estava acostumada com tal olhar, mas não queria dizer que ainda não doía. Ela se aproximou da mulher, sentando na outra poltrona, ficando cara a cara com a mãe, seus olhos desceram e encontram com o livro que Soraya havia lhe dado, agora ela entendia o que estava acontecendo. 

─ Queres explicar o que é isto? ─ Evanora perguntou ácida, com uma repulsa em seu tom, Agatha engoliu seco, mas não iria mostrar fragilidade. 

─ Não sabes o que é um livro? Cuidado mamãe, a idade está chegando rápido para ti. ─ Rebateu, tentando passar uma confiança que não existia, ela sente o olhar da mulher escurecer de ódio. 

─ Agora vai bancar de inocente? Nós sabemos que esse papel não combina contigo. 

─ O que queres que fale? Não posso mais ter curiosidades? ─ Ela perguntou tentando se colocar como a vítima, mas ambas sabiam que ela estava longe disso, sabia exatamente dos perigos que enfrentava, era isso que a puxava como um imã para La Muerte.

─ Sabes que é muito maior que isso, Agatha. ─ Respondeu Evanora, seu tom ríspido. ─ Estás diferente... ─ Confessa, analisando a aura da jovem. ─ Onde estavas ontem a noite? 

─ Não vem ao caso. E não estou diferente. Talvez, seja apenas a senhora que não conhece a própria filha. ─ Provocou, a tensão estava palpável, Agatha sentia seu sangue borbulhar, sabia que no fundo, sua mãe estava escondendo algo. 

─ Curiosidade sobre La Santíssima Muerte? Sabes que não devemos procurar o que não conseguimos entender. 

─ Falam como se ela fosse algo terrível... ─ Harkness confessa em um tom baixo, parecendo magoada ─ não havia melhor resposta para Evanora do que essa reação. 

─ Não acha que és? Ela é uma aberração, não merecia nem o nosso respeito. 

─ Vocês só lhe dão respeito porque tem medo do que não conseguem entender. E isso não devia ser considerado respeito, vocês temem ela, por isso a deixam quieta. ─ Explicou com autoridade, a raiva crescia no peito de Agatha, queria proteger a mulher das coisas horríveis que sua mãe falava, ela sabia que a mais velha estava errada. 

─ Soraya estava certa... Estás tendo um caso com La Muerte. ─ Evanora fala se levantando, Agatha olha incrédula. Não era mentira, mas as palavras saiam como uma ofensa. 

─ Estás se ouvindo? Como eu poderia estar tendo um caso com a Morte? ─ Agatha pergunta ainda em choque, Evanora a olha com nojo. 

─ Eu não sei, mas é a verdade. ─ Ela afirma

─ Óbvio que não! ─ Negou Harkness, começando a ficar nervosa, sabia que não poderia fingir por muito mais tempo. 

─ Eu não fiz uma pergunta, eu afirmei, Agatha. 

─ Por que pensas o pior de mim? ─ Ela pergunta magoada. 

─ Você não me dá escolha, nunca deu. ─ Evanora explicou, Agatha sentiu uma lágrima molhar seu rosto. A mãe apenas saiu da sala, deixando Agatha sozinha, que correu para o seu quarto, não sabia quanto tempo tinha, e sabia que sua mãe quando voltasse, não estaria sozinha.