Um

31 4 5
                                    

Atenção: Para quem está chegando agora, este é o segundo livro da história. Recomendo ler a primeira "Dois Mundos Distintos" para entender melhor os personagens e o contexto, pois ela estabelece as bases da trama e das relações entre Lana e Matthew. Aproveite a leitura!

POV Lana Mendel

Vestindo meu vestido real em tons de vermelho profundo e roxo escuro, com detalhes em dourado que refletem as cores demoníacas de Alébil, observo a casa de Matthew à distância. O tecido se ajusta perfeitamente ao meu corpo, e meu manto habitual, um tecido pesado e acolhedor, me envolve como um abraço quente. A noite está fria e, apesar do manto, me encolho um pouco, tentando me aquecer. Já passa da meia-noite, e Matthew provavelmente deve estar dormindo.

Já faz quase um ano que estou nessa rotina de espiar Matthew de longe sempre que posso. Na maioria das vezes, estou ocupada resolvendo assuntos de Alébil, mas sempre encontro um momento para observá-lo. No dia que voltei para Alébil com meu pai, tivemos que apagar as novas memórias de Matthew antes de enviá-lo para a casa protegida no mundo dos humanos. Ele deveria viver uma vida normal, e qualquer lembrança de Alébil só o deixaria confuso.

Enquanto meus pensamentos vagam, um estalo quebra o silêncio da noite. Um galho se quebra sob o peso de alguém se movendo. Meu instinto é me esconder, mas é tarde demais. Matthew está bem atrás de mim, segurando um monte de lenha nos braços.

Droga, o que ele está fazendo aqui fora a essa hora?

— Você está perdida? — ele pergunta, a voz soando suave e preocupada.

Tento encontrar palavras, mas antes que eu possa responder, ele continua:

— Venha, está frio aqui fora.

Ele começa a andar, e eu sigo em silêncio, o coração acelerado. Matthew me viu, e isso não era bom. O medo de ser descoberta é palpável, mas ao mesmo tempo, há uma estranha sensação de alívio em estar perto dele novamente. Mantendo a distância, sigo seus passos, cada movimento meu calculado para não chamar sua atenção.

Enquanto caminhamos, uma confusão de emoções me invade. A vontade de me revelar, de explicar quem sou e o que ele realmente é, se mistura com o medo do que isso poderia significar para ele. Afinal, ele está vivendo uma vida que não é sua, e eu sou a razão para isso.

Entramos na casa, e Matthew coloca a lenha na lareira que já estava acesa, o calor se espalhando pelo ambiente. Ele se vira para mim com um sorriso amigável e diz:

— Fica à vontade, tá?

Mas eu permaneço de pé, hesitante, observando cada canto do lugar.

— Está sem luz? — pergunto, notando que a casa está mergulhada em escuridão.

Matthew solta um suspiro, olhando para o chão.

— É, infelizmente. O trabalho não tem dado pra muita coisa. Nem dinheiro pra chamar um eletricista eu consegui ainda.

Minha preocupação aumenta.

— E onde fica o quadro de distribuição?

Ele solta uma gargalhada, como se estivesse se divertindo.

— O quê? É eletricista?

Não consigo rir. Apenas digo:

— Pode me mostrar?

Ele dá de ombros e me leva até o quadro. Enquanto abro a tampa, percebo que ele está me observando. Rápido, digo:

— Olha pra outro lado, por favor. Não consigo me concentrar com você me vigiando.

Corações conectados: Rumos Distintos Onde histórias criam vida. Descubra agora