Dois

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— Filipe!— a voz doce de Priscila ecoa em meu subconsciente e então percebo que me perdi em pensamentos.

— Oi!— arrumo as papelada que estão bagunçadas em minha mesa.— Pode entrar.

Priscilla que veste uma camisa formal branca e uma saia justa preta até ao joelho, caminha como se estivesse desfilando com seus saltos pretos.
Ela inclina de leve mostrar o decote lindo que seus peitos formam.

— Está tudo bem?

— Claro, claro.— aceno com a cabeça.— Em que posso ajudar?

— O chefe pediu pra te entregar esses papéis aqui, ele diz que precisa de tudo pronto até o fim da tarde.

— Tudo certo.

Priscila recompõe a postura e caminha até a porta e antes de sair se vira pra mim.

— Ainda não quer me mostrar onde mora?

— Eu realmente moro por lá.

Priscilla sorri e revira os olhos.

— Bobinho. A gente se vê as 18h naquela lanchonete,  então?

Aceno com a cabeça junto de um sorriso.

— Tá.

E então ela sai e fico olhando a porta se fechar a trás dela.

As memórias antes de eu aparecer na casa onde morro, simplesmente não existem.
Tudo o que eu lembro é de ter acordado naquela casa faz um ano.
E desde então é lá que estou vivendo, pois ainda não achei outro lugar acessível pra ficar.
E pra ser sincero, de alguma forma me sinto confortável e protegido ali.

Só que tem algo errado lá, sempre que tento levar alguém pra lá eu não consigo achar casa e acabo pagando de louco.
Eu tenho a certeza de que uso o mesmo caminho, porém quando estou acompanhado nunca consigo achar casa, e todo mundo costuma me perguntar se tenho certeza que moro por ali, pois não há nenhum registro de alguma casa naquele lugar .

E o que me deixa pensativo é que eu consegui levar alguém ontem.
Aquela garota...
Aquela voz...
Algo me diz que eu conheço ela, de algum lugar.

(...)

Ajusto a camisa de flanela azul, tentando parecer mais casual enquanto vejo Priscilla entrar na lanchonete. Ela está com um vestido leve, cheio de flores em rosa e verde, e parece que cada passo dela faz o vestido dançar. Sério, é simplesmente lindo. Meu coração dá um salto.

Quando nossos olhares se encontram, ela sorri, e tudo ao nosso redor desaparece. Assim que ela se senta na mesa, não consigo me segurar:

—  Uau!  Você está incrível hoje.

Ela sorri, com um brilho nos olhos.

— Obrigada, Filipe! E você está tão bem com essa camisa, combinou perfeitamente com você.

Faço uma careta, tentando não parecer bobo.

— Ah, essa? Peguei do fundo do armário! Mas sério, você arrasou com esse vestido. Ele é perfeito pra você.

Ela ri, e é um som tão divertido que me faz sorrir ainda mais.

— Eu só queria algo confortável, mas parece que deu certo, né?

— Com certeza. — digo, apoiando o queixo na mão. — Então, o que você vai pedir? Espero que não seja nada muito saudável. Hoje é dia de se jogar.

Priscilla ri de novo, e esse momento é tão leve que eu só quero que dure para sempre.

Mas algo não me deixa aproveitar o momento.
Porquê a imagem daquela garota não some da minha cabeça?
Porquê a vontade de vê-la de novo me atormenta a cada segundo.

Corações conectados: Rumos Distintos Onde histórias criam vida. Descubra agora