Três

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Assim que chego em casa, a sensação de que alguém me observa me atinge novamente. É uma sensação estranha, que se repete quase todos os dias. Mas, em meio a essa floresta, quem poderia ser? Tento afastar essa ideia da cabeça, seguindo em direção à geladeira para tomar um copo de água.

Depois de matar a sede, vou até meu quarto. O cansaço pesa nos meus ombros, e até penso em tomar um banho para relaxar, mas acabo desistindo. Enquanto tiro a camisa, sinto um arrepio na nuca, mas sigo em frente. Ao olhar para o espelho do closet, algo me faz parar. No reflexo, vejo uma mulher do outro lado da janela, mas quando me viro, não há ninguém ali.

Fico paralisado por um momento, pensando no que acabei de ver. A mente tenta processar, mas logo desvio o olhar e noto algo no chão. Um papel amassado chama minha atenção. Com cuidado, me agacho e pego o bilhete, abrindo-o lentamente.

As palavras estão escritas com pressa, a caligrafia é quase ilegível, mas consigo entender:

"Você precisa sair dessa casa. Não está seguro aqui."

Uma onda de inquietação percorre meu corpo.
Corro para fora da casa, determinado a encontrar a pessoa que escreveu aquela mensagem. A sensação de que estou sendo observado se intensifica a cada passo. Quem poderia estar aqui, na floresta? A inquietação cresce dentro de mim, e eu grito:

— Eu sei que você está aí! Apareça!

Enquanto caminho, meu olhar se fixa na escuridão ao redor, tentando encontrar qualquer sinal. Então, de repente, vejo uma sombra se movendo.

Lana Mendel

Escondida atrás da casa, ouço os passos de Matthew se aproximando. Meu coração dispara quando ele grita, tentando me forçar a aparecer.

— Eu sei que você está aí! Apareça!

Fico parada, a respiração contida. Poderia abrir um portal e desaparecer, mas a luz chamaria a atenção dele. Então, finalmente, Matthew me encontra.

— Você? O que faz aqui? — ele pergunta, a confusão estampada no rosto.

Sinto um rubor de vergonha por ter sido descoberta.

— Estou... perdida, — respondo, tentando manter a calma.

Matthew parece pensativo por um momento, então pergunta:

— Foi você quem escreveu isso?

— Não! — digo rapidamente, quase sem pensar.— Eu posso ver?

Matthew dá de ombros e me entrega o papel, finjo estar lendo e depois devolvo o papel.

— Hmm parece algo urgente, se eu fosse você saia desse lugar viu.

Ele parece não se imortar com o que disse.

—  Seja como for, está tarde. Entra, amanhã você vai pra casa.

— Não, Matthew, eu já estou de saída. — digo, tentando recuar.

Ele franze a testa, e fica me encarando confuso.

— O que foi?

Ele pisca algumas vezes parecendo incrédulo com alguma coisa.

— Meu nome é Filipe.

Droga!
Droga, droga, droga, droga, droga!

— É... É um prazer te conhecer, Filipe.

— Não. Você me chamou de Matthew.

— Eu? Claro que não.

— Chamou sim, que eu não sou surdo.

Corações conectados: Rumos Distintos Onde histórias criam vida. Descubra agora