Corações conectados: Rumos Distintos

Quatro

Matthew Kretzer

Uma semana se passou e nada da garota.
Fico esperando por ela, dia após dia, e tudo que recebo é a rotina monótona do escritório. As coisas entre mim e Priscilla melhoraram, mas a verdade é que a conexão não é mais a mesma. Algo na presença daquela garota misteriosa ainda me perturba, como um eco que não se apaga.

Mordo o lápis, perdido em meus pensamentos, quando ouço uma voz familiar.
Curioso, saio da sala e vejo alguém conversando com meu chefe. A figura é inconfundível: suas roupas são mais casuais, uma blusa branca que realça sua silhueta e uma saia escura. Mas é o cabelo — crespo e volumoso, caindo em cachos soltos — e aquele tom de pele negra que me fazem parar no lugar.

Me aproximo, tentando não parecer nervoso.

— Err... Com licença..

— Ah, Filipe, que bom que você apareceu! — diz meu chefe, sorrindo amplamente. — Queria te apresentar a nova sócia da empresa. Ah e minha esposa por sinal, doutora Lana.

Meu coração dá um salto.
O nome ecoa na minha mente como um alerta, e eu sinto que algo não está certo. Meu chefe me apresenta a Lana, que parece um pouco incomodada, forçando um sorriso.

— Oi, prazer.— murmuro, admirado. — Seu nome é Lana?

Ela não responde. Apenas olha para meu chefe e diz que tem uma reunião e que precisa sair. E com isso, ela se vira e vai embora, levando consigo a resposta que eu tanto busco.

Lana Mendel

Saio da empresa em um turbilhão de emoções. Sinto que Matthew está me seguindo, e isso me deixa nervosa.

— Por que você está me evitando? — ouço sua voz atrás de mim, enquanto ele segura meu braço com firmeza.

— Eu não estou te evitando, — respondo, tentando soar natural.

Ele balança a cabeça, a frustração evidente em seu olhar.

— Seu nome é Lana, e eu lembro de, involuntariamente, ter falado seu nome uma vez. — ele da uma pausa. — E você me chamou de Matthew uma vez. Você deve saber de algo.

— Primeiro que eu nem te conheço direito, segundo que eu tenho a certeza que não te chamei por essse nome ai. Agora pelo amor de Deus, me deixe em paz.

Solto meu braço e por impulso dou um passo a frente pra ir embora.
Porém não vi que vinha um carro em alta velocidade, mas por minha sorte Matthew segura meu braço e me puxa de volta pra calçada.

— Você está bem?

Fico parada, sem dizer nada, apenas aceno com a cabeça.
Nossos rostos estão tão próximos que consigo sentir sua respiração em minha boca.
Nesse momento, uma mulher linda se aproxima. Cabelos negros, meio ondulados, e olhos verdes que brilham intensamente.

Priscilla

Ela toca de leve no ombro de Matthew e pergunta, com um tom suave.

— Algum problema, meu amor?

Sinto um frio na barriga ao ouvir isso.

Matthew nega e se afasta, explicando que estava apenas conversando com a nova sócia da empresa, mas que já estava de saída.

Priscilla sorri.

— Ah é um prazer.— Priscilla estende sua mão e eu apenas finjo um sorriso.

— Bom, eu preciso ir. Tenham um ótimo dia.