Capítulo 23

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TIMOTHÉE

Já era domingo, e eu estava a caminho da casa dos meus pais. A ansiedade martelava na minha cabeça, algo que eu nunca tinha sentido ao levar alguém para conhecê-los. Nunca antes, nem com a Lilly, que, mesmo tendo sido algo natural, me deixou tranquilo por saber que minha família a aprovaria de imediato. Mas com a Nati... era diferente. Não era nem questão de achar que meus pais não gostariam dela, era o simples fato de que eu realmente queria que eles gostassem. Eu queria que ela fosse bem recebida, que minha mãe visse nela a pessoa certa, que meu pai aprovasse, que tudo fluísse sem tensão. Eu sabia que ela era incrível, mas... e eles? Eu tinha que ter certeza de que tudo ia ficar bem.

Quando chegamos na casa dos meus pais, minha mãe estava na porta. Eu respirei fundo, segurando a mão de Nati com um pouco mais de força do que o normal, quase como se tentasse me garantir que isso ia dar certo. Ela me olhou, sentindo a tensão no ar, mas me deu um sorriso reconfortante, que fez minha respiração relaxar um pouco.

— Timmy, filho, que bom que lembrou que tem família — minha mãe disse, me abraçando com força, como sempre fazia. Mas logo se afastou, olhou para Nati e a avaliou com um sorriso caloroso, perguntando: — E essa moça linda, quem é?

— Mãe, essa é a Nati... Natalie — falei, ainda segurando a mão dela.

Minha mãe imediatamente a abraçou, se apresentando para ela com um sorriso simpático, e eu senti uma leve tensão sair do meu corpo. Mas ainda estava nervoso. Meu pai logo apareceu na sala, se aproximando para me cumprimentar com um abraço apertado. Eu apresentei Nati a ele e ele, educado como sempre, apertou a mão dela com um sorriso acolhedor. Aquelas primeiras interações, as mais formais, estavam acontecendo e não pareciam tão complicadas, o que me fez relaxar um pouco.

Nos sentamos no sofá e minha mãe começou a bombardear perguntas sobre meu trabalho. Ela estava curiosa sobre como andavam as gravações e a rotina de trabalho. 

— Como estão as gravações, filho? — minha mãe perguntou, olhando com interesse. — E aquela cena da briga, você se machucou de novo?

— Não, mãe, dessa vez eu não me machuquei. Mas está sendo bem intenso. São dias longos e a gente vai até altas horas. Eu gosto, sabe, é o trabalho, mas cansa — respondi, sorrindo um pouco, tentando mostrar que estava tudo sob controle.

Ela acenou com a cabeça, satisfeita com a resposta, mas logo virou-se para Nati, parecendo ansiosa para saber mais sobre ela.

— E você, querida, o que faz da vida? — ela perguntou, com um sorriso gentil.

Nati olhou para mim antes de responder, dando um sorriso tímido.

— Eu estudo Literatura na UCLA — disse, com a voz suave, mas confiante.

— Ela também trabalha em uma linda biblioteca no campus da UCLA — disse, olhando para Nati com um sorriso.

Ela me olhou, um pouco desconfortável, e corrigiu:

— Na verdade, eu não trabalho mais lá... — disse, ficando em silêncio, e eu percebi na hora que tinha tocado em algo delicado.

Fiquei confuso, tentando entender.

— O que aconteceu? — perguntei, a preocupação passando pela minha voz.

Ela hesitou por um momento, como se estivesse pensando no melhor jeito de explicar.

— Eu fui demitida... depois de... das faltas por que não estava bem...— ela parou de falar, claramente constrangida.

Minha mãe, percebendo o clima tenso, rapidamente tentou suavizar as coisas.

Wildest Dreams - Timothée ChalametOnde histórias criam vida. Descubra agora