12 - On the Road

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Se a algumas semanas eu não sabia o significado de "estado de choque", tenho certeza de que agora eu sei.

Não consigo mover um músculo enquanto observo uma Lauren encharcada com o sangue do homem que acabei de matar. Ela empurra o corpo, fazendo-o rolar e distribuir gotas de sangue com o movimento.

— Você tem noção de que, se soubesse atirar decentemente, teria feito um colatero? — Pergunta ela, sentando-se enquanto limpa o sangue grotesco que Mahone deixara em seu braço, ignorando minha mão estendida para ajudá-la.

— Um.. Um o quê?

— Um colatero. — Repete, revirando os olhos. — Quando você atinge duas pessoas com um só tiro. Denomina-se colatero.

Ela termina a frase já de pé, e me sinto minúscula quando seu olhar irritado pousa sobre mim.

— Ah. — Murmuro, entregando a escopeta sem encará-la. Posso imaginar a bronca que está por vir.

— Nunca mais... Nem na menor das hipóteses, na mais perigosa circunstância, nunca, nunca mais faça isso de novo, ouviu?

— Um "obrigada por salvar minha vida" seria o suficiente para mim. — Respondo, mantendo a voz firme.

— Eu não pedi para você salvar a minha vida.

— Mas eu o fiz, eu o fiz, Lauren! — Seguro seu olhar no meu. — E você podia ficar um pouquinho agradecida por isso!

Os lábios dela se separam parcialmente e ela me olha de um jeito curioso, passando o olhar pelo corpo morto próximo a nós.

— Isso é tudo com o que você se importa? — Pergunta, perplexa. — Você acabou de matar alguém pela primeira vez em toda a sua vida, e está preocupada com o meu agradecimento?

— Ele ia te matar. — Murmuro defensivamente. — Foi uma vida por outra, só isso.

Ela solta algo que não é exatamente uma risada.

— A vida dele não valia menos do que a minha.

— Para mim valia. — Dobro meus dedos em punhos, apertando minhas unhas nas palmas de minhas mãos. — Você não entende, não é, Lauren? Você não pode simplesmente morrer do nada. É a única pessoa em quem eu cofio agora.

— Isso não é verdade. Você confia em Dinah.

— Dinah não vai viajar comigo. Dinah não salvou minha vida. Eu tenho muita simpatia por ela, sim. Ela me ajuda sempre que possível, mas... — Tusso um pouco. — É diferente.

Lauren deixa de me encarar.

— Você não deveria confiar em mim.

— Mas eu confio. Não importa o que você pensa.

— Claro. Nada em que eu opine faz diferença para você.

— Simplesmente porque você não me escuta! — Digo, e minha voz sai um pouco estridente. — Não tem cabimento, Lauren. Você está discutindo comigo porque salvei sua vida!

— Coloque uma coisa em sua cabecinha, Camila. — Ela diz entre dentes, se aproximando e tocando minhas têmporas levemente. — Eu protejo você. Não o contrário.

— Mas e quanto a você? E você, Lauren?! — Bufo. — Você não é indestrutível, sabia? E quando precisar de proteção? Quem vai estar lá por você?

— Eu não preciso de proteção. — Diz, se afastando.

— Mas e se eu quiser proteger você?

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