13 - Preparations

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— Vocês ainda não me disseram o que esse festival tem a ver conosco. — Digo, segurando as jaquetas de Vero e Lauren enquanto elas procuram por alguma peça que as agrade no imenso catálogo.

O prédio não é apenas um estacionamento, como eu pensara; há de tudo aqui: hotéis, supermercados, áreas de lazer, lojas de qualquer tipo de produto que se pudesse imaginar. Um exemplo é a que estamos agora, uma charmosa boutique no segundo dos - supostamente, com base na extensão de altura - sete andares espalhados pelo imenso prédio. A loja é comprida, com tons de vermelho e dourado enfeitando-a.

— Bom, eu devo um racha à Vero. — Responde Lauren, mordendo a ponta da caneta que usa para marcar no tablet em seu colo os produtos que quer adquirir. Os catálogos são todos tecnologicamente produzidos. Basta marcar uma peça de roupa e aguardar alguns minutos, para que ela apareça na Roupagem. É uma maquina grande, parecida com uma máquina de lavar, porém com uma função imensamente diferente. Mais um dos aparelhos incrivelmente artificiais com os quais fomos acostumados a viver. — E, se eu competir no festival e conquistar ao menos o terceiro lugar, eu posso ficar com uma das motocicletas. Logo, faremos um racha e tudo estará resolvido. — Completa, dando de ombros. Desde que chegamos aqui ela parece mais relaxada. É como se o lugar a fizesse bem.

— Eu ainda acho que seria mais fácil se ambas competirmos. — Argumenta Vero, que já tirou mais de onze peças de roupa e não se satisfez com nenhuma. — Vai ser como se estivéssemos no racha, então, qual a diferença?

— A diferença é que eu levo Motocross a sério. — Lauren ergue uma sobrancelha. — Rachas são para serem divertidos. Aqui não. Aqui é para ganhar.

— Imagino que você já tenha feito isso antes? — Murmuro, pegando mais uma das peças de roupa que Verônica rejeita.

— Claro que sim. — Diz a de olhos verdes, orgulhosa. — Esta que vos fala é a mulher mais jovem a ganhar seis festivais nos últimos dezoito anos.

— Não vai ser difícil conseguir a moto, então.

— Não é questão de conseguir. — Minha testa franzida a faz querer formular melhor a resposta. — Eu não gosto só de ganhar. A competição em si é uma experiência incrível.

— Que frase de perdedor mais cliché, Laur. — Ri Vero, entrando em um dos provadores.

— Não é frase de perdedor se eu sei que vou ganhar. — Responde a outra, repetindo o tom egocêntrico que usara no carro. Lauren pega a roupa que escolheu e direciona-se a um provador também. Aguardo sentada em um banquinho próximo à Roupagem. Verônica sai primeiro, seguindo para o espelho de corpo inteiro no centro da loja.

— O que acha? — Pergunta, rodopiando. Acho graça, mas me sinto surpresa com a pergunta.

— Por que, isso importa?

Verônica abre a boca, para logo depois balançar a cabeça e soltar um silvo.

— Ah, okay, entendi. Gene B. Eles não perguntam opiniões, já que não podem ser persuadidos. Certo, certo. Bem, Genes A podem ser persuadidos. — Ela cruza os braços. — Então, caso você diga que essa roupa me dá setecentos quilos a mais, eu posso vestir outra.

— Como uma roupa te daria setecentos quilos a mais? — Provoco, estampando um sorriso brincalhão nos lábios.

— É uma hipérbole. — Revira os olhos.

— Tá bem... — Murmuro, com as mãos sob o queixo, avaliando sua vestimenta. Um vestido azul royal, até os joelhos e com as mangas nos ombros. Tem a cintura marcada uma gola baixa, mas sem decote. Eu não teria imaginado Verônica usando algo tão classy quanto isso, entretanto o vestido não deixa de se encaixar perfeitamente nela. Em seus pés, um salto alto da mesma cor, com uma espécie de tornozeleira num tom vermelho escuro, assim como o botão da única pulseira - ou melhor, comunicador - em seu braço. Se o vermelho do sapato não fosse notável, ela seria facilmente confundida com uma Gene B. — Eu adorei.

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