16 - Unknown

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"Nós.

(latim nos, nostrum ou nos, nostri)

Pronome pessoal de dois gêneros.

1. Pronome pessoal sujeito correspondente à primeira pessoa do plural.

2. Pronome usado como plural majestático ou plural de modéstia, em vez de eu, muitas vezes com inicial maiúscula."

Para algumas pessoas, especificamente os Genes B, pode ser um pronome normal, utilizado casualmente. Mas não é assim que as coisas funcionam com os Genes A.

Me lembro de ter lido, em algum livro de línguas, como os Genes A refletem seus sentimentos em palavras.

"Palavras são como armas para pessoas com sentimentos. Genes A são imprudentes, mas isso não os torna inatingíveis. É incrivelmente essencial saber como lidar com as palavras em um diálogo com eles. Algumas palavras podem passar sinal de afeto."

O fato é que, quando você é uma Gene B de oito anos que acredita em uma sociedade perfeita, e que nunca terá contato com Genes A, você não dá tanta importância para isso.

Nós é uma palavra que pode passar sinal de afeto.

Quando um Gene A se refere a si mesmo e a outro alguém com "a gente", são duas pessoas separadas, no entanto, com algo em comum. Quando um Gene A utiliza "nós", transforma essas duas pessoas em um conjunto.

Eu poderia usar a desculpa de que, por conta da minha criação, eu utilizei a palavra casualmente; mas não seria verdade; nem eu sei se Lauren e eu temos simplesmente algo em comum ou se somos um conjunto.

E talvez, só talvez, a resposta me assuste.

Suspiro, fechando os olhos para pensar melhor. Faltam sete minutos para que meu tempo de banho acabe e os sais parem de limpar minha pele.

Lavo meu rosto, sentindo minha pele mais macia. Eu estava exausta.

Espero o tempo acabar, e pego a toalha limpa que Beatrice me emprestou.

Visto um vestido vermelho que ela separou para mim, um pouco mais justo do que eu gostaria.

Saio do banheiro, encontrando Dinah encostada na parede próxima a porta com uma expressão um tanto quanto chateada. Eu a entendo; Vero e Lucy voltaram para a cafeteria a dois dias, na manhã seguinte a minha conversa com Verônica, Beatrice vai passar o resto da semana indo visitar Jacob a todo o tempo, Lauren e eu viajaremos e ela terá que continuar com a reconstrução do Clube e outros assuntos das Sombras sozinha.

— E então? — Ela sorri, mas não vejo a mesma coisa em seus olhos. — Pronta para a viagem?

— Nem um pouco. — Admito. — Eu provavelmente deveria estar, porque já adiamos bastante mas... Eu não sei. — Passo uma mão pelo rosto. — O desconhecido me deixa um pouco receosa.

— Sério?! — Ela ergue uma sobrancelha, em tom de descrença.

— Sim. Por que a surpresa?

Dinah se aproxima, seria, e segura meus ombros.

— Preste atenção, okay? — Concordo com a cabeça. — Camila, você é com certeza uma das pessoas mais determinadas que já conheci. Você tem a lealdade de um Gene B e a coragem de um Gene A. — Dinah sorri. — Além disso, o seu sangue é algo desconhecido pelo ser humano a séculos. Não há nada que possa te deixar receosa. Está tudo em suas mãos.

Sorrio, e abraço-a carinhosamente.

— Eu vou sentir muito a sua falta, Dinah. — Digo baixinho, com o rosto afundado em seu busto. — Obrigada, por tudo.

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