---
O quarto ficou em silêncio. Júlia sentiu o coração martelando no peito, a pergunta de SN ecoando em sua mente. Ela podia fugir, dizer que tudo era uma brincadeira ou desviar o assunto, como fazia sempre. Mas algo nos olhos de SN a fez perceber que talvez, só talvez, aquela fosse a chance que ela tanto temia, mas também desejava.
"Eu arriscaria... se achasse que a pessoa vale a pena", respondeu Júlia, sua voz um pouco trêmula, mas firme o suficiente para carregar o peso do que sentia.
SN ficou quieta, apenas olhando para ela com uma intensidade que Júlia não estava acostumada. Ela nunca vira SN assim antes. Normalmente, ela era o furacão, a explosão de energia e alegria. Mas agora, parecia vulnerável, quase como se estivesse esperando por algo.
"O que você faria... se eu te dissesse que... tenho pensado muito em alguém ultimamente?", SN murmurou, sem desviar o olhar.
Júlia prendeu a respiração. Era agora. Seu segredo estava prestes a explodir, e o medo de ser rejeitada pesava sobre seus ombros. Mas SN, sempre corajosa, estava dando o primeiro passo, e ela sabia que devia fazer o mesmo.
"Eu te diria que talvez... eu também tenha pensado muito em alguém", Júlia confessou, baixando o olhar por um momento, com medo da reação.
SN sorriu suavemente, como se as peças do quebra-cabeça finalmente estivessem se encaixando. "E se essa pessoa for... você?"
O tempo parou. Júlia sentiu a garganta secar, suas mãos suarem. Tudo que ela tinha guardado, todas as palavras não ditas, os olhares furtivos, as noites pensando em como seria estar ao lado de SN, agora estavam ali, diante dela.
"Eu diria que... também sou apaixonada por você", Júlia finalmente disse, sua voz quase um sussurro.
SN não hesitou. Ela se aproximou, sentando-se ao lado de Júlia e tomando sua mão com delicadeza. "Por que demoramos tanto para falar isso?"
Júlia soltou uma risada nervosa, sentindo o alívio tomar conta de si. "Acho que a gente estava com medo de estragar o que tínhamos."
"Mas agora que sabemos... não quero mais segurar isso", SN disse, sua voz suave, mas cheia de certeza.
O momento parecia surreal. Júlia se inclinou, fechando os olhos por um segundo antes de sentir os lábios de SN encontrarem os seus. Era um beijo suave, cheio de todas as palavras que elas nunca disseram, de todos os olhares que trocaram em silêncio. Naquele momento, nada mais importava além delas.
Quando se separaram, SN sorriu, o brilho habitual voltando aos seus olhos. "Então, como vai ser daqui pra frente?"
Júlia sorriu de volta, sentindo-se leve, como se o mundo tivesse finalmente se ajustado ao lugar certo. "Acho que agora podemos parar de nos esconder."
SN riu, aquela risada familiar que sempre fazia o coração de Júlia bater mais rápido. "Gostei disso. A gente merece ser feliz."
E elas mereciam. Depois de tanto tempo guardando seus sentimentos, o futuro parecia brilhante e cheio de possibilidades. A amizade, que antes já era forte, agora se transformava em algo ainda mais belo e profundo.
Naquela noite, ao se deitarem, não havia mais segredos entre elas. Apenas o conforto de estarem juntas, sabendo que, a partir daquele momento, não precisariam mais esconder o que sentiam.
E, pela primeira vez em muito tempo, Júlia dormiu com um sorriso no rosto, com SN ao seu lado, onde sempre deveria estar.
---
Fim
---
Esse final mostra como o medo de se abrir pode ser superado quando há confiança mútua, e como isso pode trazer uma felicidade inesperada e completa!
