Olivia caminha pelas ruas do centro, segurando uma pequena pilha de currículos que ela mesma imprimiu. Ela veste um moletom amarelo, que talvez esconda um pouco seu corpo magro, e um jeans desgastado, refletindo tanto seu estilo descontraído quanto a falta de condições para comprar roupas novas. Nos pés, um par de tênis bem usados, com marcas de tempos difíceis e quilômetros percorridos.Apesar de seu cabelo longo, ela prende de forma simples, talvez em um coque bagunçado ou em uma trança apressada, só para não incomodar enquanto anda. Os olhos cansados, com aquelas olheiras profundas, revelam o peso das responsabilidades que ela carrega.
Quando chega à floricultura, o contraste é quase poético: o lugar é acolhedor e perfumado, com flores coloridas e a brisa do ambiente parecendo um respiro de paz em meio à rotina pesada. Olivia observa o cartaz de "Estamos Contratando" colado na porta, hesita por um instante, mas toma coragem e entra. Ela segura o currículo com um aperto leve e respira fundo, talvez imaginando que aquele trabalho possa ser uma chance de dar a Oliver uma vida mais tranquila.
Olivia entra na floricultura, os passos mais lentos agora, como se estivesse segurando uma carga invisível sobre os ombros. O cheiro doce das flores a envolve, e ela inspira fundo, quase tentando se desprender um pouco da dor que a acompanha. As cores vibrantes das plantas contrastam com sua expressão apagada, uma mistura de cansaço e expectativa. Cada flor parece brilhar com uma esperança que ela mal consegue alcançar, mas que a faz pensar em um futuro diferente para ela e Oliver.
A dona da floricultura, uma mulher de aparência gentil, percebe a entrada de Olivia e sorri, mas o sorriso é rapidamente trocado por uma expressão de preocupação ao ver a jovem em sua condição. Ela observa o moletom surrado, as marcas dos tênis e o jeito desajeitado de Olivia, como se o peso da vida tivesse deixado suas marcas físicas.
-Oi, você está aqui para a vaga?- a mulher pergunta, sua voz suave, acolhedora.
Olivia, sentindo a tensão em seu peito, assente com um movimento ligeiro, quase tímido. Ela entrega o currículo, os dedos tremendo um pouco.
-Sim... Eu... Eu vi o anúncio e pensei que poderia ser uma boa oportunidade- ela responde, tentando não deixar que a ansiedade transparecesse mais do que já estava.
A mulher dá uma olhada no currículo, mas não fala nada de imediato. A floricultura, com sua aura de calma, parece ser o antídoto perfeito para o turbilhão que Olivia sente por dentro.
Enquanto a dona da floricultura observa o currículo de Olivia, o som suave das folhas sendo organizadas por uma janela aberta é interrompido por passos firmes que se aproximam. Olivia, ainda tensa, sente os olhos de alguém sobre ela antes de olhar para o lado e encontrar um jovem entrando na sala. Ele é alto, com ombros largos que parecem indicar uma presença imponente, mas há algo suave na maneira como ele se move, como se não quisesse quebrar a tranquilidade daquele lugar. Sua pele bronzeada brilha à luz suave da floricultura.
O cabelo dele, longo e castanho, tem mechas loiras que brilham sob a luz, presas em um rabo de cavalo baixo, mas alguns fios escapam, caindo de forma desleixada sobre sua testa. Ele veste uma camiseta simples, mas com um corte justo que destaca sua cintura fina e os músculos discretos dos braços. Quando ele se aproxima, um sorriso amistoso surge, seu olhar se fixa em Olivia, mas o que mais a chama atenção são os seus olhos: um é castanho chocolate, profundo e suave, enquanto o outro é verde, como a grama fresca, vibrante e intensa. A heterocromia de seus olhos cria um contraste intrigante, tornando-o ainda mais fascinante e difícil de ignorar.
-Oi, mãe, já encontrou alguém para a vaga?-, o jovem pergunta com um tom casual, sua voz agradável, como se a rotina no local fosse uma segunda natureza para ele.
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Morte pelos Injustiçados
Fantasy"Olha só para você... O grande valentão, o homem da casa, não é?" ela sussurrou, cada palavra carregada de desdém. "Olha pra sua situação agora. Nem pra se levantar sozinho você serve. Que tipo de pai você acha que é, hein? Que tipo de homem?" . Oli...