Era 3 da manhã quando o silêncio da casa foi quebrado apenas pelo som suave das lágrimas de Olivia. Deitada no colchão auxiliar, ela não conseguia descansar. Seus pensamentos eram um turbilhão. As palavras de Samantha, as revelações sobre sua verdadeira origem, a magia que ela ainda não compreendia e o medo que a assolava faziam com que seu peito ficasse apertado, como se cada respiração fosse difícil. Ela estava imersa em confusão, sem saber se ainda acreditava em tudo aquilo, mas algo dentro de si sabia que a verdade estava ali, em algum lugar, mesmo que não fosse completamente possível enxergar.
Ela não queria acreditar, mas as evidências estavam ali, em sua mente, e nos sentimentos que ela sentia em seu corpo — o poder, a raiva, o medo... e até a estranha sensação de que algo em sua essência estava mudando. Como se seu próprio ser tivesse se distorcido de uma maneira que ela não conseguia controlar. O que ela faria com tudo isso? Como deveria lidar com algo tão... grande?
As lágrimas escorriam pelo seu rosto, sem um som audível, mas com a dor nítida. Ela sentia como se estivesse perdendo o controle, e isso a aterrorizava. Seus pensamentos voltaram a sua infância, a infância roubada pelas mãos cruéis do pai, e o sofrimento constante de sua mãe. A dor de ver Oliver naquela condição, machucado e indefeso, fez seu coração se apertar mais forte.
As lágrimas manchavam seu travesseiro enquanto ela se encolhia, os olhos fechados, tentando encontrar alguma resposta, algum alívio. Mas nada parecia vir.
A única coisa que ela sabia era que, apesar de tudo, ela estava em um lugar seguro agora, longe do caos da sua antiga casa, mas mesmo ali, em segurança, as dúvidas e o medo pareciam não dar trégua. Olhar para o lado e ver Oliver dormindo tranquilamente no sofá ao lado não fazia com que ela se sentisse melhor. Ela estava dividida, perdida. O que seria dela agora?
Luke não sabia como ela se sentia, nem o que realmente estava acontecendo dentro dela. E mesmo que ele quisesse ajudar, ela não sabia nem por onde começar a explicar. A situação parecia demais. Talvez, por um momento, ela precisasse de mais tempo. Mas o que faria com tudo aquilo? Como poderia aceitar o que descobriu sobre si mesma?
Luke estava deitado em sua cama, mas algo o incomodava. O silêncio ao redor da casa parecia pesado, como se algo estivesse fora de lugar. Seus olhos se abriram, e, na penumbra do quarto, ele percebeu que o som suave da noite havia sido interrompido por algo mais... uma leve respiração irregular, um soluço abafado.
O coração de Luke apertou ao perceber que Olivia, mesmo estando ali, parecia completamente sozinha em sua dor. Ele se levantou silenciosamente e foi até o colchão auxiliar onde ela estava deitada. Quando chegou perto, ele a viu com os olhos fechados, mas a respiração pesada, entrecortada por pequenos soluços. O coração dele apertou ainda mais.
Sem fazer barulho, ele se inclinou e tocou de leve o ombro dela. Quando Olivia virou o rosto para olhar para ele, seus olhos estavam marejados, como se ela tentasse segurar suas emoções, mas não conseguisse mais. O olhar de Luke suavizou, e sem dizer uma palavra, ele estendeu os braços, oferecendo um abraço silencioso. Seu sorriso foi gentil, mas com um toque de preocupação e carinho.
Olivia hesitou por um instante, os olhos ainda vidrados nas lágrimas que não paravam de cair. Ela sentia uma dor tão profunda, uma sensação de solidão no meio de tanta confusão, que o gesto simples de Luke fez seu peito apertar mais. Ela finalmente cedeu e, sem dizer nada, se aproximou dele, afundando seu rosto em seu peito e se deixando envolver pelos braços dele.
Luke a puxou para deitar ao seu lado, e ela se aninhou ali, sentindo o calor do corpo dele como um pequeno consolo para o turbilhão de sentimentos que a consumiam. Ela chorou em silêncio, as lágrimas molhando a camiseta dele, mas ela não se importava. Nesse momento, era como se os dois compartilhassem o peso da noite. Ela não sabia se seria capaz de encontrar as respostas que procurava, mas pelo menos, ali, naquele instante, ela não estava sozinha. Luke estava com ela, e isso a fazia sentir um pouco de alívio, ainda que temporário.
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Morte pelos Injustiçados
Fantasy"Olha só para você... O grande valentão, o homem da casa, não é?" ela sussurrou, cada palavra carregada de desdém. "Olha pra sua situação agora. Nem pra se levantar sozinho você serve. Que tipo de pai você acha que é, hein? Que tipo de homem?" . Oli...