respostas

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Na manhã seguinte, a luz suave do sol entrava pela janela da sala de jantar, banhando o ambiente em tons quentes. Olivia estava sentada à mesa com Luke, Samantha e Oliver. Apesar do café da manhã estar servido, Olivia mantinha um semblante sério. Ainda havia muitas perguntas que a atormentavam, dúvidas que precisava esclarecer com Samantha. No entanto, ela não queria que Oliver ouvisse o que seria discutido.

Olivia olhou para o irmãozinho e, com um sorriso carinhoso, perguntou:

— Oliver, você não quer brincar com o Luke na sala? Ele sabe uns truques legais, acho que você vai gostar.

Luke entendeu o pedido imediato por privacidade e, sorrindo para Oliver, levantou-se da mesa, estendendo a mão para ele.

— Vamos lá, campeão. Aposto que você não consegue me pegar — desafiou Luke, piscando para Olivia antes de levar Oliver para a sala, animando-o com a promessa de brincadeiras e distrações.

Assim que eles saíram, Olivia respirou fundo e voltou-se para Samantha, determinada a obter respostas, ela relaxou a expressão tensa por um momento, deixando transparecer uma mistura de curiosidade e vulnerabilidade em seu olhar. Com a voz mais suave, ela perguntou a Samantha, quase como se estivesse buscando uma lembrança perdida:

— Como... como era a minha mãe antes disso tudo? Antes de decidir por esses experimentos? Quando ela escolheu... — Olivia hesitou, a palavra "parasita" pesando em sua mente, mas completou em um tom cuidadoso — ...gerar a mim desse jeito.

Samantha sorriu com tristeza, percebendo a necessidade de Olivia em entender algo tão fundamental. Ela segurou a xícara de chá nas mãos e escolheu bem as palavras.

— Ela era uma pessoa muito especial, Olivia — começou Samantha, a voz carregada de um carinho antigo. — Quando conheci sua mãe, Tina, ela era cheia de vida, generosa e sonhadora. E ela queria muito ter filhos, queria dar ao mundo alguém que faria a diferença. Foi isso que a motivou, mesmo sabendo dos riscos. No fundo, ela acreditava que o que estava fazendo era algo bom, algo que ajudaria o mundo de alguma forma.

Samantha suspirou, com o olhar distante, como se pudesse ver a imagem de Tina em sua memória.

— Mas... ninguém podia prever o quanto isso tudo a afetaria. O processo era experimental, e nem eu sabia como seria o impacto. Eu disse a ela que seria seguro, mas... o parasita mágico drenou mais dela do que esperávamos. De alguma forma, isso moldou a sua própria essência, e com o tempo, foi como se ele tivesse levado algo dela também, tirado parte da sua doçura e leveza.

Olivia ouviu cada palavra atentamente, absorvendo tudo, como se estivesse conhecendo uma nova parte da própria história, ela baixou os olhos, o peso das lembranças se refletindo em seu rosto.

— Eu me lembro um pouco de quando minha mãe ainda era... doce — disse, com a voz embargada. — Ela costumava me dar lírios do vale nos meus aniversários. — Olivia esboçou um sorriso triste, mas logo ele desapareceu. — Mas essa tradição durou só até os meus sete anos. Depois disso, ela... bem, foi como se parte dela tivesse desaparecido.

Ela sentiu as lágrimas formarem um brilho suave nos olhos e piscou, tentando afastá-las, mas uma escapou e correu por seu rosto.

— Eu queria que Oliver conhecesse essa versão dela, sabe? — Sua voz era um sussurro agora, quase trêmula. — Queria que ele tivesse uma mãe que fosse... doce e carinhosa, que não tivesse medo de dar amor a ele.

Samantha escutou, silenciosa, absorvendo cada palavra da jovem à sua frente. Ela podia ver a dor, mas também o desejo profundo de Olivia de proteger o irmão e de dar a ele a infância que ela mesma perdeu.

Morte pelos InjustiçadosOnde histórias criam vida. Descubra agora